Mulheres que 'namoraram' homens mais velhos na adolescência e perceberam anos depois que eles eram predadores compartilharam suas histórias

"Quando recebia atenção de homens mais velhos, me sentia validada. É triste perceber que minha autoestima estava tão conectada à aprovação masculina."

Aviso: Este post aborda temas como abuso sexual, estupro, abuso de drogas e violência doméstica.

Seja por meio da família, de amigos ou da mídia, meninas aprendem que o seu valor próprio está relacionado à atenção masculina. Além de ser nocivo em vários sentidos, isso sobretudo dá poder a homens mais velhos para que, assim, possam namorar adolescentes vulneráveis e influenciáveis.

Oprah shakes her head
Oprah shakes her head

Harpo Productions / CBS / Via giphy.com

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Por ser normalizado, pedimos para as mulheres da Comunidade BuzzFeed que já "namoraram" homens mais velhos na adolescência e, mais tarde, perceberam que eles eram predadores, compartilharem suas experiências. Mais de 300 mulheres responderam. Aqui estão algumas histórias:

1. "Aos 14 anos, eu participava de uma peça no teatro local. Nosso diretor de cena tinha 25, e eu era super apaixonadinha por ele. Ele era casado, mas começou a me dar muita atenção. Começamos a escapar para o bar e roubar bebidas. Na última noite de apresentação, ele me abraçou e me beijou. Fiquei completamente caidinha. Na produção de teatro seguinte, ele chegou em mim no primeiro dia de ensaios e me disse como só pensava em mim e não conseguia se concentrar em mais nada. Uma das mães do grupo de teatro o denunciou, e ele nunca mais falou comigo. Nada aconteceu com ele, e eu fiquei de coração partido."

an empty theater
an empty theater

Niserin / Getty Images/iStockphoto

"Agora, depois de adulta, percebo como o comportamento dele foi inapropriado em vários níveis." —Anônimo, Alemanha

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2. "Ano passado, quando eu tinha 17 anos, um homem me adicionou no Snapchat. Nós começamos a conversar, e ele parecia legal, mas hesitou para me dizer a sua idade. Quando comecei a perguntar de maneira mais agressiva, ele disse que tinha 26 anos. A diferença de idade pareceu um pouco estranha, mas ele era fofo, então deixei para lá. Um dia, ele me ligou e disse que estava mentindo e que, na verdade, tinha 30 anos. Esse foi o primeiro sinal de alerta, mas eu ignorei. Em seguida, ele começou a me mandar mensagens e me ligar ao longo do dia, mesmo quando ele sabia que eu estava na escola. Quando falei a ele que não gostava disso, ele disse que eu estava sendo egoísta e que tinha medo de que eu falasse com outros caras. Depois de um tempo, não aguentei e o bloqueei. Então, ele começou a me ligar de telefones desconhecidos e fazer os amigos dele me perturbarem para que eu o desbloqueasse. Ele sempre dizia que eu era diferente e que nunca tinha se conectado com uma mulher da idade dele. Por que será?"

the Snapchat app on a mobile smartphone
the Snapchat app on a mobile smartphone

Stockcam / Getty Images

"É claro que ele não mudou nada. A parte mais assustadora foi quando eu o bloqueei pela segunda vez. Ele tinha três números diferentes, sabe-se lá por quê, e eu bloqueei todos. Ele me ligou de cinco números diferentes e não desistiu até que eu ameaçasse chamar a polícia. Ele era manipulador e bizarro." —Anônimo, EUA

3. "Eu tinha acabado de fazer 18 anos e sair do ensino médio quando conheci um homem 12 anos mais velho do que eu que tinha uma loja de arte. Ele me elogiou, disse que eu era muito esperta, madura, 'diferente das outras garotas', e eu acreditei nele. Nós dormimos juntos dois dias depois de nos conhecermos, e eu achei que era amor de verdade. Ignorei todos os sinais de alerta. Dois meses depois, fiquei grávida. Fiquei empolgada, ele também, a família dele também... A minha ficou morta de vergonha. Ele me manipulou para que eu pensasse que minha família tinha ciúmes do nosso relacionamento e me fez ficar contra eles. Também falou que meus amigos, que estavam preocupados, não eram amigos de verdade e que não entendiam como ele era um gênio das artes, então acabei me afastando deles também. No final das contas, fiquei sozinha. O abuso evoluiu para agressão física, mental, financeira e emocional. Depois de alguns anos, ele foi preso por passar o dia inteiro me batendo. Eu ganhei a guarda integral do meu filho e, depois, conheci um homem incrível que o adotou como se fosse seu próprio filho."

an open sign on a local shop window
an open sign on a local shop window

Suwaree Tangbovornpichet / Getty Images / iStockphoto

"Eu ignorei o fato de ele morar em um apartamento sujo, que tinha até cocô de cachorro no chão, onde menores de idade fumavam maconha. Ignorei como ele enganava os clientes e pegava atalhos nos projetos deles. Ignorei o sinal de alerta quando ele disse que não queria usar preservativo.

