Como "Insecure" abriu portas para criativos negros no audiovisual

Para Issa Rae não bastava criar uma série espetacular, mas também fazer dela um canal aberto para escritores, diretores e outros criativos negros.

"Insecure", de Issa Rae, contou várias histórias que não víamos com muita frequência nas séries e filmes. Foram 34 episódios sobre amizade entre mulheres negras, complexidades do colorismo, masculinidades negras, saúde mental etc.

HBO

Mas para Issa Rae, tão importante quanto falar disso nas telas, era fazer acontecer por trás delas. Profissionais negros sempre foram desvalorizados e sub-representados nas produções audiovisuais, colocados na caixinha da “diversidade” - com pouca possibilidade de ascensão e bem longe dos cargos de tomadas de decisões.

Era importante não apenas criar uma série espetacular, mas fazer dela um canal aberto para escritores, diretores, editores e outros criativos negros. Não era só a execução que importava, mas também o ganho de experiência e credibilidade, para que esses profissionais pudessem enfrentar melhor os desafios futuros. Dentro de "Insecure" ou fora dela.

HBO

Issa Rae e a equipe tinham como critérios de contratação o apetite e o talento dos possíveis membros. O critério do “quais são as suas experiências anteriores?” ficava de fora. Eles sabiam que isso era parte de um controle que mantém fechadas as portas para talentos negros. Apesar da resistência da HBO, Rae colocava seu nome em jogo e sustentava a posição.

Publicidade

Essa atitude não foi boa só para os novos talentos, mas para a própria série. No início, rolou a tradicional pressão para que a produção tivesse um olhar branco. No entanto, esse método e resistência garantiram a autenticidade necessária para transformar "Insecure" em um grande sucesso.

HBO

Com a experiência e credibilidade conquistadas - além de seus óbvios talentos - diretoras e produtoras que fizeram parte da equipe da série voaram e realizaram grandes projetos próprios, como o caso de Melina Matsoukas ("Queen & Slim"), Regina King ("One Night in Miami") e Liesl Tommy ("Respect").

Texto de Jun Alcantara.

Publicidade

Veja também