Casal do UFC fala sobre as diferenças entre ser lésbica nos EUA e no Brasil

Amanda Nunes e sua namorada Nina Ansaroff contaram para gente suas experiências sendo lésbicas em seus países e falaram sobre como é formar um casal no esporte.

Amanda Nunes, brasileira e atual campeã da categoria de peso-galo do UFC, e sua namorada, Nina Ansaroff, americana e também lutadora da organização, visitaram o escritório do BuzzFeed Brasil e conversaram sobre as diferenças de ser lutadora e lésbica em seus países de origem. Você pode ver o vídeo, que foi transmitido ao vivo, aqui.

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A lutadora Amanda Nunes conta que aqui no Brasil uma mulher que gosta muito de luta ou futebol ou anda com um visual mais largado invariavelmente será tida como lésbica.

"Toda vez que eu voltava da academia e passava na frente daquele grupinho de meninos que sempre fica parado no mesmo lugar, escutava eles me chamando de 'sapatão'", relembra Amanda.

Mas nos Estados Unidos, onde mora, a preferência por determinados esportes ou um estilo tomboy não necessariamente reflete na percepção dos outros sobre sua orientação sexual.

"Nos Estados Unidos, jogadoras de futebol podem ser superfemininas, ao mesmo tempo que também tem meninas com o visual bem masculino, de cabeça raspada até, andando com seus namorados", relata a namorada Nina.

Essa "patrulha" ainda faz efeito, por mais que a gente não queira: enquanto ainda morava no Brasil, Amanda se sentia desconfortável em fazer mais tatuagens com medo de ficar muito masculinizada: "Lá eu me senti mais à vontade para fazer todas essas coisas que eu sempre curti".

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Para as lutadoras, quando grandes empresas, como a Disney, mostram casais de gays e lésbicas, as pessoas têm mais facilidade em aceitar relacionamentos homossexuais.

"Nossos amigos que têm filhos pequenos falam sem problemas que a gente é um casal, e as crianças acham isso normal. A Dory é dublada pela Ellen Degeneres, que é uma superestrela lésbica", conta Nina.

"Nos Estados Unidos, tem até propaganda de fraldas com casais de duas mulheres, tem propagandas que mostram um casamento e é com casais do mesmo sexo", comenta Amanda.

Elas falaram também sobre "I Am Jazz", um reality show que acompanha a história de uma garota transgênero chamada Jazz Jennings que aos quatro anos de idade já se identificava como menina. Hoje, aos 16 anos, a garota dá palestras e ajuda muitas pessoas a se aceitarem.

Aqui no Brasil a sensação é de que ainda estamos engatinhando. Amanda conta que no início sua mãe estranhou ter uma filha lésbica, mas hoje não estranha mais e que foi bom, por exemplo, ver as primeiras personagens lésbicas na novela.

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Amanda conta que sempre soube que gostava de meninas: "Quando chegava a época das festas de São João eu não queria ir pra escola porque sabia que a professora ia me colocar para dançar com um menino e eu não me sentia bem, inventava uma desculpa, eu queria dançar com as meninas".

Mas, no Brasil, sair do armário pode funcionar como um grande evento, quando você senta com os seus pais e fala: "eu tenho que contar uma coisa para vocês". Quem contou para a mãe de Amanda que ela era lésbica, aliás, foi a irmã: "Por mim, eu não teria contado, porque meu plano era seguir meu rumo na vida, fora da minha cidade".

Já Nina conta que, pelo menos na sua experiência, não foi assim. Os pais dela sabem que ela tem uma namorada, sabem que elas estão juntas a maior parte do tempo, mas ela nunca precisou falar "mãe, essa é minha namorada".

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"A gente sempre responde comentários com bom humor, nunca de forma agressiva, isso faz o jogo virar", diz Nina. "Respondemos ao mal com o bem. Quando acontecem essas coisas, muitas vezes os próprios fãs estão lá defendendo a gente", conta Amanda.

Amanda conta que as duas contam nunca sentiram a necessidade de oficializar o namoro. "Todo mundo sempre pergunta pela Nina na internet, todos mundo sabe que somos um casal".

"Se as pessoas veem a foto de um homem e uma mulher, não ficam questionando se eles são um casal, eles não precisam fazer um anúncio. A gente também não fez, é natural a gente estar juntas", completou Nina.

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