O Rei no Cosmos!

Afinal, que time era esse em que Pelé jogou?

Provavelmente todos já saibam, a essa altura do campeonato, que para além da incomparável carreira de Pelé no futebol brasileiro, nosso Rei também brilhou nos campos da terra do tio Sam levando o verdadeiro futebol para o soccer deles. O que talvez vocês não saibam são os bastidores por trás dessa última aventura nos gramados.

New York Cosmos/Site oficial

Em 1974, após 19 anos de Santos, mais de mil jogos, mais de mil gols e mais de 25 títulos pelo glorioso alvi-negro praiano, Pelé anunciou que estava se aposentando dos gramados. A aposentadoria, no entanto, durou pouco. Já em 1975 nosso Rei estava sendo assediado por diversos clubes europeus para voltar a campo. Mas foi o Cosmos, time de Nova York, com nenhuma tradição no futebol, quem conseguiu tirar Pelé da aposentadoria. Porém não foi fácil convencer o Rei. A negociação envolveu figuras como o CEO da Warner Brothers na época (dona do Cosmos), celebridades ligadas a Warner (Frank Sinatra, Bob Dylan) e até de pessoas do governo americano, como o famoso secretário de estado Henry Kissinger que enviou um telegrama para o embaixador brasileiro informando que a contratação de Pelé seria uma maneira de estreitar as relações entre os países.

A ideia inicial era passar mais tempo com a família após a aposentadoria, assim, Pelé fez diversas exigências ao clube norte americano para que desistissem de sua contratação, entre elas estavam: um escritório no Rockfeller Center, um avião para assuntos urgentes, o melhor colégio para os filhos, a garantia de que manteria seu contrato de patrocínio com a Pepsi e um Cadillac, sim, um Cadillac. A princípio os pedidos podem parecer absurdos, mas os gringos sabiam que Pelé valia mais do que o absurdo e se aquelas fossem as exigências de um rei, então que seja. O clube não só atendeu a todas as exigências como também tornou Pelé o atleta mais bem pago do mundo na época com um contrato com cifras que giravam em torno de 7 a 8 milhões de dólares livre de impostos por 3 anos.

O futebol nunca foi um esporte popular nos Estados Unidos, a preferência sempre foi o basquete e o beisebol. No entanto, a presença de uma figura tão poderosa como Pelé causou uma revolução nesse esporte e contribuiu diretamente para que a liga de futebol ganhasse mais destaque entre os esportes mais populares.

New York Cosmos/Site oficial

Os jogos do Cosmos passaram a virar atrações de primeira linha! Era como ir ao MGM em Las Vegas assistir a Mohamad Ali ou ir ao United Center em Chicago ver o Michael Jordan jogar. A média de público nos jogos do Cosmos antes de Pelé era de cerca de 10 mil torcedores por jogo, depois do Rei o clube atingiu a média de 34 mil por partida. O jogo de estreia rendeu a CBS na época a maior audiência em um jogo de futebol da história da emissora, 10 milhões de pessoas assistindo. Diversos recordes foram quebrados em partidas que o Rei estava, com destaque para o recorde de público em uma partida de futebol na América do Norte: 80 mil pessoas em 1977, já nos últimos momentos de Pelé como atleta.


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Pelé se despediu do Cosmos e do futebol em um jogo contra o Santos no Giant Stadium, em New Jersey, diante de mais de 75 mil pessoas. Jogou um tempo por cada time, nos dando a alegria de vê-lo uma vez mais vestindo a camisa que o consagrou para o mundo. Um dia antes do seu jogo de despedida, Pelé foi homenageado na ONU com o título de cidadão do mundo! O último jogo foi antecedido por uma grande festa cheia de homenagens e celebridades do mundo inteiro. Esse jogo carrega outra peculiaridade: foi o único jogo que a mãe de Pelé, Dona Celeste, viu ao vivo.

New York Cosmos/Site oficial

A passagem de Pelé pelo Cosmos marcou o início de uma era de sucesso e visibilidade para o futebol dos Estados Unidos, mas também marcou o fim da carreira do maior atleta que já viveu entre nós! Em seu histórico discurso de despedida, ainda no gramado, Pelé, para um público de milhares no estádio e de milhões ao redor do mundo, mostrou a grandeza que o distinguia de seus colegas e rivais, mas também o aproximava de nós enquanto meros mortais. Preocupou-se apenas em agradecer a todo carinho, usou aquele enorme palco e enorme audiência para pedir que olhassem para os jovens, para as crianças e fez o estádio gritar com ele (três vezes!) a palavra que resume seu legado e traduz o que Pelé é, e sempre será para nós: ''Love! Love! Love!''.

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