Daniel Silveira foi preso com R$270 mil em dinheiro vivo e há indícios de rachadinha nas doações de campanha

Principais doadores do ex-deputado federal eram ex-secretários do parlamentar.

Publicado por Deinha Mendes e Dr. Pândego

Quando o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) foi preso no último dia 2 de fevereiro (devido ao descumprimento de medidas cautelares), a Polícia Federal apreendeu R$ 270 mil em dinheiro vivo na casa do ex-parlamentar.

Reprodução Polícia Federal

Fonte G1, leia a matéria aqui

Na eleição de 2018, quando foi eleito deputado federal, Silveira declarou não ter patrimônio.

Reprodução TSE

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Em 2022, ele tentou concorrer a uma vaga de senador. Já tinha algum patrimônio, inclusive R$ 132 mil em dinheiro vivo. Ele foi barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido à Lei da Ficha Limpa, aplicável, apesar do perdão que Bolsonaro concedeu em abril de 2022.

Reprodução TSE

Leia aqui matéria do Senado Federal sobre o perdão concedido a Daniel Silveira e a repercussão com os senadores.

Segundo a defesa de Silveira, os R$ 270 mil encontrados durante a prisão tinham origem no salário dele como deputado federal.

Reprodução UOL

Leia a matéria na íntegra no UOL, link aqui

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Acontece que tem algo estranho nessa história. O salário bruto dos deputados federais, em 2022, era de R$ 33.763. Não conseguimos acessar os dados do Silveira em razão da saída dele da Câmara e indisponibilidade dos dados dele neste momento. Então, pegamos a informação de outro deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Reprodução Câmara dos Deputados

Com descontos, direto na folha de pagamentos, o salário líquido mensal de Silveira fica numa faixa entre R$ 23 mil a R$ 25 mil (dados da folha do deputado Eduardo Bolsonaro de dezembro de 2022).

Reprodução Câmara dos Deputados

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Nem Silveira, nem sua esposa, Paola Silveira, candidata a deputada federal nas eleições de 2022 (ela não foi eleita mas acabou como suplente), declararam ao TSE ter qualquer imóvel ou veículo.

Reprodução TSE

Juntos, o casal tem 2 filhas e vivia em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. 

Reprodução UOL

O link para a íntegra da matéria foi disponibilizado em trecho acima

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Fizemos algumas contas por aqui e não parece possível que desde a declaração ao TSE e a busca e apreensão em 2 de fevereiro de 2023, Silveira tenha conseguido economizar R$ 138.000, em dinheiro vivo para guardar em casa. Falando de coisas difíceis de acreditar, identificamos pagamentos por Silveira e esposa a um posto de gasolina específico. Leia aqui.

E encontramos outros problemas de Silveira na justiça, como uma ação em que ele, um posto de combustíveis (sim, pessoa jurídica) e outra pessoa (física) foram processados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, logo no começo da pandemia da Covid-19, por promoverem uma carreata em homenagem a Jair Bolsonaro.

Reprodução MPRJ

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Os escândalos envolvendo Silveira em sua passagem pela Câmara dos Deputados não foram poucos mesmo. Além de tudo, ele andou sendo processado pelo Ministério Público Federal por fazer, supostamente, rachadinha com verbas cobertas pela cota parlamentar.

Reprodução Congresso em Foco

Leia a matéria na íntegra aqui

E Silveira parece ter se enrolado mais e mais em suas relações com fornecedores, bem como com seus secretários parlamentares. Um deles, por exemplo, doou R$ 15.000 para a campanha de Silveira EM 26 DE OUTUBRO DE 2022, quando Silveira obviamente não poderia ser mais eleito, nem que tivesse ficha limpa.

Reprodução TSE

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O doador em questão foi seu secretário parlamentar até 31 de janeiro de 2023.

Reprodução Câmara dos Deputados

Em outubro de 2022, o salário bruto do secretário do parlamentar era de menos da metade do valor da doação de R$ 15 mil.

Reprodução Câmara dos Deputados

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Para ser mais precisa, o salário líquido do doador, que era secretário do parlamentar, excluído um auxílio de pouco menos de R$ 1 mil, era de 1/3 do valor doado.

Reprodução Câmara dos Deputados

As demais doações para a campanha de Silveira foram feitas entre 26 e 27 de outubro de 2022.

Reprodução TSE

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Checamos quem foram esses doadores, além do secretário parlamentar. A primeira, Valquíria, tem exatamente o mesmo sobrenome de um secretário parlamentar que assumiu a função em 8 de agosto de 2022. Pode ser mera coincidência. O quarto foi secretário parlamentar de Silveira desde fevereiro de 2019 e tinha um salário bruto de pouco menos de R$ 16 mil.

Reprodução TSE

Hugo, secretário parlamentar de Silveira, doou R$ 11 mil à campanha. Para encurtar a história, fora Silveira, que doou para a própria campanha e alguém que tem o mesmo sobrenome de um dos secretários parlamentares de Silveira, todos têm os mesmos nomes de secretários parlamentares contratados pelo deputado federal.

Reprodução TSE

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Aqui os nomes, cargos e período na função.

Reprodução TSE

Por outro lado, o momento da doação do secretário parlamentar do Silveira, aliás, coincide com o momento em que despesas de campanha foram pagas.

Reprodução TSE

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