Assistir vídeos e ouvir áudios acelerados virou uma realidade pra muita gente

Mas o botão de acelerar está dividindo opiniões.

Não basta a polarização política do Brasil nos últimos anos. Agora nos dividimos em dois novos tipos de pessoas: as que acham um absurdo acelerar filmes, séries, aulas e áudios do WhatsApp e as que estão adorando fazer tudo isso.

Ezra Bailey/GettyImages/Reprodução/Netflix

Em tempos de pandemia, plataformas como YouTube, Netflix, Spotify e WhatsApp passaram a oferecer a possibilidade de reproduzir seus conteúdos em velocidade acelerada e muita gente aprovou.

Não que as pessoas vejam graça em assistir os atores falando rápido e com aquela vozinha de 'Alvin e os Esquilos', mas porque elas acreditam que, assim, ganham tempo e podem fazer outras coisas.

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Plataformas como o Instagram ainda não permitem que os vídeos sejam acelerados.

Reprodução

A comunicadora Camila Pons, 31, se acostumou a assistir vídeos acelerados no YouTube e diz até que estranha a voz de alguns youtubers quando coloca na reprodução normal. "Eu gostaria de acelerar também uns videos no Instagram, principalmente IGTV, mas infelizmente a plataforma não disponibiliza essa possibilidade", diz. Para ela, assistir um só vídeo de 30 ou 40 minutos é muito tempo. "Ao acelerar, eu vejo esse vídeo pela metade do tempo e ainda posso assistir mais alguma outra coisa que tenho interesse."

Mas Camila tem seus limites: nada de acelerar séries, filmes ou podcasts. "Já um vídeo no YouTube sobre pintar uma parede é uma distração ou uma forma de aprender algo prático, e pode ser mais rápido."

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Acelerar um áudio de dois minutos no WhatsApp parece fazer algum sentido. Ou um tutorial no YouTube. Você só está ali pela informação, não para contemplar a direção de fotografia. Quando o assunto é acelerar um filme, tudo fica mais complexo.

Reprodução/Netflix

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Quem sai ganhando? As próprias plataformas.

Para Anna Bentes, doutoranda em Comunicação e Cultura que investiga os processos da economia da atenção, a ferramenta de acelerar conteúdos no WhatsApp e nas mais diversas plataformas mostra um paradoxo. "Por um lado, ela é anunciada como algo que promete ajudar na autogestão da nossa atenção, economizando nosso tempo; por outro, ao economizar o tempo do usuário quando recebe mensagens longas, a plataforma implicitamente pretende abrir mais tempo para o consumo de outros conteúdos no próprio aplicativo”, explicou em um artigo publicado pelo MediaLab, laboratório experimental da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

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Acelerar ou não? Fica aí a questão.

Reprodução/Tenor

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