14 perguntas e respostas sobre terapia e saúde mental

Com ideias, sugestões e caminhos para você que está procurando como se cuidar respondidas por uma especialista em saúde mental.

A Camila Costa, terapeuta ocupacional especializada em saúde mental, respondeu perguntas sobre ansiedade e saúde mental no grupo do BuzzFeed Brasil no Facebook. Nós separamos as algumas respostas neste post.

Algumas questões e respostas foram adaptadas por questão de tamanho e/ou clareza.

Antes disso, lembramos que você sempre pode pedir ajuda, seja para amigos, para familiares, para especialistas, no posto de saúde, no pronto socorro ou no Centro de Valorização da Vida, ligando gratuitamente a qualquer dia ou hora para o 188.

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1. Eu morro de vergonha de fazer terapia, embora reconheço que preciso muito. Uma das coisas que tenho duvida é como que começa uma conversa na terapia? É tipo médico, que eu já entro dizendo o que tenho?

"A terapia é da 'maneira como você quer'. Um profissional sério não vai forçar, nem fazer nada com o qual você se sinta desconfortável. É importante que você se sinta acolhida e aí então consiga abordar suas questões com maior facilidade".

2. Quando saber que você precisa fazer terapia?

"Só de você considerar terapia já é um indicativo de que algo te incomoda, concorda? A questão é que hoje existem algumas opções, tem gente que não curte muito psicólogo e parte pra medicina oriental, tem gente que já não gosta e opta por terapia em grupo. Depende do caso".

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3. Existe alguma coisa que a pessoa possa fazer sozinha caso não possa arcar com terapia, mesmo sabendo que precisa?

"Existem serviços do SUS que atendem, faculdades de psicologia que oferecem o serviço gratuito ou com custo bem abaixo do mercado. De qualquer forma, fazer coisas que nos fazem bem é uma maneira de se cuidar também, exercícios físicos, por exemplo. Hoje tem alguns aplicativos também que ajudam, trocar experiências com outras pessoas, há lugares que fazem eventos de yoga e terapias holísticas gratuitas também".

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4. Eu sei que é uma pergunta clichê, mas o que fazer quando você está no meio de uma crise? Já tentei respirar fundo, escutar música, mas isso me deixa mais estressada e eu sinto que minha ansiedade volta pior.

Procurar uma estratégia que funcione para a crise pode ser um 'desafio', porque nem toda estratégia funciona com todo mundo. Tem gente que se sente melhor ouvindo uma música, tem gente que se sente melhor dando uma caminhada, ligando pra algum amigo. De uma certa forma, a gente vai tentando achar aquilo que nos acalma. Uma coisa que pode te ajudar, é você procurar trocar experiências com quem tem ansiedade. E tem outra coisa, crise é um processo, não é só quando a gente tá com sintomas físicos, que poderiam ser o 'ápice' da crise, digamos. O ponto é que a gente pode procurar também coisas que nos ajudem a identificar quando uma crise vem e formas de não deixar chegar ao 'ápice'".

5. Eu preciso de ajuda, mas não sei como pedir.

"Às vezes não é fácil mesmo pedir ajuda, mas, pelo menos inicialmente, procure alguém mais próximo e que você confie. Troque experiências com outras pessoas pois a gente não precisa enfrentar o mundo sozinha <3".

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6. Faz mal tomar remédios para toda a vida?

"Todo remédio psiquiátrico tem seus efeitos colaterais, independente do tempo que você toma. O que acontece é que hoje existem outras formas de cuidar desses e de outros problemas para além da forma medicamentosa. Não sei se você ja é envolvida com alguma delas, mas muita gente tem se beneficiado com tratamentos alternativos como áurico e acupuntura, é o que eu indicaria. E terapia, se você ainda não faz. E claro, ir acompanhando com o psiquiatra e mostrar que você tem interesse de diminuir os medicamentos. Tem alguns estudos e métodos trabalhando com isso atualmente".

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7. O que fazer quando chegamos em um ponto onde tudo parece estar fora de ordem? Família, amor e trabalho?

"Acho importante que se procure pontos de suporte, principalmente se temos dificuldade de nos organizarmos sozinhos e dificuldades em lidar com as coisas do nosso dia a dia. Não sei qual é o caso específico, pois tem muita coisa que está fora do nosso controle, mas algumas coisas podem ser feitas. Pensar em estratégias (com ou sem ajuda) é importante".

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8. Como sugerir que outra pessoa faça terapia?

"É difícil porque terapia pode ser uma coisa bem incomoda. É importante a outra pessoa reconhecer que tem algo errado. A partir daí, é procurar qual forma ela se identifica mais para se cuidar, mesmo que não seja no tradicional consultório".

9. Vamos supor que uma pessoa tenha passado por um trauma, existe um tempo máximo pra procurar terapia pra esse trauma não deixar sequelas?

"Depende do evento, do significado, da pessoa, etc. O que a gente pode fazer é se cuidar e se fortalecer para poder enfrentar com mais facilidade. Um trauma também não necessariamente deixa sequelas. Como eu disse, depende de alguns fatores. É importante sim a gente ter suportes em nossa vida".

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10. Queria saber por que eu sinto vontade de fazer as coisas, mas não consigo levantar e fazer? Ao invés disso, fico pensando em como seria fazer a tarefa e tem vezes que me contento e outras que fico chateada. Vai desde arrumar um armário de roupas até deixar de falar com as pessoas.

"Não tem como eu afirmar com certeza, mas pelo que você descreve parece um estado depressivo. Tem a auto-sabotagem também, que aparece não necessariamente junto com esse estado. É importante investigar, viu? Com que frequência esse comportamento permanece, se ele pode estar relacionado com alguma situação da sua vida, entre outras coisas".

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11. Existe errado na hora de procurar terapia? Fui por algum tempo numa psicóloga e parei, mas agora as coisas estão um pouco piores e estou considerando ir a um psiquiatra.

"Não existe errado ao procurar uma terapia, contando que o terapeuta em questão não seja um parente seu e não atenda ninguém que você tenha algum vínculo. Acho que é importante você pensar no que você quer ao buscar o profissional, porque um psiquiatra trabalha com medicação, e na imensa maioria dos casos, medicação sozinha não ajuda. Pode ser que em seu caso não seja necessário o uso de medicação".

12. Sobre complexo de inferioridade: como se sentir menos inferior que os outros e merecedora das coisas boas que acontecem? E por que uma eterna cobrança interna ocorre? Como parar com isso?

"Infelizmente não há uma receita de bolo pra vencer isso :/ Cada pessoa trabalha isso internamente de um jeito e depende da forma como escolhe cuidar. É um processo complexo. O que facilita é a gente realmente se cuidar, estar em terapia, trabalhar no autoconhecimento, na busca de estratégias e, claro, na origem desse complexo".

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13. Sobre depressão: existe cura real, como se a pessoa nunca tivesse passado por isso, ou a pessoa só aprende a lidar com as crises?

"De novo, depende da pessoa! De como sua relação com o problema (ou os) fica, se ela se fortalece para enfrentar possíveis situações futuras, se a pessoa se cuida, entre outras coisas".

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14. A partir de qual momento a pessoa deve migrar do psicólogo pro psiquiatra?

"Geralmente não se substitui um pelo outro, é concomitante. São propostas diferentes. O profissional e o paciente podem definir isso junto, mas um não precisa esperar o outro para levantar a possibilidade".

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