Ivete Sangalo chega com fome de Carnaval, tem hit da temporada na mão e lança ep para pular o ano todo

"Essa 'cria de Ivete' que eu falo do palco é como eu sou, das minhas vivências como artista. Eu aprendi muito com meu público, né? A primeira vez que eu subi num palco, falei çomo é que faz?'. Eu só gostava de cantar e o público fez eu me inteirar de muitas coisas que talvez estivessem implícitas na minha pessoa, na minha energia, mas que eu fui descobri com eles."

"E também tem essa mulher Ivete que eu não tenho como dissociar a minha pessoa da cantora, não existe isso, não tem isso. A Ivete cantora, a Ivete mulher, isso é conversa. Eu sou um bolo doido aqui de bocado de mulher junta. E venho de minha mãe, eu tenho essa herança de personalidade de postura da minha mãe, de ser uma mulher forte, de ser uma mulher determinada, do trabalho, uma mulher da palavra, de viver, das coisas que eu acredito, eu sou muito assim. Então eu sou cria dela, mas eu sou cria também desse experimento que é ser cantora, de viver em contato com muita gente, conhecer muitas pessoas. E essas pessoas compartilham muitas experiências comigo nas suas vidas né? De vivências, de alegrias, de sofrimento, de tantas coisas e eu aprendo muita coisa. Então muito da mulher que eu sou veio deles e acaba sendo um ciclo vicioso. Eu trago pra eles aquilo. Então somos todos cria desse movimento."

"Mas como carinho, apelidá-los de 'crias de Ivete', é tipo, eles têm um pouco de mim neles. E tem. Eu não estou inventando. Eles têm. Mas eu quero que eles saibam que muito do que eu sou vem deles também. Então é um dengo, né? É como se fosse uma gíria qualquer. 'São tudo cria de Ivete' é um lance 'da hora', tipo, 'é massa'."

"Eu não chamaria de teste, a música tem uma vida própria. A gente sente, no momento que a gente toca, o que é que vai acontecer com ela. E de fato ali no Carnatal, que é uma festa que eu também tenho uma relação emotiva muito grande com aquele lugar, aquela festa, eu tive vontade de cantar aquela música porque foi feita num momento muito difícil das nossas vidas né? A gente (Ivete, Gigi Cerqueira e Radames Venancio, compositores) queria fazer uma música e falou exatamente disso, dessa nostalgia, dos encontros. Porque os amores de verão são aqueles amores que a gente compra a passagem pra ir, mas nunca passagem de volta, né? Porque a gente acha que ali é o amor das nossas vidas, que a gente vai casar com aquela pessoa, vai ter trezentos filhos. Então a música começa: 'Feito uma viagem que só tem passagem pra ir, eu embarquei', e é muito dentro dessa sensação do encontro, que é bem característico dessa festa, dessa época do ano."

"A gente estava muito saudosista antes de começar nossas melodias, e as letras estavam muito carregadas da saudade disso, do Carnaval, dos encontros, dos beijos, das despedidas no fim do Carnaval e e aí quando eu estava no trio em Natal entendendo que a gente conseguiu passar por isso, embora tenhamos vivido momentos críticos, perdemos muitas pessoas na pandemia, muita coisa mudou. A gente ficou doente emocionalmente e presenciar ali o reencontro, as pessoas na rua aglutinando, gerando uma aglomeração, eu senti vontade de cantar, embora fosse uma música inédita, me pareceu uma música completamente conhecida de todos. Então aquilo 'carinhou' muito o meu coração e aí criam essas memórias, é demais."