A primeira vez que ele gritou comigo foi em um restaurante, porque eu queria pedir espaguete em vez do que ele queria que eu pedisse. A primeira vez que ele me bateu foi em um sinal vermelho com nosso bebê recém nascido e a filha dele de sete anos. Até onde sei, meu ex estava com uma menina 20 anos mais nova. Ela, por sorte, percebeu que ele era um predador e terminou com ele.

Meu marido e eu ensinamos para nossos filhos sobre todos os sinais alertas em relacionamentos e como predadores manipulam as pessoas. Espero que nunca passem pelo mesmo que eu passei." —Anônimo, EUA

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4. "Eu tinha 14 anos quando um cara de 22, que trabalhava no fliperama do shopping que meus amigos frequentavam, começou a me paquerar. Todos meus amigos achavam ele legal, então eu também queria ser aceita por ele. De início ele me deu atenção, me fazendo sentir parte do grupo. Em seguida, ele voltou atrás e começou a fazer comentários sobre o que ele achava legal. Comecei a fazer essas coisas para me sentir incluída e, não somente ele começou a me incluir de novo, como também começou a demonstrar 'interesse' em mim. Como uma excluída e a ovelha negra da família e da escola, isso importava muito para mim. Depois, ele começou a me pressionar de maneira romântica e sexual. Hoje em dia, ele está preso por abusar sexualmente de duas meninas da minha idade na mesma época que ele fazia isso comigo."

an arcade
an arcade

Image Source / Getty Images/Image Source

"Eu não percebi na época, mas, depois de anos de terapia, me dei conta do que ele estava fazendo." —Anônimo, EUA

5. "Eu era uma universitária de 19 anos, e ele era um político de 31. Para mim, a maior bandeira vermelha foi que ele não tinha amigos da sua idade e só namorava universitárias. Eu deveria ter percebido que ele ficava intimidado e se sentia ameaçado por mulheres da própria idade. Ele começou a me levar a lojas de joias para comprar anéis de noivado antes de eu sair da cidade para um estágio de verão. A distância me fez ver esses alertas mais claramente, então terminei com ele. Ele dirigiu até a cidade onde eu estava e me prendeu no seu quarto de hotel por um sinal de semana. Ele me presenteou com lingerie e tentou fazer sexo comigo. Ele não me deixava sair de vista para contatar alguém (não tínhamos celulares na época). Quando o final de semana acabou, ele me deixou a contragosto na acomodação do estágio. Eu devia ter ligado para a polícia, mas não tinha sido estuprada ou machucada, só queria me livrar dele de uma vez."

a hotel hallway
a hotel hallway

Enes Evren / Getty Images

"Ele ainda trabalha na política e se casou com uma mulher com uma filha adolescente." —Anônimo, EUA

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6. "O cara mais velho que namorei tinha 27 anos, e eu, 16. Diversos fatores tornavam esse relacionamento pouco saudável, mas, alguns anos atrás, percebi continuo carregando o trauma daquela época. Ele não só ficava sempre repetindo como queria que eu tivesse filhos com ele, mas também agia como se fosse meu cafetão. De maneira manipuladora, ele dizia que eu não queria fazer nada por ele. Eu não trabalhava, então não dava dinheiro para ele. Por isso, ele dizia que eu não era o suficiente. Ele me pressionava. Eu resistia e ria. Ele me exibia para amigos e primos. Alguns deles já estavam na vida. Avaliando o interesse ou algo assim? A parte mais surreal é que eu nunca tentei parar isso. Nunca caí na real e quis ir embora. Só fiquei com outro cara por estar cansada das traições. Ainda não recuperei minha autoestima."

"Namorei vários caras adultos durante o ensino médio. Homens mais velhos sempre se interessaram por mim, enquanto os meninos da minha idade não me davam bola. Eu não era uma adolescente magrinha, tive curvas desde cedo. Nunca me senti bonita, atraente ou desejada por alguém da minha idade. Quando isso ocorria com homens mais velhos, me sentia valorizada, como se finalmente tivesse sido reconhecida.

