Termômetro do Brasil: por que o resultado da eleição presidencial em Minas Gerais é tão importante?
Vem que a gente te conta!
Pesquisa publicada na terça-feira (20) pelo Ipec (ex-Ibope) mostra que o ex-presidente Lula (PT) tem 46% das intenções de votos em Minas Gerais, ante 31% do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ricardo Stuckert e Clauber Cleber Caetano/PR
A pesquisa ouviu 2.000 pessoas nos dias 17 a 19 de setembro em 101 cidades do estado. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-03269/2022.
A cada eleição, olhar para o recorte estadual mineiro é ter a possibilidade de antecipar qual deve ser o resultado final da eleição presidencial. Ao menos é o que ocorre há quase 80 anos. Algumas características influenciam nisso:
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Primeiro, o fato de MG ser o Estado com o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, com 16 milhões de eleitores.
Marri Nogueira/Agência Senado
O segundo ponto é que, historicamente, o voto dos mineiros reflete o comportamento eleitoral do Brasil inteiro. Ou seja, ganhar em MG é um indicativo de ganhar nacionalmente.
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Mas trata-se de um padrão histórico, não científico, como destaca a cientista política Carolina Botelho, do Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). "O que a gente tem de concreto é que Minas Gerais reflete o padrão de vitória nacional. Isso vai acontecer sempre? Ninguém sabe. Isso pode se repetir como pode também não repetir. Não tem uma teoria que diga que Minas vai ser sempre o determinante das vitórias eleitorais. Mas tem acontecido", diz.
Desde 1945, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S.Paulo, apenas um presidente Getúlio Vargas foi eleito pelos brasileiros sem ganhar em MG (em 1950).
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"Minas é um Estado com características de ser um estado-país. A diversidade é enorme, assim como a composição sociodemográfica, social e cultural muito diferente internamente. É como se o eleitorado de lá refletisse uma amostra parecida do que a gente tem de Norte a Sul do Brasil", diz Carolina.
Divulgação/TRE-MG
Ou seja, o Estado de Minas Gerais é visto como síntese do Brasil, por sua diversidade geográfica, econômica e social. "Parece que a gente tem o Brasil todo reunido no Estado de Minas Gerais. Por essas características físicas e culturais, o Estado acaba se tornando um termômetro do Brasil", diz o cientista político, Marco Antônio Teixeira, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP).
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"O Estado de Minas Gerais é uma síntese do Brasil. Se você pega a região Sul, vê que é uma região muito influenciada pelo Estado de São Paulo, é uma região de plantação de café, de pousadas e que tem uma influência paulista muito forte e um PIB razoavelmente alto. A região Norte de Minas é fortemente influenciada pelo Nordeste, inclusive no sotaque e é uma das regiões mais pobres do Estado. A zona na Mata é muito parecida com o Rio de Janeiro e no triângulo mineiro, eles nem mineiros se consideram, é a região com o maior PIB do Estado e onde o agronegócio se concentra", detalha Teixeira.
Reflexo disso pode ser visto se olharmos a última pesquisa Ipec agora com lentes nacionais. Lula aparece com 47% das intenções de voto e Bolsonaro com 31% na eleição para a Presidência da República em 2022.
Ricardo Stuckert
A pesquisa ouviu 3.008 pessoas entre os dias 17 e 18 de setembro em 181 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-00073/2022.
