Carla Zambelli declara pagamentos feitos com transferência bancária, mas notas revelam outra coisa...
Deputada diz pagar fornecedores de sua campanha com TED e PIX, mas valores constam como pagos em dinheiro.
Depois de ser revelado no Twitter a emissão de cheque no valor de R$ 20.000, pela campanha da Carla Zambelli, para pagar uma manicure e podóloga de Mairiporã, São Paulo - e não um fornecedor de sua campanha - temos aqui alguns gastos da deputada pagos em... dinheiro vivo!
Aqui uma imagem do escândalo do cheque, com o local onde fica a manicure e podóloga e os dados do TSE.
Reprodução Twitter @doutorpandego
Zambelli declarou ao TSE que sua campanha de 2022 teve gastos de 1 milhão e 26 mil reais, boa parte custeados por fundos públicos, o Partidário e o Eleitoral. Somente com adesivos ela gastou R$ 107.845.
Reprodução TSE
Consta no TSE que a fornecedora de material da campanha teria recebido o valor em dinheiro, em duas parcelas. A primeira, de R$ 40.650, está documentada por uma nota fiscal eletrônica:
Reprodução TSE
O destinatário da nota é a campanha de Zambelli em 2022.
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E há uma segunda nota maior ainda, de R$ 67.195, também paga em dinheiro.
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Ao TSE, a campanha dela declarou que os pagamentos foram feitos por TEDs para contas atribuídas às prestadoras de serviços.
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Aqui também, especificamente sobre pagamento via TED:
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A emissão das notas fiscais pela fornecedora dos adesivos com pagamento em dinheiro pode ter sido erro. Mas o que dizer de pelo menos mais duas notas emitidas por outros fornecedores da campanha nas quais consta expressamente o pagamento em dinheiro? A primeira, de R$ 49.020, emitida por uma gráfica de Brasília:
Reprodução TSE
Aqui, os dados da campanha de Zambelli, destinatária da nota e que registrou a nota no TSE:
Reprodução TSE
E tem esta outra nota, de R$ 7.116, com pagamento registrado como feito em dinheiro pela mesma gráfica de Brasília, CNPJ **.299.603.****-**:
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E aqui, a destinatária da mesma nota:
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No extrato apresentado pela campanha de Zambelli ao TSE a partir de verbas do Fundo Especial, há valores que batem perfeitamente mas não constam como pagamentos em dinheiro:
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O pagamento do menor valor teria sido feito via PIX, e os demais via TED, para uma conta do Banco Bradesco mantida numa agência de Brasília (os dados são públicos no site do TSE).
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Procurando o nome da mesma gráfica no extrato da campanha da Zambelli, mas na parte dos custos cobertos pelo Fundo Partidário, há mais lançamentos, totalizando mais R$ 30 mil.
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Pagamentos feitos via PIX e TED...
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...mas as notas relativas, o que dizem? Da menor para a maior, a primeira consta como paga em dinheiro.
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A segunda e a terceira foram pagas na mesma data, mas notas separadas foram emitidas pela gráfica. A de valor intermediário foi paga, segundo a emissora, em DINHEIRO.
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E a terceira? DINHEIRO DE NOVO!
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A soma de tudo o que a gráfica diz que recebeu em dinheiro confere com o valor que consta da soma de tudo o que foi pago pela Zambelli aqui.
Não acabou. Há uma nota de outra gráfica com um valor de R$ 193.550.
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Para conferir, a nota emitida para a campanha dela:
Reprodução TSE
Mas, por algum motivo, o valor na aba de cobrança consta como zero.
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Como a gráfica que emitiu a nota fiscal no valor de R$ 193.550 para a campanha de Zambelli, mas não cobrou esse valor, recebeu de várias campanhas quase R$ 25 milhões?
Reprodução TSE
Melhor olhar o extrato de novo, da campanha de Carla. Ah, bom. Consta uma TED para a gráfica nesse mesmo. Então não foi de graça pra ela.
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No detalhe:
Reprodução TSE
Não é a primeira vez que são identificados pagamentos para uma gráfica feitos pela Deputada Zambelli. Em maio de 2022 consta, da Câmara, o pagamento e reembolso a ela com recursos da cota parlamentar no valor de R$ 19.999,55.
Reprodução Câmara dos Deputados