O vídeo da turnê "On The Run II", de Beyoncé e Jay-Z, é inspirado em um clássico do cinema senegalês
O pôster e o vídeo promocional da turnê são óbvias homenagens ao filme "Touki Bouki", um clássico de 1973 do diretor senegalês Diop Mambéty.
Beyoncé e Jay-Z acabaram de anunciar as datas da sua nova turnê, On the Run II, que será lançada nos próximos meses. E, mais uma vez, esse poderoso casal buscou inspiração na África. O pôster e o vídeo promocional da turnê são óbvias homenagens ao filme "Touki Bouki", um clássico de 1973 do diretor senegalês Diop Mambéty.


beyonce.com / Via mubi.com
Considerado um clássico do cinema africano, o filme, todo falado em wolof (língua do Senegal), mostra dois amantes na estrada – Mory, carismático pastor que anda em uma moto com chifres de vaca, e Anta, estudante de arte. Os dois se conhecem em Dakar, capital do Senegal, e, sonhando com uma vida de glórias em Paris, bolam vários esquemas para ganhar dinheiro e poder viajar juntos para o exterior.


O nome do filme significa, em tradução livre, "a jornada de uma hiena".
A família do revolucionário cineasta veio a público comentar a escolha.


The Cannes Film Festival
Mambéty morreu em 1998. Mesmo tendo aplaudido a escolha, os parentes do diretor que hoje vivem em Dacar esperam que Beyoncé e Jay-Z sejam mais claros no crédito ao filme "Touki Bouki" no futuro.
"Mambéty é um nome que pertence, felizmente, ao patrimônio cultural universal", disse Teemour Diop Mambéty, filho do diretor, ao BuzzFeed News. Ele saúda a "troca cultural" com o casal Carter, mas disse esperar por um "contexto" maior acerca do crédito ou não da obra de seu pai. "Devemos saudar toda troca criativa que respeite a integridade da obra e seus autores."
O lançamento de "Touki Bouki" na década de 1970, quando os países africanos estavam lidando com a recém-conquistada independência, desencadeou um debate político intenso sobre patrimônio, colonialismo e cultura. Mati Diop, sobrinha de Mambéty que também é diretora de cinema, utilizou palavras mais duras para dizer que estava "um pouco apreensiva" com a homenagem.
"Aparentemente um diretor de arte mostrou a imagem a eles, e ninguém se preocupou com a história artística e política por trás disso", disse ao jornal francês "Libération". "Muito se fala sobre a apropriação da cultura negra americana, mas é interessante ver que se trata de uma artista americana negra que se comunica com isso de maneira muito superficial. É ao mesmo tempo deprimente e fascinante a insustentável leveza do mainstream."
Os dançarinos do clipe "Sorry", do álbum "Lemonade", também exibiram a detalhada pintura corporal que virou marca registrada de Laolu Senbanjo, artista plástico iorubá.


Além disso, não podemos esquecer que, no ano passado, Beyoncé arrasou no Grammy com uma quase personificação de Oxum.


Larry Busacca / Getty Images
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Este post foi traduzido do inglês.