É triste perceber como a minha autoestima estava relacionada à aprovação masculina. Só agora estou conseguindo aceitar que a maior parte dos meus relacionamentos foi com abusadores e pedófilos." —Anônimo, EUA

7. "Ele era o assistente do meu treinador de basquete. Conheci o cara quando tinha 15 anos. No meu último ano do ensino médio (eu tinha 17 anos, ele 23), começamos a trabalhar sempre juntos e desenvolvemos um relacionamento. Começou no final da temporada de basquete. Eu mantive segredo. A gente se encontrava em estacionamentos para se pegar. Acabei me abrindo com uma colega muito próxima dele, e ela ficou tão brava comigo que chorou. Ela me acusou de estragar o futuro relacionamento profissional com ele e contou para todo o time. A temporada de jogos já havia terminado, mas isso acabou com meu ano letivo. Todos me odiavam, exceto meus amigos mais próximos, que ficaram do meu lado. Perdi amizades antigas, e até o treinador, que era melhor amigo do assistente, me disse para eu pedir desculpas para meus colegas de equipe. Percebi na época que eu não estava errada, e sim que o assistente tinha responsabilidade pelo que aconteceu. Isso teve um grande impacto em quem sou hoje, já adulta."

a basketball going through a hoop in the school gym
a basketball going through a hoop in the school gym

Vladimir Vladimirov / Getty Images / iStockphoto

"Nós tínhamos acabado de começar a trocar mensagens quando ele começou a sair com outra treinadora que eu conhecia. Nós só conversávamos, mas, uma hora, eles terminaram, e ele me disse que sentia coisas por mim. Lembro que fiquei nas nuvens, pois todo o time de adolescentes tinham uma paixonite por ele. Eu disse a ele que era virgem e que só fazia coisas com namorados, então nunca fizemos sexo.

Ah, e ele não me deixava em paz depois de tudo. Ele me contatava de tempos em tempos quando fui para a faculdade, e chegou até ao limite de tentar me encontrar algumas semanas antes do casamento dele.

Só uma pessoa dessa época pediu desculpas para mim. Mas a pior parte é que quando discuto sobre isso com uma amiga muito próxima da época, que é feminista e solidária, ela ainda diz que eu era madura para a minha idade e que não foi grande coisa. Ainda me pergunto se ela está certa, mas acho que não." —Anônimo, EUA

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8. "Aos 17 anos, trabalhava em um restaurante no shopping. Ele trabalhava em uma loja de música, era entregador de uma floricultura e tinha uma banda. E tinha 27 anos de idade. Ele era tão cool com as a camiseta arregaçada, as tatuagens e os cigarros sem filtro. Fiquei lisonjeada quando fiquei sabendo que ele perguntava de mim e dizia que eu era bonita. Saímos algumas vezes. Ele me dava flores que roubava das entregas que fazia, e eu via shows da banda dele. Ele sempre me dizia que eu era linda e parecia mais nova do que era. Aí, paramos de ter encontros, virou só sexo. Parei de vê-lo depois de uma noite horrível em que descobri que ele usava heroína, o colega de quarto dele tentou me estuprar, e eu fiquei sabendo que ele ficava com meninas da minha idade e mais novas."

flowers at a florist's shop
flowers at a florist's shop

Marioguti / Getty Images / iStockphoto

"Nunca percebi que ele era um predador até chegar aos 30 anos e ter uma filha pequena." —Anônimo, EUA

9. "Eu literalmente não conheço uma garota que não tenha experienciado atenção indesejada de homens mais velhos. Para mim, foi Gavin, que trabalhava no boliche da cidade. Ele tinha pelo menos 18 anos para trabalhar lá e dava muita atenção para mim e para minhas amigas (que tinham de 14 a 15 anos), que todas disputavam. No final das contas, ele gostava de mim, para desprezo da minha amiga, que parou de falar comigo por duas semanas por isso, mas ainda somos amigas hoje em dia, não se preocupe! Ele me chamou para sair e, com isso, quero dizer ir ao apartamento que ele alugava com a namorada. Ela estava no trabalho, então ele colocou um pornô leve. Eu não estava nada confortável, e ele me pediu pra fazer um boquete nele. Lembro que parei no meio, dizendo que não gostei, mas ele insistiu, e eu continuei. Foi horrível. Queria voltar no tempo e me fazer parar. Ele tinha 21 anos, e eu, só 15. Vi ele e a namorada anos depois e me escondi como se fosse a culpada da situação. Isso me deixa triste."

bowling balls line up at a bowling alley
bowling balls line up at a bowling alley

Glasshouse Images / Getty Images

"É triste, porque minhas familiares diziam que tudo que precisamos é a atenção masculina, porque a sociedade diz que é isso que devemos querer, porque eu quis aquilo. Triste demais." —Anônimo, Reino Unido

