Paulo Gustavo era mais que o rei da comédia: ele foi símbolo de luta e superação da homofobia

Humorista tinha 42 anos e deixa um legado imenso de amor, empatia, amizade e, acima de tudo, enorme talento

Esta é a notícia quem ninguém gosta de dar ou ler: Paulo Gustavo morreu, nesta terça-feria (4), aos 42 anos, em consequência da luta contra o covid.

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O humorista estava internado desde o dia 13 de março lutando contra o coronavírus. Nos últimos tempos, ele teve melhora e chegou a interagir com a amiga Suzana Amaral e o marido, Thalles Bretas. A informação foi confimada pelo hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, por meio de comunicado.

Diz o texto: "Às 21h12 desta terça-feira, 04/05, lamentavelmente o paciente Paulo Gustavo Monteiro faleceu, vítima da covid-19 e suas complicações. Em todos os momentos de sua internação, tanto o paciente quanto os seus familiares e amigos próximos tiveram condutas irretocáveis, transmitindo confiança na equipe médica e nos demais profissionais que participaram de seu tratamento".

Paulo ficou famoso por interpretar Dona Hermínia, em "Minha Mãe É Uma Peça", mas era muito mais que isso.

O ator começou cedo na carreira, com nomes como Fábio Porchat, por exemplo, e desenvolveu grandes parcerias de trabalho com amigas como Mônica Martelli e Ingrid Guimarães. Sem grandes oportunidades na televisão, decidiu ele mesmo bancar os próprios projetos. E "Minha Mãe É Uma Peça" virou um estrondo no teatro.

A história de Dona Hermínia, inspirada na mãe do humorista, rendeu uma trilogia no cinema e em breve, viraria série na Globo.

Na TV, o sucesso o levou ao "Multishow", onde comandou o "220 Volts" entre 2011 e 2016. O projeto também foi levado para os palcos. A popularidade de Paulo foi fundamental para que o canal a cabo tirasse do papel o "Vai Que Cola", que ganhará mais uma exibição na Globo durante as próximas semanas, e também o sitcom "A Vila".

Paulo Gustavo virou figura carimbada no mercado publicitário. Teve sucesso gigantesco sem precisar protagonizar novela ou jogar futebol.

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Para quem não sabe, ele é recordista do cinema nacional

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"Minha Mãe É Uma Peça 3" é a maior bilheteria da história audiovisual do país e arrecadou mais de R$ 143 milhões em todo o Brasil.

Mas o grande sucesso do ator foi mostrar que dá para ser um LGBT feliz, bem aceito e bem sucedido no Brasil.

Em país LGBTfóbico como o Brasil, Paulo Gustavo deu festão de casamento para celebrar a união com Thalles Bretas. Juntos, os dois tiveram dois filhinhos e formaram uma família linda.

O que o ator mostrou com atitudes tão simples, mas ainda alvo de críticas por muita gente desaplaudida, foi que é plenamente possível ser feliz, aceito por todos que o amam e formar uma família. Ele era a verdadeira tradicional família brasileira, cheia de amor e coragem para vencer na vida.

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Ele também esbanjava empatia.

E chegou a ceder sua conta no Instagram para que Djamila Ribeiro pudesse falar sobre questões da negritude para todos os seus milhões de seguidores ao longo de um mês.

O humor de Paulo Gustavo era popular e seus tipos inesquecíveis.

Impossível não lembrar de tipos como a Fumante, o Sem Noção, a Mulher Feia ou a Senhora dos Absurdos. O humor de Paulo Gustavo era extremamente popular. E passava longe da agressividade que tantos usam como recurso.

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Paulo Gustavo sabia que contra o preconceito a melhor vacina é o afeto. E disse isso em seu especial de fim de ano na Globo. Olha que mensagem linda.

"Enquanto essa vacina tão esperada não chega pra todo mundo, é bom lembrar que contra o preconceito, a intolerância, a mentira, a tristeza já existe vacina: é o afeto. É o amor. Ame na prática. Na ação. Amar é ação."

A gente te ama muito, Paulo.

O humorista vai fazer falta. E será sempre lembrado com esse sorriso e coração imenso.

Paulo Gustavo é mais uma vítima da pandemia. E a gente deseja que todos encontrem força e conforto em sua arte.

Para honrar o legado do humorista e seguir rindo, cuidem-se. Usem duas máscaras. Passem álcool em gel ou lavem as mãos. Fiquem em casa o máximo que puderem. Assistir o trabalho do ator é uma ótima maneira de homenageá-lo durante dias de isolamento.

Você fará falta, Paulo.

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