7 posts que trazem reflexões importantes sobre Jada Pinkett, Will Smith e Chris Rock no Oscar

Reunimos publicações de pessoas negras que falaram sobre o caso.

O tapa que Will Smith deu em Chris Rock durante a cerimônia do Oscar 2022 mexeu com todo mundo.

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Teve gente que achou um absurdo, outros defenderam o ator, e teve até quem achou graça.

Will agrediu Rock porque o humorista fez uma piada com a cabeça raspada de Jada Pinkett Smith, esposa do ator. Ela tem uma condição autoimune, a alopecia, que provoca queda de cabelo.

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Depois do alvoroço na internet, surgiram importantes reflexões sobre o ocorrido. Reunimos aqui algumas deles.

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A artista visual Marta Moura destacou que Jada, que é quem foi desrespeitada diante do mundo, não foi o centro das discussões sobre o caso.

"Uma mulher negra foi desrespeitada diante do mundo, mas o que importa é a reação do marido dela".

A criadora de conteúdo Sara Araujo trouxe um questionamento: "Afinal, quem ama e defende a mulher preta?".

"Ainda que errado, é louvável ver um homem preto defendendo sua esposa preta, a maioria dos homens esconde as mulheres pretas, não beija em praça pública, não assume o relacionamento, que dirá sair em sua defesa (...) Foi lindo ver o ator defender sua mulher em rede mundial. Afinal, quem ama e defende a mulher preta? Beije, abrace, siga de mãos dadas com a sua preta. Não há nada mais revolucionário do que isso em uma sociedade que prega o ódio às mulheres pretas".

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O site Mundo Negro destacou o fato de Chris ter feito a piada justamente com alguém vulnerável.

"Não é segredo que a relação de mulheres negras com seus cabelos é um ponto sensível de discussão devido a séculos de opressões racistas na nossa sociedade. Jada já falou sobre isso em entrevistas e vem passando por momentos difíceis com sua doença. Em uma cerimônia repleta de brancos saudáveis para se fazer piada, Chris Rock opta por tirar sarro de uma mulher negra vulnerável."

O comunicador Ismael dos Anjos reproduziu um trecho do que Will disse em seu discurso de vitória do Oscar, minutos depois do tapa, e lembrou dos nervos à flor da pele e da necessidade de sempre "aguentar o tranco".

"'Eu sei que em nossa profissão temos que ser capazes de aceitar abuso, ouvir loucuras, ouvir pessoas nos desrespeitando, sorrir e fingir que está tudo bem'. Infelizmente não é só na sua ocupação ou na minha, Will. Aguentar o tranco é sina em nossas vidas, seja sob a luz dos holofotes ou as vermelhas e azuis do giroflex".

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Joice Berth escreveu sobre como a sociedade aceita a ridicularização da mulher negra.

"Ridicularizar mulheres negras é um dos 'esportes' preferidos do racismo. O mundo racista converteu o cabelo da negritude em instrumento de opressão estética. Desde que nascemos nosso cabelo é alvo de piada, não importa se é natural ou se está de acordo com o que a sociedade brancocêtrica definiu como bonito. É sempre alvo de piadas. (...) um homem NEGRO, achou ok ridicularizar diante do mundo todo algo que possivelmente está afetando o emocional (já frágil) de uma mulher negra. Will Smith bateu foi pouco." 

A escritora Carla Akotirene rebateu as tentativas de minimizar a dor de Jada.

"Centralizam o Racismo dando a impressão de que todos os negros são homens. Quando o assunto é Machismo, parece que todas as mulheres são brancas".

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E Luedji Luna comentou o fato de uma fragilidade da comunidade negra ser exposta para a opinião alheia.

"A cena é triste, não pelo ato de violência em si, até porque o comediante mereceu o tapa (e digo isso com tranquilidade). O que me deixa triste é fato de que a história tem três pessoas pretas envolvidas: a mulher sendo ridicularizada mundialmente por um irmão - que sabe como o tema do cabelo para mulheres negras é um tópico sensível - , um irmão batendo no outro na frente de todo mundo, com todas as lentes do mundo apontadas. E dessa forma, mais uma vez, nossas dores, fragilidades, e questões mal resolvidas dentro da nossa comunidade, sendo expostas em praça pública, para a branquitude aplaudir e opinar".

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