Após Brexit e Trump, França surge como bola da vez para extrema-direita

Vitória do republicano é vista como um fenômeno que pode se repetir: Marine Le Pen, líder da Frente Nacional (direita radical), aposta que eleitor desiludido com establishment pode empurrá-la na eleição de 2017.

Na França, a reação à vitória de Donald Trump foi rápida.

BuzzFeed News

Partidos de todo o espectro político da França, cujas divisões são semelhantes aos EUA, se viram refletidos na eleição americana.

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Louis Aliot, outro vice-presidente da Frente Nacional, disse ao BuzzFeed News que recebeu com alegria a vitória de Trump. Segundo ele, não porque apoia as políticas do presidente eleito, mas porque ela provaria a vontade do povo de "recomeçar":

"A imprensa se comportou de uma forma que transformou Trump em um cara legal. (...) Os profissionais da imprensa deveriam, pelo menos, prestar atenção e mostrar um pouco de humildade. Isso reforça nossa convicção de que existe uma alternativa. Temos de começar tudo de novo. E só podemos fazer isso com novas pessoas."

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A esquerda viu na derrota do Partido Democrata uma oportunidade para alertar sobre os perigos das divisões dentro do próprio partido.

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O Partido Socialista apoiou Clinton, e Hollande já tinha até mesmo preparado uma carta à democrata para parabenizá-la por sua vitória.

Yoan Valat / AFP / Getty Images

Hollande enfrenta uma dura concorrência nas primárias do seu partido.

Para Cambadélis, sem Hollande, a França verá uma repetição de 21 de abril de 2002, quando o pai de Marine Le Pen, Jean-Marie Le Pen, conseguiu uma vitória inesperada sobre o então primeiro-ministro, Lionel Jospin.

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Para Razzy Hammadi, parlamentar socialista, é necessário que a esquerda se una urgentemente para evitar o colapso e "a vitória de um populista em 2017":

"Precisamos acordar. Precisamos ter consciência de que qualquer candidato sem uma base forte sofrerá. Quer seja da esquerda ambientalista, da esquerda comunista ou das diferentes tonalidades de cinza que a esquerda socialista compreende, todos devem sentar na mesa e ver a gravidade da situação."

Para o ex-presidente Nicolas Sarkozy, do Partido Republicano (PR), de centro-direita, as eleições nos EUA trouxeram um alívio ao mostrar que as pesquisas de intenção de voto nem sempre estão corretas.

Jeff Pachoud / AFP / Getty Images

Sarkozy aparece muito atrás de Alain Juppé nas pesquisas sobre as primárias da direita.

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Eric Ciotti, deputado do PR e apoiador de Sarkozy, aproveitou a oportunidade para retuitar o comentário de um jornalista do jornal "Le Figaro":

"Pergunta rápida: se as pesquisas estavam erradas nos EUA, elas também estão erradas na primária entre Juppé e Sarkozy? #ElectionNight”

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Assim Danielle Simonnet, coordenadora nacional do Partido de Esquerda (PE), explicou ao BuzzFeed News:

"Se há uma lição a ser aprendida na França, é que Bernie Sanders poderia ter vencido Donald Trump, assim como Jean-Luc Mélenchon [político de extrema esquerda do PE] poderia vencer Marine Le Pen. Ele é o único capaz, pois sua posição responde a uma crise total de confiança. O único capaz de dar esperança às classes mais baixas, de mostrar que podemos agir na raiz dos problemas."

Independente de quem serão os candidatos nas eleições francesas, Trump claramente estará em suas mentes.

Jeff Pachoud / AFP / Getty Images

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