Isabel Teixeira conta como foi ser chamada de "bruaca" pela 1ª vez em "Pantanal" e diz qual seria a vingança ideal para Tenório

Atriz ainda narrou o bastidor da cena em que Maria Bruaca quebrou a quarta parede.

Isabel Teixeira tem uma carreira sólida como atriz no teatro. Premiada e experiente, aos 48 anos ela está experimentando o que é cair nas graças do grande público, virar meme e ser referência para as mulheres.

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No ar em "Pantanal" como a icônica Maria Bruaca, a atriz conversou com o BuzzFeed Brasil por vídeo na última sexta-feira (17).

Durante mais de uma hora de entrevista, Isabel revelou o que tem no copinho com tampa de pires de sua personagem, narrou bastidores da cena em que quebrou a quarta parede, disse qual vingança considera ideal para Tenório e contou que ainda deseja fazer uma novela no formato de obra aberta.

Confira os principais trechos abaixo:

Como foi ser chamada de "bruaca" pela primeira vez em cena? Eu, como espectadora, achei agressivo, ainda mais por se tratar da relação marido-esposa.

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"Eu só percebi isso, que era violento, pelo Murilo. Foi a primeira percepção que eu tive. Eu assisti à primeira versão da novela e para mim 'bruaca' era 'bruaca'. Mas o Murilo ficou incomodado como pessoa… Depois, eu percebi mesmo, quando eu olhava no Twitter e via as pessoas muito incomodadas, e eu achei isso muito legal. Porque hoje a gente está fazendo um exercício que é de nomear. Dizer, por exemplo, 'isso aqui, não'. Não pode mais falar isso", reflete a atriz.

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Eu tenho uma grande curiosidade sobre o copinho da Maria. O que tem ali?

"É pinga!", revelou a atriz.

A história é tão boa e cheia de referências e homenagens que rendeu uma matéria só para ela aqui no BuzzFeed.

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Empoderamento é uma das palavras da moda, e nós temos visto pela Maria que isso é um processo. Nesse sentido, já podemos dizer que ela é um símbolo para as mulheres?

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"Acho que sim. Ela é um personagem clássico, que comporta isso, um ícone. Ela me ensina coisas, inclusive, como eu conversei com a Ângela, (Leal, a Bruaca da versão original) ensinou coisas para ela", conta.

"Eu sentia muito no Twitter que as pessoas queriam que ela vestisse o cropped e mudasse de uma vez, mas na vida não é bem assim", compara.

Eu queria fazer uma pergunta sobre a relação da Maria com a Guta. Me parece que de parte da sua personagem, mesmo quando ela repreende a filha, ela também tem ali uma admiração por ela. Existe mesmo esse paradoxo?

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"É por aí. Eu tenho isso com a minha filha. Por isso que eu acho que essa é uma das relações mais bonitas dessa novela. Quem é a jovem? Não tem, é relação de mãe e filha", afirma.

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Ainda sobre a relação delas, me parece que faltou uma pouco de lealdada da Guta com a mãe em relação à segunda família do Tenório, não?

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"Será? Porque, assim, nós pensamos muito nisso. Inclusive com o Murilo (Benício) no meio. E tem uma coisa muito legal da Julia (Dalavia), que é o fato de ela estar sempre ligada. Nós discutimos muito sobre isso. E há um lugar que é humano: aquele é o pai dela. E isso é muito difícil. Porque trata de qual é a sua escolha do coração, você quer continuar amando esse pai e perdoá-lo, ou você quer realmente se afastar dele? Tem isso na Guta, que não é uma personagem chapada, nesse sentido. Ela está vivendo isso o tempo inteiro", avalia.

Para você, qual seria uma boa vingança da Maria contra o Tenório?

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"Temos falado muito sobre justiça pelas próprias mãos. É estranho desejar a morte do outro e tal. Estou pensando alto aqui. Porque o Tenório não tem noção do sistema nocivo que ele provoca...

Nesse sentido, acho que uma vingança seria uma não vingança. É uma lucidez do que se fez, do dano que se causou.

E eu acho que o Murilo traz isso. Aliás, eu costumo ir assistir o Murilo quando não estou em cena para olhar o que ele está fazendo, porque eu acho muito legal o domínio que ele tem da televisão e como ator.

Então eu acho que essa tomada de consciência sobre o que ele não viu é uma puta de uma vingança", avalia.

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E como é ter o Murilo como parceiro de cena?

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"Eu costumo dizer que sou uma velha atriz, novata no audiovisual. Então, eu sou uma observadora do trabalho dele, e a gente foi se encontrando ali, porque ele também virou um observador do meu trabalho. Rolou muita troca, nesse sentido. E isso faz a gente ter vontade de se jogar na cena, porque a gente sabe que vai estar junto.

Quando você coloca um personagem como o Tenório para um ator como o Murilo, tem algum lugar que você percebe que não é que você concorde com ele, mas existe uma redenção, existe um aprendizado pela queda. As pessoas mudam. Não é o caso do Tenório, mas o ator que faz o Tenório mostra para nós a humanidade do personagem", avalia.

Na última semana, Maria teve um momento muito impactante ao quebrar a quarta parede. Qual foi o bastidor dessa cena tão potente?

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"Quando ela trai o Tenório com o Levi, ela vai para frente de um espelho e só chora. Nesse espelho, agora, ela ri", compara.

E segue: "Isso é uma conjunção de fatores, e é isso que faz a novela. Porque eu tinha o texto daquilo que foi dito. E isso foi dito do jeito que eu senti, mas não estava pronto. Isso que aconteceu lá se chama o olhar de um diretor com sua equipe", conta.

"Essa cena foi dirigida por um homem de cinema, que é o Walter Carvalho. Eu não entendi direito que a Maria iria furar a quarta parede. Porque eu já tinha feito uma outra cena com ele, essa do espelho (pós-traição com o Levi) e que não foi (olhando) para o público. Mas ele veio no meu ouvido muito baixinho e falou 'pode olhar para a câmera, se você quiser'", relembra.

"E eu não sabia que tinha sido daquele jeito. Porque é muito diferente você olhar para a câmera, e você se ver olhando para ela. Eu fiquei muito emocionada porque acho que houve uma conjuntura de técnicas, de emoções e de set. Porque não fui só eu que fiz aquela cena, não foi só ele, e muito menos fomos nós dois que fizemos, foi a conjuntura. E eu me lembro muito bem do câmera dele batalhando para colocar a câmera naquele lugar.

O que eu achei mais bonito, que me tocou também, foi que eu vi como espectadora aquela cena. E eu vi ali uma aceitação do prazer e isso é lindo, porque cai uma lágrima em um determinado momento. E o que é aquilo? Aquilo é o acaso. Eu não me lembro de pensar racionalmente nisso, mas ela sente isso."

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Isabel também falou sobre o que deseja para sua carreira depois de "Pantanal":

Divulgação/ “Rainha[(s)] – Duas Atrizes em Busca de um Coração” 

"Sempre me perguntam o que eu quero fazer depois. E a resposta é sempre: uma obra aberta (aquele tipo de novela que vai passando por ajustes na história enquanto já está no ar). Eu escuto os meus colegas contando as histórias e eu digo, 'gente, que aventura, que loucura, que maravilha. É muito legal!"

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