Mesmo que você já saiba nadar, é bom saber essas informações sobre afogamentos

O afogamento nem sempre é óbvio. Na verdade, muitas vezes é silencioso e rápido.

O afogamento na vida real muitas vezes não tem nada a ver com o que acontece nos filmes.

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O afogamento nem sempre é óbvio. Na verdade, muitas vezes é silencioso e rápido — e pode acontecer em menos de um ou dois minutos. As pessoas que estão se afogando podem não se debater, gritar nem fazer nenhum som. "Nos filmes, os braços ficam balançando e se debatendo na água, deixando claro que alguém precisa de ajuda", disse a pediatra Alison Tothy, que trabalha na Universidade de Chicago (EUA), ao BuzzFeed News. A realidade é mais sutil, afirma.

Por isso, é super importante saber como é um afogamento de verdade, porque a pessoa que está se afogando pode não ser fisicamente capaz de dizer que precisa de ajuda.

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As pessoas que estão se afogando às vezes parecem estar tentando subir uma escada invisível na água.

De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP), a cabeça de uma pessoa que está se afogando geralmente se alterna entre ficar pouco acima da superfície da água e abaixo dela, em um movimento de sobe-desce na tentativa de respirar. Os olhos da pessoa podem estar fechados, ou sem vida e distantes, e a cabeça muitas vezes fica inclinada para trás, com o cabelo na testa. Por não conseguir respirar, a pessoa que está se afogando é fisicamente incapaz de pedir ajuda. "Ela afunda um pouco e vem à tona, estica o pescoço para fora e tenta respirar, mas depois volta para baixo da água de novo", disse Tothy.

Embora a pessoa possa estar mexendo os braços, seu corpo geralmente está na posição vertical, e ela não consegue bater as pernas ou se mover numa direção específica. Pode parecer um pouco como se ela estivesse tentando subir uma escada na água. "As vítimas de afogamento talvez se debatam um pouco, mas elas muitas vezes não têm energia ou habilidade suficiente para colocar as mãos acima da água e fazer bastante barulho", disse Tothy, que é membro do Comitê de Prevenção de Lesões e Envenenamento da AAP. "Na verdade, você deve procurar por sinais sutis de aflição."

Crianças pequenas correm maior risco, mas qualquer pessoa pode se afogar.

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Todos os dias, aproximadamente 17 pessoas morrem por afogamento no Brasil, e cerca de três delas são crianças. Em todos os países, o afogamento está entre as principais causas de morte de crianças pequenas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No geral, 80% das pessoas que morrem de causas relacionadas ao afogamento são do sexo masculino.

Bebês e crianças pequenas podem se afogar em apenas alguns centímetros de água.

Isso acontece mesmo em piscinas infantis, banheiras ou qualquer corpo de água, incluindo baldes de água que sobraram após a limpeza. "Crianças de 1 ou 2 anos são pesadas ​​na parte de cima — a cabeça é proporcionalmente maior que o corpo", disse a pediatra. "Elas podem se inclinar para olhar em um balde e acabar presas nele, sem a habilidade e a capacidade de se empurrar para fora."

"As banheiras também podem ser extremamente perigosas; não se pode deixar as crianças sozinhas ali nem com alguns centímetros de água", acrescentou. "Tudo acontece em um segundo." No geral, uma supervisão rigorosa é essencial para as crianças pequenas, disse Tothy. "Elas são muito rápidas e ágeis e podem se meter em problemas em instantes."

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Aulas de natação são ótimas, mas não são garantia de proteção — especialmente para crianças pequenas.

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Não presuma que seu filho pequeno precisa de menos supervisão só porque fez aulas de natação.

As crianças podem rapidamente ter dificuldades se caírem na água, e isso pode acontecer mais rápido do que você imagina. Além disso, elas são super curiosas e podem ser mais rápidas e ágeis do que se espera. "Elas conseguem escalar em um minuto em coisas nas quais você acha que não conseguiriam subir", disse Tothy.

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Existem muitas coisas que você pode fazer para ajudar a reduzir o risco de afogamento.

Além da falta de supervisão ou de conhecimentos de natação, vários outros fatores podem aumentar o risco de afogamento. Isso inclui barreiras ou cercas inadequadas para manter as crianças longe das piscinas (as cercas de quatro lados que cerquem uma piscina por completo são melhores do que as cercas de três lados que são presas à casa), ingerir álcool ao nadar e não usar coletes salva-vidas, especialmente ao andar de barco. Você também não deve confiar em brinquedos infláveis ou de espuma em vez de coletes salva-vidas.

"Para os pais: supervisão – saber onde os filhos estão– , não confiar em boias de brinquedo, não deixá-los sozinhos para atender o telefone, saber que portões e cercas não protegem seus filhos de entrarem na água e que as aulas de natação não são a solução para tudo. Tudo isso é essencial para proteger os filhos do afogamento", disse Tothy. Adolescentes e adultos devem evitar o álcool ao nadar e devem prestar atenção às placas de aviso na praia.

"As placas estão lá por um motivo", disse ela. "Para manter você e seus filhos seguros. Ensine seus filhos a prestar atenção e a respeitar essas regras também", aconselhou ela.

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Existe mesmo algo chamado afogamento secundário.

O afogamento secundário pode acontecer se alguém — uma criança ou um adulto — aspirar água em seus pulmões, o que causa problemas algumas horas ou até um dia ou dois depois. "Você pode ficar com uma inflamação e outros problemas — respiração curta, tosse, dificuldades respiratórias — mais tarde, em resultado da irritação química da água, para não mencionar as bactérias, se era um rio ou lago", disse Tothy.

Os sintomas do afogamento secundário são o agravamento da tosse e a dificuldade para respirar. "Parece que a pessoa está se esforçando muito para respirar, e ela tem uma tosse que não vai embora", disse. Ainda que seja uma condição rara, vale a pena chamar o médico ou ir a um pronto-socorro se os sintomas forem preocupantes. "Eu não diria que os pais precisam ficar vigiando os filhos durante a noite depois de engolirem um pouco de água na piscina, mas se eles começarem a ter uma tosse intensa ou qualquer dificuldade para respirar, pode ser sério", disse.

Também existe algo chamado afogamento seco.

O afogamento seco pode ocorrer quando um pouco de água desencadeia um espasmo das vias aéreas que causa dificuldade para respirar. "Não é que seu filho foi submerso e tomou uma tonelada de água", disse Tothy.

Ela acrescentou que o afogamento secundário é o que as pessoas deveriam estar mais atentas. "O afogamento seco pode ser apenas a água que causa um espasmo nas vias aéreas e faz com que elas se fechem e afetem a respiração, e isso é algo para se preocupar, mas, novamente, isso não acontece com frequência", disse ela.

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A ressuscitação cardiopulmonar (RCP) ajuda.

As vítimas de afogamento são mais propensas a sobreviver quando alguém faz RCP, e quanto mais rápido melhor. Confira o vídeo da Associação Americana de Cardiologia sobre como fazer a RCP apenas com as mãos.

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A tradução deste post (original em inglês) foi editada por Susana Cristalli.

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