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10. "Eu tinha 17 anos, e ele 50. Nos conhecemos no trabalho, que era noturno, então ele se oferecia para ir comigo até o carro para garantir que eu chegasse em segurança. Ele era um cara simpático, legal, todo mundo gostava dele, então ninguém achava estranho ele se oferecer para cuidar de mim. Então, ele pediu meu número de telefone para eu avisar quando chegasse em casa e começou a me mandar mensagem o tempo inteiro. Ele levava comida para mim no escritório e me oferecia a jaqueta quando estava frio para me fazer sentir que devia continuar falando com ele. Continuei conversando com esse 'cara legal' que tinha a idade dos meus pais. Em certo momento, fui parar no apartamento dele e ficamos. Lembro que ele falou algo como: 'Nossa, eu só queria ser seu amigo, não tinha pensado em nada disso, mas se quiser fazer sexo, eu também quero'. Achei que eu era madura e que estava tudo bem por que nos dávamos bem e ele era querido, até que um dia, meu amigo me confrontou e me fez perceber que estava sendo manipulada."

an empty parking lot at night with lights
an empty parking lot at night with lights

Pabscal / Getty Images/iStockphoto

"Corta a cena para eu, com 21 anos, descobrindo através de um antigo colega que eu fui só mais uma das suas 'amigas' mais novas. Ele ainda trabalha lá." —Anônimo

11. "Na escola, eu namorei com um professor assistente. Eu tinha 17 anos, e ele, 27. No início, me senti cool e minhas colegas ficaram com inveja. Ele me levava a festas onde ele e os amigos cheiravam cocaína abertamente. Várias vezes, ele me pressionou a usar drogas e fazer sexo a três. Eu me sentia super desconfortável, mas não podia falar para a minha mãe, e meus amigos achavam que eu era super sortuda por ter 'acesso' a esse mundo. Aí ele começou a falar sobre a nossa vida sexual para os colegas na escola. Me senti exposta e envergonhada. Além disso, ele era grudento, e eu não podia ficar com as minhas amigas (ele dava em cima delas sempre que tinha chance) ou com a minha família. No final das contas, ele foi demitido por se relacionar com uma estudante, me culpou por tudo e começou a agir como uma criança, exigindo atenção e cuidado 24h por dia. Por fim, consegui reunir coragem para terminar, e ele e os colegas me deixaram super desconfortável, me humilhando pela situação, como se eu fosse obrigada a continuar com ele por ele ter sido 'demitido por minha causa'."

an empty high school hallway lined with lockers
an empty high school hallway lined with lockers

Rawf8 / Getty Images/iStockphoto

"Dois meses depois do término, ele me ligou perguntando se tinha me estuprado e se eu tinha denunciado ele na faculdade. Fiquei chocada e perguntei: 'Você não sabe quando estuprou alguém?'. Ele foi acusado, juntamente com todos os amigos, de diversos estupros e situações de abuso. Isso me afetou demais." —Anônimo, Brasil

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12. "Quando era mais jovem, minha família tinha alguns amigos da igreja. Cresci com essas pessoas desde os 7 anos. Quando fiz 14, ele, aos 21 anos (seis anos e meio mais velho que eu) confessou seu amor por mim. Namoramos até os meus 16 anos. Todo mundo aceitou. Olhando para trás, não somente ele teve um comportamento predatório, mas minha família também, por permitir isso."

"Minha família é bastante machista, e tudo que os homens falam é regra, não tem o que dizer. Levei anos para desaprender esse comportamento. Isso não é certo." —Anônimo, EUA

13. "No ensino médio, eu passava bastante tempo em uma cafeteria. A maioria dos clientes eram homens com mais de 30 anos. Meus amigos e eu viramos amigos deles. Isso me fazia sentir cool e validava o meu sentimento de não ser compreendida pelas pessoas 'normais' da minha vida. Me fazia sentir desejada. Achava que estava sendo precavida o suficiente e mantendo uma distância saudável dos caras, mas me colocava em situações que podiam ter sido horríveis. Uma noite, dormi na casa de um deles. Dois homens estavam lá com minhas amigas, mas elas foram embora cedo. Um deles parecia meio mal, mas acabou me convidando para dormir na cama dele. Eu neguei. Flertar com a ideia de fazer isso é uma coisa, mas realmente fazer é outra, e isso me deixou nervosa. Outro cara estava comigo na sala e, quando eu caí no sono, ele começou a fazer carinho nas minhas costas e colocar as mãos onde eu não queria que colocasse. Tirei as mãos dele várias vezes e, num momento, ele saiu sem mais abusos."

an empty coffee shop bar seating
an empty coffee shop bar seating

Kilito Chan / Getty Images

"Agora tenho 34 anos e ainda não fui totalmente honesta comigo mesma sobre como essas situações eram perigosas. Eu estava tão perdida e triste e encontrava tanta empolgação ao ser rebelde e sentindo que tinha controle das coisas. Eu tinha seios grandes e recebia muita atenção desde os 12 anos. Aos 15, fui abusada por um homem mais velho e estuprada por um cara de 28 anos.

