Vasculhamos as contas da campanha de Léo Índio Bolsonaro, que têm doação de Bia Kicis e gastos no mínimo curiosos

Pagamentos em dinheiro e R$10 mil de Kicis fazem parte das contas do candidato a deputado - que não se elegeu - e primo dos filhos do ex-presidente.

Publicado por Deinha Mendes e Dr. Pândego

Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, é sobrinho de Jair Bolsonaro e primo dos filhos 01, 02 e 03. Carlos Bolsonaro sempre tentou um cargo dentro do Planalto para o primo, mas sem sucesso.

Léo estava nas ações terroristas que aconteceram no dia 08 de janeiro de 2023 e foi alvo da operação da PF "Lesa Pátria", contra os envolvidos no ato, com mandado de busca e apreensão em sua casa.

Nas eleições de 2022, Léo Índio se candidatou a Deputado, mas não se elegeu. Se indentificando como Léo Índio Bolsonaro, apesar de ser parente de Carlos Bolsonaro pelo lado das mães de ambos, sua campanha foi custeada na maior parte pelo Partido Liberal e por R$ 10.000,00 doados por Bia Kicis. Já falamos dela aqui.

Reprodução TSE

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Embora em primeira análise a doação de Bia Kicis pareça ser de recursos de campanha dela, a origem do dinheiro, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, é ela mesma, na pessoa física.

Reprodução TSE

Eles até fizeram um vídeo juntos, divulgado na conta dele no Facebook. Veja aqui.

Reprodução Facebook

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Dos recursos doados por Bia Kicis ao então candidato Léo Índio Bolsonaro, o que ele consumiu foi pago ao Facebook. O saldo foi depois devolvido ao Partido Liberal, conforme o extrato apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral revela.

Reprodução TSE

Não constam lançamentos em conta de recursos do fundo especial para Léo Índio. Mas há lançamentos de pouco menos de R$ 71.000,00 na conta abastecida pelo fundo partidário.

Reprodução TSE

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Levantamos notas fiscais e dados do extrato do Léo Índio Bolsonaro e a principal categoria de gastos foi de militância e mobilização de rua.

Reprodução TSE

Mas existem alguns probleminhas. O primeiro lançamento a débito na conta é um PIX para Renata Ferreira de Sá.

Reprodução TSE

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Checamos o nome e CPF na base de doadores e fornecedores das campanhas de 2022 e a tal Renata não está lá.

Reprodução TSE

Seguimos checando a partir dos dados do extrato e confrontando com os dados de notas fiscais. Identificamos várias notas fiscais que dizem que os pagamentos foram feitos em dinheiro, contradizendo o que consta no extrato. Como exemplo, fornecedor de equipamentos eletrônicos (inclusive microfone e caixa de som):

Montagem através as informações do site da Fazenda

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No extrato, porém, consta como pagamento via PIX.

Reprodução TSE

Uma gráfica emitiu uma série de notas fiscais. A primeira, de R$ 5.500,00, diz que o pagamento foi feito em dinheiro.

Reprodução TSE

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A segunda, de R$ 5.538,00, também diz que o pagamento foi feito em dinheiro.

Reprodução TSE

E a terceira, pagamento também em dinheiro de R$ 4.410,00, totalizando R$ 15.268,00 que a gráfica diz terem sido pagos em dinheiro.

Reprodução TSE

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Não é isso o que consta no extrato da conta dos recursos do Fundo Partidário recebidos pelo Léo Índio Bolsonaro, que cita envios via PIX.

Reprodução TSE

Mas não foi só isso. Constam mais pagamentos em dinheiro, agora para papelaria e copiadora, em valor que coincide com o pago à Renata, que não consta da base da Receita Federal como sócia da pessoa jurídica, o que pode não ser tão grave... 

Reprodução TSE

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Já essa nota chamou atenção. É a primeira nota emitida por fornecedor da campanha que usou um endereço de Camboriú (SC).

Reprodução TSE

Aqui mostrando que ele diz morar em Camboriú.

Reprodução TSE

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A casa do fornecedor seria esta, em Camboriú.

Reprodução Google Maps

Pelo CPF apuramos que o fornecedor, que teria trabalhado uma hora editando vídeos para Léo Índio Bolsonaro, e recebeu pelo trabalho R$ 2.500,00, recebeu também auxílio emergencial. Preste atenção no nome da localidade, "Braço do Norte".

Reprodução Portal da Transparência

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Existe um processo criminal contra o fornecedor de Léo Índio, de 2016, na qual ele foi condenado.

Esta parte da apuração teve a participação de Diego Feijó (sigam e apoiem esse fuçador de dados).

O artigo do Estatuto da Criança e do Adolescente a que o juiz do caso se referiu tem a ver com um abjeto crime relativo a pornografia infantil.

Reprodução do Estatuto da Criança e do Adolescente

Léo Índio Bolsonaro contratou com recursos do fundão uma pessoa que foi condenada por um crime bárbaro para justamente editar vídeos.

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Enquanto isso, Léo Índio, apesar de ter sofrido uma busca e apreensão recente pela Polícia Federal, na manhã de sexta (27 de janeiro) estava trocando mensagens no grupo de seu condomínio no WhatsApp. O celular não foi apreendido? Curioso.

Reprodução WhatsApp

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