O álbum produzido por Arine Ferreira (que também está por trás de outras estrelas ascendentes da música brasileira, como Tarcisio do Acordeon) consegue usar a explosão do piseiro na música popular como uma forma de registrar o Brasil de 2022.
Pra exemplificar: em "Terra Prometida", numa tacada só, João representa o rap brasileiro e a religiosidade do país. A música, cover do músico Oruam, é um rap-louvor. Paulada brasileiríssima.
Só que aí que vem a genialidade do álbum. "Digo ou Não Digo" passa longe de soar como um disco de covers. Apesar da abundância de versões, João se insere no DNA de cada música e o que aparece é um produto completamente novo - e pessoal.
João conseguiu tirar um retrato do país em uma época que nem a gente está se entendendo bem. Melhor: faz isso de forma leve, dançante, popular, doce e despretenciosa. Se não é isso que a gente deve procurar na arte, é o que?
