Com Jair Bolsonaro, é tudo no sigilo

Desde o entra e sai dos filhos no Palácio do Planalto até o cachê de um amigo que fez campanha para o governo.

Parece que Jair Bolsonaro (sem partido) gosta mesmo de um segredo, até mesmo quando se trata do entra e sai de seus filhos do Palácio do Planalto, sede do governo.

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Ele impôs sigilo de cem anos sobre o crachá de acesso de seus dois filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ao Planalto.

Ou seja: pelo próximo século, ninguém poderá saber quando eles entraram ou saíram de lá. Mas pra que tanto segredo?

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Vamos lá: Carluxo, como é apelidado o filho 02 de Bolsonaro, é suspeito de integrar o gabinete paralelo que teria aconselhado o desgoverno durante a pandemia da Covid.

Dida Sampaio/Estadão

Entre abril de 2020 e 16 de junho de 2021, ele teria ido ao Palácio do Planalto 32 vezes, segundo informou a Casa Civil à CPI da Covid. Bastante coisa para um homem de agenda pública com um cargo de vereador do Rio de Janeiro, não?

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A revista Crusoé utilizou a Lei de Acesso à Informação (LAI) para solicitar a relação de filhos do presidente que possuem acesso ao Planalto.

Andressa Anholete/Getty Images

E recebeu como resposta que essas informações são pessoais e estão guardadas a sete chaves por serem "relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem".

View Pictures/Getty Images

E tais informações, justificou a Secretaria-Geral da Presidência em um documento para a revista, "terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referirem",

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Medo de ser investigado? Rabo preso? O que faz Bolsonaro agir assim? Lembrando que essa não é a primeira vez que ele mete o "sigiloso".

Em janeiro, seu governo também impôs sigilo de 100 anos ao seu próprio cartão de vacinação e a qualquer informação sobre as doses de vacinas que ele tenha recebido.

Miguel Schincariol/Getty Images

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Outro sigilo que repercutiu mal foi o salário do seu amigo, o locutor de rodeios Cuiabano Lima, que estrela a campanha do auxílio-emergencial desde maio.

O site Brasil de Fato tentou descobrir o cachê do artista via Lei de Acesso à Informação (LAI) e recebeu a resposta de que “o contrato de direito de uso de imagem prevê o caráter sigiloso do valor do cachê”. Ué, mas não foi pago com dinheiro público?

A Caixa Econômica Federal, que fez o pagamento do cachê, explicou que a decisão do sigilo é respaldada “juridicamente em virtude do interesse estratégico relacionado à campanha publicitária realizada", conforme publicou a reportagem.

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