Essa dinâmica predatória definiu minhas experiências com sexo e relacionamentos na adolescência. Levei anos para trabalhar essas questões e ainda carrego uma eterna culpa e vergonha, pois bebia na época. Isso com certeza contribuiu para a minha visão distorcida sobre receber atenção desses homens mais velhos.

Se eu pudesse dar um conselho para meu eu mais jovem, eu diria para me amar muito mais e para saber meu valor. Perceber que esses predadores são egoístas e manipuladores. Para me cercar de boas amigas e não ter pressa de crescer. Devido a algumas situações, tive que assumir responsabilidades de adulta quando era criança, mas isso não deveria ter sido uma delas." —Anônimo, EUA

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14. "Conheci ele uma semana antes do meu aniversário de 21 anos. Ele estava quase completando 38 anos, nunca se casou ou teve filhos. Mentalmente, eu ainda era uma criança. Nunca tinha tido um relacionamento antes. Não sabia como pedir o que eu queria. Ele sabia disso e usava isso contra mim, manipulando minhas palavras. Nunca conversávamos sobre nosso futuro. Ele me botava para baixo quando eu puxava esse assunto. Eu sabia no segundo ano de relação, mas fiquei com ele. No sexto ano, ele me custou 9 mil dólares (cerca de R$45 mil) para salvar ele, então o deixei. Ele foi morar na casa dos meus pais comigo, mas não pôde passar pelo trabalho nem de pedir, me fez pedir por ele. Comprei um carro, pois ele se recusava a consertar o dele. Penhorei minhas joias por ele, e ele nem me ajudou a recuperá-las. Por ser meu primeiro relacionamento, eu não sabia como terminar. Comecei a traí-lo, sabendo que ele sabia. Eu queria acabar com ele e consegui. Ele me fez virar uma pessoa que eu odiava. Mas por que ele me abandonaria? Eu estava tirando dinheiro da bunda por ele."

a pawn shop neon sign that says, "buy sell loan pay cash for gold silver"
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Stuart Mccall / Getty Images

"Eu me virava para ele não precisar fazer nada. Consegui evitar que fosse despejado, só para que ele fosse despejado meses depois. Agora sei por que ele só namora meninas mais novas. Eu não sabia o que queria da vida ou de um relacionamento. Sei que não fui a única menina recém saída do ensino médio que nunca teve um namorado da vida dele. Ele pega novinhas porque sabe que não tem nada a oferecer e, assim, pode controlar a relação." —Anônimo, EUA

15. "Eu tinha 12 anos quando tive meu primeiro namorado. Ele teve uma vida complicada, e estava no 9º ano apesar de ter 19 anos. Isso não é raro onde moramos, então nunca achei estranho. Ele era legal. Um amigo da minha irmã mais velha namorava uma colega minha, então não vi problema em namorá-lo. Ele acabou me convencendo a ir pra casa dela uma vez. Ele me tocou e se esfregou em mim. Não achei nada demais, pois não foi exatamente um estupro. Não me senti sendo forçada naquela situação e não entendi o significado do que tinha acontecido. Me lembro de ver ele gozando na calça e perguntar o que era aquilo, pois não sabia o que era ejaculação."

"Levei seis anos e precisei ver o movimento 'Me Too' para entender que fui abusada sexualmente." —Anônimo

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16. "Eu tinha 16 anos e estava de férias com a minha família. Fui fazer aulas de surf e conheci um holandês de 27 anos. Nós nos aproximamos e passamos a noite juntos em uma cama na casa de uma amiga. Eu era virgem e não me sentia confortável com nada além de beijar. Ele tentou colocar a minha mão nos genitais dele, mas resisti e dei a desculpa de uma falha na comunicação. Sou muito grata pelas minhas amigas que estavam no quarto ao lado, então elas conseguiam ouvir tudo e eu podia ir vê-las com facilidade. Quando voltamos para casa, ficamos em contato. Me senti estranha, mas feliz de receber atenção de um cara. Mas quando ele pediu para eu mandar fotos sensuais, eu parei de responder e, depois, bloqueei ele. Olhando para trás (agora tenho 23 anos), isso era muito perturbador pensando na idade dele."

surf boards lined up at the beach
surf boards lined up at the beach

Lea Scaddan / Getty Images

"Eu entrei no Facebook quando fiz 18 anos, e ele me mandou mensagem, mas eu bloqueei ele. Na época, achei empolgante, mas agora acho só bizarro." —Anônimo, Reino Unido

