Cinco jovens negros amantes do futebol e frequentadores dos Bailes Black formaram um time que fez história na várzea

Negritude Futebol Clube

Cinco jovens negros amantes do futebol e frequentadores dos Bailes Black, no ano de 1980, fundaram um time para bater uma bola na quadra da Cohab I, na Zona Leste de São Paulo. O nome escolhido era muito desafiador e nada óbvio: Negritude.

No escudo, um rosto preto com cabelo black power. O recado estava dado e o time saiu disputando campeonatos de futebol amador por São Paulo. Ainda que todos os fundadores fossem negros, o time era aberto e contava com a presença de jogadores de outras etnias.

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Em plena ditadura militar, o Negritude FC não passaria impune. O nome do time foi rejeitado pela Federação Paulista de Futebol, pois, supostamente, poderia gerar embates raciais. Foram impedidos de disputar vários campeonatos, na época. Então, passaram a atuar com o nome Alvinegro Futebol Clube, quase como um disfarce.

Em 1986, já no período de redemocratização, finalmente conseguiram atuar oficialmente com o nome Negritude e disputaram o campeonato Desafio ao Galo. Nas camisas, eram gravadas mensagens de autoestima e protestos anti-racistas.

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A admiração da negritude pelo Negritude era notória. Conhece o grupo de samba Negritude Jr.? O nome foi escolhido em homenagem ao time, pelos então adolescentes aspirantes a astros da música.

Atualmente, o Negritude possui categorias de base, esporte, master e continua se posicionando politicamente, exaltando figuras como Malcolm X, Luther King, Mandela - e, mais recentemente, Kobe Bryant e Chadwick Boseman - em suas camisas e faixas. Há mais de 20 anos, o clube realiza a Copa Negritude, que envolve vários times de todas as zonas de São Paulo.

Ainda hoje, o torneio encontra dificuldades para encontrar patrocinadores, enquanto outros campeonatos de várzea conseguem apoio com muito mais facilidade. Muitas empresas ainda acreditam que a associação com pessoas negras desvaloriza sua marca.

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No entanto, o Negritude Futebol Clube continua fazendo história no futebol amador brasileiro.

Texto de Jun Alcantara

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