Esta senhora de 92 anos carrega há 30 anos a mesma placa na Parada Gay de Nova York

A mensagem de Frances Goldin: "Eu adoro minhas filhas lésbicas. Mantenha-as a salvo."

Esta foto de uma mulher segurando uma placa que diz "Eu adoro minhas filhas lésbicas. Mantenha-as a salvo" tem circulado pela internet já há algum tempo.

Há também um monte de outras fotografias — com a mesma mulher e a mesma placa — em celebrações do orgulho gay ao longo dos anos.

Andrew Burton / Getty Images

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Muitas pessoas que compartilharam as imagens disseram que a foto em preto e branco é de 1994. No entanto, poucas pessoas incluíram o nome da mulher ou sua história.

Aqui está ela em 2015, dois dias após a decisão histórica da Suprema Corte dos EUA que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país.

Yana Paskova / Getty Images

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E aqui está ela na Parada Gay de Nova York de 2016 — mesmo chapéu, mesma placa, mesmo sorriso.

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Uma rápida pesquisa no Google traz um artigo de 1997 do jornal "Washington Post", sobre a Parada Gay de Nova York, que a menciona pelo nome:

"Eu adoro minhas filhas lésbicas, mantenha-as a salvo", dizia a placa de Frances Goldin, de 73 anos, que afirma que a sociedade ainda permite a discriminação contra gays e lésbicas. Ela disse que suas duas filhas estavam marchando nas paradas em Portland, Oregon, e São Francisco. Goldin disse que as pessoas se aproximaram dela com seus números de telefone, perguntando: "Posso adotar você como minha mãe?"

Ela disse que vai ligar para elas. "A diferença enriquece todos nós."

Acontece que esta mulher, Frances Goldin, tem participado da Parada Gay de Nova York há mais de 30 anos com essa placa. Suas filhas, Reeni e Sally Goldin (na foto abaixo) atualmente residem em New Paltz (Estado de Nova York) e São Francisco (Estado da Califórnia).

Courtesy of Sally Goldin

Ambas, Sally, hoje com 70 anos, e Reeni, 68, cresceram em Nova York com seus pais e se assumiram como lésbicas logo após a primeira Parada Gay da cidade, em 1970. O evento é realizado anualmente no último sábado de junho para comemorar as manifestações de Stonewall de 1969.

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Nenhuma das filhas de Goldin lembram exatamente quando a mãe começou a frequentar a Parada Gay — embora Goldin, agora com 92 anos, tenha dito ao BuzzFeed News que participa "desde o início."

Courtesy of Sally Goldin

"Desde que a Parada começou, eu vou e levo minha placa", disse Goldin. "Isso toca algumas pessoas, especialmente aquelas que sofrem rejeição dos pais."

Reeni disse ao BuzzFeed que sua mãe "acredita na igualdade, na justiça e no que é certo". "Essa é a vida dela. É quem ela é."

A placa foi pintada por um amigo de Goldin que é urbanista. A mensagem "Eu adoro minhas filhas lésbicas" imediatamente chamou a atenção de outros participantes da parada.

Courtesy of Sally Goldin

A placa original não tinha: "Mantenha-as a salvo." Isso foi adicionado em 1993, quando Goldin participou da histórica marcha LGBT em Washington, DC (capital dos Estados Unidos). A parte de trás da placa tem a frase: "Uma mãe orgulhosa de lésbicas."

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Jovens rejeitados por suas famílias muitas vezes vão até Goldin na Parada para lhe pedir que ligue ou escreva para seus pais. Muitas vezes, Goldin faz exatamente isso.

Courtesy of Sally Goldin

"Todo mundo vinha correndo até ela, chorando, e dizia: 'Você ligaria para minha mãe?' ou 'Você seria minha mãe?'", disse Sally. "Ela conheceu pessoas nas Paradas das quais ainda é muito próxima. Ela é um modelo de como os pais deveriam se comportar em relação aos seus filhos."

"Ela anotava nomes e endereços e escrevia cartas para as mães dessas crianças!", disse Reeni. "Ela é muito extrovertida. Ela adora ser o centro das atenções e usa isso muito bem."

"Eu acho que mudei a cabeça de algumas pessoas e fico feliz com isso. Todos devem apoiar seus filhos", disse Goldin.

Mesmo quando as filhas biológicas de Goldin não podiam participar da Parada, ela ia, muitas vezes "adotando" outras lésbicas como suas filhas.

Frances Goldin Agency

"Minhas amigas ou outras jovens que ela conhecia iam com ela", explicou Reeni. "Elas seriam suas filhas. As pessoas perguntavam: 'Essas são suas filhas?' Ela dizia que sim!"

"Quem quer que fosse comigo, era minha filha", explicou Goldin.

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Goldin não só participa do desfile praticamente todos os anos (ela pulou pelo menos um ano devido a um ataque cardíaco), como fica exatamente no mesmo local — a esquina nordeste das avenidas 18ª e 5ª.

Courtesy of Sally Goldin

Recentemente, ela tem levado sua cadeira de rodas, para que possa descansar quando se cansa do calor e da multidão.

"Eu me sento e relaxo se estou cansada. Eu sou mais beijada do que você pode imaginar. As pessoas na parada correm e me beijam — é muito gratificante", disse Goldin.

Mas a história incrível de Goldin vai muito além das Paradas Gay. Ela é uma agente literária de Nova York, tendo fundado a Frances Goldin Literary Agency em 1977. Ela também já atuou para diversas causas — mesmo com sua idade avançada.

Andrew Burton / Getty Images

Como agente literária, seus clientes incluíram Barbara Kingsolver, Adrienne Rich e o prisioneiro político Mumia Abu-Jamal.

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Aos 87 anos, ela participou de um protesto de 2011 do Occupy Wall Street.

Andrew Burton / Getty Images

"Ela mergulha de cabeça", disse Reeni sobre a paixão extrema de sua mãe. "Ela sempre se envolveu de verdade. Ela foi presa 10 ou 11 vezes. Ela pega algo que é importante para ela e sabe que é a coisa certa a fazer."

Goldin também inspirou um documentário que será lançado, "It Took 50", que documenta sua luta para salvar uma parte do Lower East Side, bairro de Nova York, do desenvolvimento na década de 1960.

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E quanto à placa da Parada "Eu adoro minhas filhas lésbicas"? Ela continua mantendo a original em boa forma e espera carregá-la, mais uma vez, no próximo ano.

Frances Goldin Literary Agency

"É muito importante para mim e sou muito grata por poder carregá-la todo ano. Agora estou com 92 anos e espero continuar enquanto puder."

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