17. "Namorei com um cara de 29 anos aos 18. Era super apaixonadinha por ele no trabalho, mas nunca achei que era uma possibilidade real por causa da diferença de idade. Eu nem percebi que o nosso primeiro encontro era de fato um encontro até ele me beijar do nada. Depois disso, ele disse que seria divertido manter segredo e que isso seria uma boa experiência para eu aprender sobre relações casuais. Ele disse que eu era super madura para a minha idade, que me entendia. Eu era uma criança com um trauma profundo e medo de abandono, então ele me fez sentir especial, como se se importasse comigo, de uma maneira que fazia tempo que eu não sentia. Ele sempre me deixava chapada no início dos nossos encontros, pois dizia que aquilo me ia me ajudar a relaxar. Aí ele ficava chateado quando eu não me sentia confortável de fazer algo além de dar uns amassos e parava de falar comigo por semanas, imagino que até ele se sentir sozinho ou entediado."

"Depois, ele parou de me ligar, e eu fiquei com ainda mais traumas e medo de abandono do que quando ele me conheceu." —Anônimo, EUA

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18. "Eu tinha amigos da família cujo filho mais novo era quatro anos mais velho que eu. Nós passávamos bastante tempo juntos, e nossos pais achavam tranquilo. A mãe dele dizia que eu era a irmãzinha que ele nunca teve. Aos 14 anos (ele tinha 18), ele me beijava, se esfregava e fazia coisas sexuais comigo quando estávamos a sós. Ele sempre dizia que queria ter um futuro comigo: casar, ter filhos, conversávamos sobre onde moraríamos. Mas ele nunca queria ficar comigo. Nunca fomos oficialmente um casal. Eu sempre soube, sem ele precisar me dizer, que eu não devia falar nada para nossas famílias. Quando eu ia fazer 19 (e ele já tinha terminado a faculdade aos 22 anos), conheci um cara da minha idade, e foi tudo tão simples: eu gostava dele, e ele, de mim. Não fiquei confusa com o comportamento dele ou pressionada a fazer o que não queria. Aí caiu a ficha de quanta coisa eu tinha feito sem vontade, mas pela pressão sutil e gentil que ele fez por um longo período de tempo."

houses on a suburban neighborhood street
houses on a suburban neighborhood street

James Andrews / Getty Images/iStockphoto

"No meu aniversário de 18 anos, ele chegou e beijou minha bochecha na frente dos meus pais. Eu fiquei em pânico. Tive o sentimento de que ele estava esperando eu fazer 18 para 'assumir a relação' e que ele continuaria comigo como sempre, mas agora poderíamos contar para as pessoas. Isso me fez sentir péssima sem conseguir explicar o motivo. Eu surtei, e tivemos uma terrível discussão naquela noite. Eu contei para ele que conheci alguém que não me fazia sentir um desequilíbrio emocional como ele e que queria que ele me deixasse em paz.

Quando eu tinha vinte e poucos anos e estava basicamente no mesmo ponto da vida que ele estava nessa época, tinha saído da universidade, procurando um emprego de adulta, caiu a ficha de como eu era jovem aos 17 (quando ele tinha 21) e como ele sabia disso. Ele era amigo da família, sabia que eu não tinha experiência com outros caras, que meu lar era meio problemático e eu o idolatrava quando era criança. Aí ele fazia coisas comigo, mas eu descobri que ele estava namorando alguém da idade dele. Eu nunca sabia o meu lugar.

Sempre o considerei um amigo, mas percebi que ele nunca deu a mínima para mim. Eu era só conveniente. Eu cortei totalmente esse cara da minha vida. Os meus pais e os dele acham que nós éramos grandes amigos, mas que eu comecei a ser uma grande escrota com ele aos 18 anos. Ainda fico sabendo, porque a mãe dele conversa com a minha sobre ele, a esposa e os filhos. Tenho certeza de que falam sobre mim e minha família para ele também. Nos encontramos alguns anos atrás em um evento de família, e ele estava rindo e brincando com os meus parentes, meu irmão e meu companheiro. Às vezes, tenho vontade de gritar na cara dele. Ele não se sente culpado por ter se aproveitado de mim? E, em seguida, ter me colocado como a vilã?

