Astrologia e política: se misturam ou são coisas separadas?

De previsões de guerras e conselheiros reais ao individual: as duas não podem jamais se desassociar.

Com esse fervor eleitoral, a gente que trabalha com Astrologia e outras disciplinas holísticas temos recebidos dois tipos bem distintos e comuns de mensagens: os pedidos por previsões políticas na Astrologia, e também algumas reclamações de quem consome o conteúdo astrológico e acha que Astrologia não tem que ter a ver com política. E é sobre isso que vamos falar nesta semana. Pois estamos falando, em algum ou vários níveis, de nós mesmos e do que é política.

Antes de ser resumida a um bando de títulos de notícias sem fundamentos e disputas partidárias sem profundidade, política já existia até antes da palavra política. Quando os gregos a definiam, política era tudo que dizia respeito ao que acontecia na polis¸ a cidade. Ou seja, toda e qualquer tomada de decisão, inclusive (e especialmente) individuais que de alguma forma influenciavam no andamento das coisas na cidade (que, depois, veio a ser o Estado).

Quando a Astrologia surgiu, ela era um estudo do movimento do que hoje chamamos de luminares – o Sol e a Lua. Os dois astros visíveis, e que estavam sempre se movimentando. E, de tempos em tempos, esse movimentos foram reconhecidos como cíclicos e definiam as estações do ano. E as estações do ano estavam diretamente relacionada a todas as tomadas de decisões das civilizações primitivas: caçar, se reproduzir, colher alimentos, guardar alimentos. Decisões, portanto, políticas. Mesmo antes das cidades existirem, dos estados existirem. A Astrologia sempre foi uma ferramenta de decisão política.

Quando as grandes civilizações nasceram e floresceram, a Astrologia ganhou um novo rumo político. Aliás, adicionou um novo rumo político. Já com planetas e ciclos documentados, governantes, reis, imperadores, todos recorreram de alguma forma ao movimento das estrelas e à passagem das estações. Sejam para saber quando viria o inverno criptal que enfraqueceria exércitos, até como os ciclos planetários também configurariam ameaças à saúde e integridade dos reis. Se os planetas que representavam os reis estavam em ângulos complicados, as civilizações se protegiam; se os planetas conformavam um cenário favorável àquela nação ou rei, eles iriam em direção às suas cruzadas.

Hoje, muitos séculos depois, a Astrologia ganhou uma nova camada, mas que de forma alguma deixa de ser política – a camada psicológica e individual. Que é exatamente quando estamos ali lendo sobre nosso signo e sobre nosso mapa astral. Quando perguntamos sobre nós e sobre o que pode nos acontecer, estamos justamente fazendo um plano político para nós mesmos. Se observamos comportamentos que desejamos mudar, e fazemos um plano de mudança desses comportamentos, estamos montando uma estratégia política: vamos mudar nosso Estado interno, e interferir no ambiente à nossa volta. Se perguntamos o que podemos fazer para trazer um amor, também estamos montando um plano político – nesse caso, em relação ao nosso alvo romântico, à nossa cruzada romântica.

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E a Astrologia é, como muitos de nós astrólogos sempre dizemos, um espelho do que acontece aqui. E nós, um espelho de lá. Logicamente, existe política intrinsecamente atrelada a tudo isso. Hoje, inclusive, existe um ramo da Astrologia chamada de Astrologia Mundana, que nada mais é do que a análise de aspectos que afetam a coletividade. A exemplo, o dia da eleição foi o dia de Mercúrio estacionado, e as semanas anteriores a ela foram de Mercúrio retrógrado. Especialmente olhando o mapa do Brasil, era esperado, no mínimo, este erro nas pesquisas em relação à realidade: pesquisas são racionais, vem da comunicação da nossa intenção de voto e, assim, são assuntos mercurianos, o planeta que rege tudo isso. Era esperado algum descompasso ali, num ciclo de um Mercúrio especialmente dificultado.

Então, nesse questionamento sobre a Astrologia estar ou não com política, há que se sempre pensar que sim, eles estão sempre juntos. Mesmo porque, se queremos desenhar um novo desenho político para as nossas vidas, seja ele mais progressista ou não, mas que represente a evolução que desejamos para nós, então vamos analisar a Astrologia com viés político, sim. Se manifestamos nossas ideias aproveitando um Mercúrio bem posicionado, estamos usando a influência astrológica para um fim político. Lembrem-se sempre disso, e não só na Astrologia: política está em tudo, e estamos sempre fazendo política, ainda que a ferramenta que usamos não pareça política no primeiro olhar.


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