Onde estão os personagens negros nos desenhos animados?

Ainda são poucas as séries com protagonismo ou personagens negros, mas elas marcam gerações!

Na sociedade de consumo, estamos o tempo todo expostos às projeções da vida nas telas de computador, celular ou revistas. Nosso pensamento é constantemente atravessado por essas representações.

Quando falamos de infância e adolescência, essas representações ajudam a moldar a pessoa que nos tornamos quando adultas. Como produção audiovisual preferida das crianças, os desenhos animados - ou cartoons -, são parte fundamental nesse processo de formação.

Entre 1971 e 1972, com o fenômeno crescente da Soul Music, foram produzidos 23 episódios do desenho animado da mais célebre família dos Estados Unidos: The Jackson Five.

Embora o tempo de exibição da série nos EUA tenha sido apenas de 2 anos, no Brasil sua exibição durou por toda a década de 1980 e 1990, pela TV Tupi e Rede Manchete.

Nos anos de 2018 e 2019, os irmãos Jackson voltaram às telas através da TV Diário em Fortaleza.

Publicidade

Até quem não assistiu “Rugrats: Os Anjinhos” reconhece a imagem de Susie Carmichael de algum lugar. Ela pode ser facilmente vista em avatares de redes sociais e até mesmo em tatuagens nos corpos de mulheres negras que, na infância, se identificavam fortemente com a inteligente garota.

Susie era capaz de se comunicar com adultos e bebês e se manteve na série por 9 temporadas. No Brasil, a exibição de “Rugrats: Os Anjinhos” durou mais de 10 anos.

Antes de Pantera Negra cruzar das histórias em quadrinhos para os blockbusters hollywoodianos, o herói negro mais popular entre jovens e crianças era o Super-Choque.

Contando com protagonismo e antagonismo negro, a série do herói com poderes elétricos da cidade de Dakota conquistou fãs pelo mundo todo.

Em abordagens socialmente questionadoras e com politização na medida certa para seu público, Super-Choque virou personagem icônico do audiovisual negro e se tornou um personagem muito querido e conhecido pelos brasileiros.

Publicidade

Em 2009, é lançada a animação “A Princesa e o Sapo”, trazendo como protagonista Tiana, a primeira princesa negra do universo Disney.

Contextualizando a cidade de Nova Orleans no início do Século 20, o filme também foi um marco na representação de pessoas negras no mundo das animações.

Numa percepção abstrata, porém muito sagaz, a falta de personagens negros na maioria dos desenhos animados fez com que muitas crianças identificassem traços da negritude em personagens que, supostamente, não teriam raça.

Piccolo, de “Dragon Ball Z”, é um exemplo. Jovens negros em vários países onde a série foi exibida contam que enxergavam nele um homem negro. O mesmo acontece com Skeeter Valentine (da série “Doug”) e Panthro (de “Thundercats” - sendo essa uma representação mais explícita).

A coloração distinta da pele desses personagens e suas respectivas personalidades ajudavam as crianças a terem essa percepção.

Publicidade

Texto de Jun Alcantara

Veja também