Sou muito grata por ter conhecido meu primeiro namorado adequado antes do incidente no meu aniversário de 18 anos. Não durou muito tempo, mas não sei se eu teria percebido como as coisas estavam erradas se não tivesse um relacionamento legal, divertido, direto e real com uma pessoa que eu podia me abrir. Eu sei que se meu 'amigo' tivesse anunciado nosso 'relacionamento' para nossas famílias, eu nunca teria conseguido me livrar dele. Eles são tão próximos que eu nunca conseguiria terminar a relação (e eu acho que ele sabia disso também)." —Anônimo, Reino Unido

19. "Demorei 15 anos e precisei de muita terapia para perceber que aquilo não era certo. Era fácil para homens mais velhos me fazerem entrar nos diversos relacionamentos que tive com eles dos 15 aos 18 anos. Eu queria atenção e era elogiada por ser madura. Eu era a amiga legal que conseguia levar álcool, muito divertida, diferente das outras meninas da minha idade. Eu queria tão desesperadamente ser amada que aceitava qualquer coisa. Fazia coisas que achava que eram minha escolha, mas agora sei que não eram. É difícil, até hoje, aceitar o fato de que não fui responsável pela ação deles. 'Eu estar disponível' não é uma desculpa para eles se aproveitarem de mim."

"Crescer em meio a uma família abusiva é algo que garante que podem tirar proveito de você durante a adolescência." —Anônimo, EUA

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20. "Fui expulsa da escola no último ano e passei por isso. Eu transava com homens muito mais velhos como mecanismo de defesa (obviamente, não recomendo). Para resumir, parei de fazer isso quando saí com um cara de 31 anos. Eu tinha 19. Ele planejou um encontro ao ar livre, mas começou a chover, então fomos para a casa dele. Ele me deu dois drinks. No final do segundo, eu apaguei completamente. Só lembro de flashes e de ouvir ele dizer, enquanto me enforcava: 'Eu tinha 12 anos quando você nasceu, isso não é sexy?'. Quando eu consegui caminhar para ir embora, ele ficou bravo por eu não ficar e por 'agir como se ele tivesse me machucado'. Ele me colocou em um ônibus e bloqueou meu número. Não fazia ideia de onde estava, não conseguia falar com ninguém e, sinceramente, é um milagre eu ter chegado em casa."

a rainy window with blurred lights on the other side
a rainy window with blurred lights on the other side

The Real Tokyo Life / Getty Images

"Nunca consegui esquecer aquele comentário sobre os 12 anos, e perdi o tesão por homens mais velhos para sempre. Não importa que eu tinha 19 anos, ele ainda era pedófilo." —Anônimo, EUA

21. "Eu tinha 15 anos, e ele, 28. Ele era um professor/estudante. Depois de completar o ensino de alunos, nós nos encontramos em um resort em Kaui, no Havaí. Eu estava lá com a minha família, e ele, com a banda. Achei que nós dois estarmos no mesmo hotel era um sinal. Acabamos trocando telefones e começamos a nos falar por mensagem. As mensagens viraram conversas e, logo, começamos a sair. Nós não podíamos namorar porque, segundo ele, isso ia acabar com a vida dele. Ele nunca poderia dar aulas, então nós mantivemos nosso relacionamento em segredo. Eu não podia ter uma vida de adolescente comum. Não fui a formatura, nem saía com amigos. Ele me fazia sentir como se eu só pudesse ficar com ele. Na época, não percebi que isso era tóxico e errado. Como poderia? Eu era uma criança. Pensando sobre o passado, percebo como o comportamento dele era predatório. Ele comprava coisas caras, me fazia mentir para todos que eu amava e que eu poderia acabar com a vida dele. Agora ele é professor, é casado e tem filhos."

a high school classroom
a high school classroom

Dan Forer / Getty Images

"Quando fui para a universidade, acabei namorando um amigo dele. O amigo não fazia ideia de que o predador e eu namoramos, pois eu tive que manter segredo. Mas aí o predador foi falar para o amigo que eu o traí. Ele também disse isso para todo o seu círculo de amigos, para que todos me odiassem e me culpassem. Funcionou. Só esse amigo conseguiu ver a enganação e continuou comigo. Nenhum dos outros achou que ele tinha se aproveitado de uma menor de idade. Ele seguiu sendo tóxico e afastou todos os amigos do meu namorado de nós.

Anos depois, ele tentou me mandar mensagem no Facebook. Eu deletei a mensagem e nunca li. Não há nada que ele possa dizer depois de tudo que fez comigo. Tudo que eu preciso saber é que eu sei que ele era predador e tóxico. Se pudesse voltar no tempo, nunca teria ficado com ele. Sou feliz agora, tenho uma linda família e um parceiro amoroso e maravilhoso. Vou garantir que minha filha saiba o que é um predador e que nunca caia em uma armadilha dessas." —Anônimo, EUA

