Camisa do Star Wars e discurso ensaiado: o que as pessoas estão fazendo por medo da violência política nessas eleições

Os casos de violência política cresceram 335% no Brasil nos últimos três anos.

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Como visto acima, com a aproximação das eleições, os casos de violência política se espalharam pelo Brasil.

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Isso não é de agora, mas ficou mais latente com a chegada do pleito. Um levantamento feito pelo Observatório da Violência Política e Eleitoral da UniRio indica que os casos de violência política cresceram 335% no Brasil nos últimos três anos. Não por acaso, o período coincide com a chegada de Jair Bolsonaro (PL) ao Planalto.

Foram identificados 214 registros no primeiro semestre de 2022, enquanto o país teve 47 casos no mesmo período de 2019, ano em que o estudo começou.

Atentos a isso e com a intenção de não ser a próxima vítima, eleitores estão mudando hábitos e deixando de lado as cores, camisetas e adereços que possam ser relacionados com candidatos à Presidência.

 É o que leitores do BuzzFeed Brasil disseram ao serem questionados sobre o tema.

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Tem gente que já ensaiou frases para evitar dizer em quem vai votar, gente que vai usar camiseta do Star Wars no lugar da camisa do candidato e gente que nem pensa em usar certas cores no dia da eleição. Separamos, abaixo, 6 relatos:

Star Wars contra o autoritarismo.

"Eu fui mesária na última eleição municipal e vi em primeira mão como muitas pessoas são hostis. Pessoas que foram votar de vermelho ou com adesivos dos candidatos da esquerda levaram vários olhares tortos e até um 'tomara que você vá preso com seu ladrão de estimação'. Tenho muito medo, especialmente depois das últimas notícias de assassinatos por motivação política, e por isso prefiro ir votar com minha camisa da Aliança Rebelde (Star Wars), símbolo discreto da luta contra o autoritarismo e bem referencial, que nem todo mundo entende. Mas é o mais seguro!", diz Sarah Nicoli.

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Vermelho não será a cor do look da eleição para muita gente!

"Moro em Goiânia, infelizmente aqui parece ser não só o centro do Brasil, como também o centro bolsonarista, a real é que não da para expor nenhuma opinião se você não for a favor de Bolsonaro, o medo de acontecer algo é constante, queria ir toda de vermelho no dia das eleições? Queria! Eu vou? Definitivamente não, pois tenho amor à minha vida", diz Denisy Batista.

Nem bonés do MST.

Divulgação/MST

"Estou morando em SP e tenho medo real, queria muito sair com meu bonezinho do MST que ganhei do meu amigo, mas não tenho coragem. Até minhas blusas vermelhas tenho medo de usar só por serem vermelhas. No dia da eleição, vou beeem descaracterizada porque eu não quero que algo me aconteça", diz Deisy Teles.

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Nada de adesivos no carro.

"Mesmo com medo, tenho uma toalha e uma bandeira do Lula na varanda. Já no carro, não coloquei nenhum adesivo, bandeira, nada", diz Edgar Barbosa.

Nem no peito...

"Eu moro em Brasília, aqui tem muitos bolsonaristas. Recentemente, peguei uns três adesivos do Lula, colei um e guardei dois. Passou uns cinco minutos eu lembrei que uma semana antes eu vi um rapaz bolsonarista ameaçando outro rapaz que estava TRABALHANDO na campanha Lula/Leandro Grass, resolvi tirar o adesivo por medo…", conta Gabriela Camargo.

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Diálogos ensaiados.

"Já treinei diálogos com as minhas amigas caso alguém pergunte em quem vamos votar para não dizer que vamos votar no PT, porque temos medo de sofrer agressões verbais ou físicas de eleitores bolsonaristas radicais", conta Anna Carolina.

E eles não são os únicos: pesquisa Datafolha divulgada em setembro mostra que 67,5% dos eleitores têm medo de sofrer agressões por motivos políticos.

A pesquisa também mostra que 3,2% dos entrevistados sofreram ameaças por motivos políticos no mês anterior. 

O levantamento foi encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade.

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