Motorista viraliza ao relatar gritos de "pula!" durante tentativa de suicídio em ponte
O caso ocorreu em pleno 10 de setembro, dia mundial da prevenção do suicídio.
Na postagem, Henrique descreve em detalhes cenas de completa falta de empatia diante de um homem que ameaçava se jogar da ponte.
Reprodução/Facebook / Via Facebook: renato.arquivista
"São exatamente 15:30 e a fila de carros e pessoas começa a aumentar e a cena que já era lamentável se torna desumana, quase indescritível. Após uns 40 minutos de espera, as pessoas já começam a fazer amizades, as lives, postagens e piadas começam a tomar conta do ambiente. É estranho, um homem tenta tirar a vida e em volta uma 'social' está montada. Não há silêncio, empatia ou preces. Ouço buzina. Sim, alguém buzina em protesto pela demora", escreveu.
Henrique ainda reporta cenas de racismo, ao ouvir gritos como "pula daí, macaco" e "tá na cara que é um morador de rua, dá um tiro no pé dele".
Reprodução/Facebook
O motorista explica que, por conta do jovem ser negro e estar mal vestido, a possibilidade de ele tirar a própria vida não comoveu os curiosos. "Se eu tivesse uma arma, eu mandava um tiro daqui mesmo", foi uma das coisas que ele diz ter ouvido.
Diante de dezenas de pessoas em coro gritando "pula, pula, pula", Henrique lembrou a ironia de aquele dia 10 marcar o dia mundial da prevenção do suicídio.
Reprodução/Henrique Romero
"Moradores próximos soltavam fogos na direção do homem pendurado. Sim, foi isso que você acabou de ler. Mas não acabou, da sacada dos prédios luxuosos da Praia da Costa, bairro nobre de Vila Velha, vinha uma luz estilo sinalizador de grande porte em direção ao homem. Numa tentativa de cegá-lo ou transformar o circo de horror em show", descreveu.
E Henrique termina seu relato com uma boa notícia: o jovem sobreviveu e foi retirado a salvo da ponte.
Reprodução/Henrique Romero
"Termino este relato secamente, quase em silêncio, com o célebre minuto de silêncio, pois aquele senhor viveu, mas a humanidade morreu um pouco ali no alto daquela ponte", concluiu.
Ao BuzzFeed Brasil, Henrique contou que foi convidado pelo Corpo Bombeiros a comparecer ao quartel, em agradecimento pelo seu relato e empatia.
"Eles me disseram que a hora em que houve a gritaria do 'pula, pula' foi o mais tenso. Eles notaram que por muito pouco o senhor não cedeu à pressão", disse.