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22. "Eu tinha 17 anos e trabalhava no drive-thru de uma rede de fast-food. O cara que lavava louça era um imigrante brasileiro que mal falava inglês. Eu gostava de estudar línguas, então comecei a aprender português com ele e outros funcionários. Ele começou a aprender inglês comigo, e nós tínhamos alguma química. No caso, ele me dava muita atenção, e eu achava ele atraente. Uma noite, ele tentou me beijar à força perto do horário de fechar quando todos já tinham ido embora. Eu fiquei lisonjeada por receber atenção de um cara mais velho. Meus hormônios e minha ignorância me fizeram cair no papo e virar parceira sexual dele. Eu traí meu namorado com ele. Aí, em uma noite, ele se recusou a usar preservativo, e eu insisti para que usasse. Ele era muito forte fisicamente e me segurou. Para sobreviver, eu tomei a decisão de não bater nele ou pedir socorro. Levei mais de uma década e precisei de muita terapia para admitir para mim mesma, imagine para outras pessoas, que eu fui estuprada. Eu disse 'não' e 'pare', mas ele não parou."

"Ainda não sei quantos anos ele tinha, mas imagino que era entre 25 e 35. Queria dizer que essa foi a única vez que um homem mais velho se aproveitou de mim, mas tenho outras histórias.

Fui ensinada, não pelos meus pais, mas por revistas, televisão e amigos, que a atenção masculina é tão desejada que questionar isso nunca se tornou uma prioridade para mim. Recusar a atenção dos homens era uma ideia absurda.

Para aqueles que gostam de especular sobre o contexto familiar em situações assim: eu nunca fui abusada quando era criança e tenho um relacionamento saudável com meus pais. Apesar disso, as raízes do patriarcado são profundas." —Anônimo, EUA

23. "Aos 15 anos, conheci um cara 10 anos mais velho que eu, que ia fazer tarefas domésticas para os meus pais. Na época, sabia que ele me olhava e flertava comigo. Peguei o telefone dele em um cartão onde ele escreveu o número. Ele tinha 26 anos e tinha um filho dois anos mais novo que eu. Ele se fez de difícil e agiu como se estivesse preocupado com a minha idade, então, é claro, fiquei interessada. No verão antes de eu fazer 18 anos, eu fugia e metia em encrencas por vê-lo. Perdi a virgindade com ele, apesar de ter dito que queria esperar. Passamos inúmeras noites em quartos de hotel baratos, durante as quais, na maior parte do tempo, eu ficava implorando para que ele não se matasse ou me levasse para casa em certo horário. Namorei ele dos 17 aos 22 anos e levei anos após o término para realmente aceitar o que havia acontecido. Nunca consegui colocar em palavras como ele era horrível. Tinha um diário na época e, quando eu li atualmente, vi que eu percebia os sinais de alerta e o ciclo."

an opened diary with a pen
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Akurtz / Getty Images / iStockphoto

"Ele era manipulador e abusivo emocionalmente. Nunca duvide dos seus instintos! Eu não suspeitei da diferença de idade, pois cresci com uma diferença de 11 anos entre os meus pais, mas era uma dinâmica totalmente diferente, percebo isso agora. Eu estava num relacionamento típico de ensino médio, então a ideia de namorar 'um cara mais velho e maduro' que não se envolveria no drama da escola era ideal.

No entanto, ele escondia drogas e inventava histórias sobre ex-namoradas para me manipular. Fico de coração partido por ter passado meu último ano escolar e os primeiros três anos de faculdade obcecada por ele, tentando fazê-lo feliz. Demorei, mas finalmente consegui reunir coragem para dizer adeus para sempre.

Isso faz seis anos! Sou casada com um homem muito carinhoso agora, mas estaria mentindo se dissesse que não tenho uma espécie de transtorno pós-traumático. Não conseguia imaginar meu futuro quando estava com ele. Não tinha sonhos ou aspirações: só fazê-lo feliz. De verdade, acho que se eu não tivesse rompido o ciclo, estaria morta. Eu levo um dia de cada vez e deixo a satisfação dos dias se tornarem anos ser minha motivação de ficar longe dele e não deixá-lo voltar para a minha vida." —Anônimo, EUA

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O Ligue 180 é um serviço de utilidade pública essencial para o enfrentamento à violência contra a mulher. Além de receber denúncias de violações contra as mulheres, a central encaminha o conteúdo dos relatos aos órgãos competentes e monitora o andamento dos processos. O serviço também tem a atribuição de orientar mulheres em situação de violência, direcionando-as para os serviços especializados da rede de atendimento. No Ligue 180, ainda é possível se informar sobre os direitos da mulher, a legislação vigente sobre o tema e a rede de atendimento e acolhimento de mulheres em situação de vulnerabilidade.

Você pode recorrer ao Centro de Valorização da Vida, ligando gratuitamente a qualquer dia ou hora para o 188, à Rede de Atenção Psicossocial e aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da rede pública. Não deixe de buscar ajuda!

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Este post foi traduzido do inglês.

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