Vitão lança EP produzido com autonomia: "Busco liberdade de todas as formas"

Cantor assina projeto autoral em cinco músicas inéditas.

Vitão está de projeto novo: o EP “Mais Uma Vez”, que resgata suas raízes brasileiras em cinco músicas que falam sobre amor, liberdade, diversidade e alegria.

Em uma entrevista exclusiva para o BuzzFeed Brasil, o cantor falou de seu processo criativo, amor, personalidade e a vontade de continuar a dançar após o sucesso na "Dança dos Famosos".

O ep ilustra cinco estágios completamente diferentes do amor: Desde o que surge à primeira vista até a separação.

Foto: Mzotte Photography

"O EP é cheio de histórias de amor, mas é muito legal que a gente conseguiu trazer em todas elas ambiguidades muito grandes, que podem ser interpretadas de várias formas. A pessoa pode ouvir e interpretar não só como um relacionamento amoroso de casal, mas também como uma relação nossa com a vida, com família, com amigos. 'Atrás do Meu Amor', por exemplo, é uma música que eu relaciono muito com coisas da minha vida, de momentos em que eu estava desvalorizando ou deixando de lado certas coisas da minha vida, como meu foco e minha carreira, e que essa música é sobre te despertar para correr atrás da sua paixão verdadeira, do seu verdadeiro amor. Esse verdadeiro amor pode ser a sua música, a sua carreira, a sua família, os seus amigos, o que você gosta de fazer da sua vida, não só um relacionamento amoroso, sabe? Mas neste momento, acho que me identifico mais com o mood de 'S de Saudade', mais com o peito trancado para viver amores agora. Estou num momento muito íntimo e único comigo mesmo."

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Em "S de Saudade", Vitão abraça a sentimentalidade e vai um pouco mais fundo, chegando talvez até a ferida. Perguntamos a ele se falar sobre separação é mais fácil ou difícil do que fazer uma declaração de amor.

"Não é nem mais fácil nem difícil, são sentimentos muito diferentes. Se trata de simplesmente colocar os seus sentimentos em um lugar diferente, o que acontece com muita naturalidade, essa saudade é muito verdadeira para mim. E é bom, eu gosto porque funciona como um desabafo, como algo que a gente precisa falar as vezes, e musicalmente é a melhor forma de se falar sempre, né."

Vitão aproveitou para aprimorar seu processo criativo, a forma que concebe seus hits, sempre pensando em ir além do que o mercado pede e necessita. Ele também é produtor do projeto, que foi montado ao lado de Rafinha RSQ, responsável por vários hits. No currículo dele há sucessos como "Apaixonadinha" (Marília Mendonça e Léo Santana), "Faz o X" (Xand Avião), "Te amei com classe" (Matheus & Kauan), "Tá tum tum" (Kevinho e Simone & Simaria), "Puxa, agarra e beija" (Turma do Pagode e Aviões do Forró).

"Foi muito prazeroso todo esse processo, e me trouxe uma alegria imensa. A faixa título eu meio que fiz tudo sozinho, e nas demais eu estive lado a lado com o Rafinha em todos os processos. E além de ter dado uma mão geral em tudo, gravei muita coisa também, vários instrumentos diferentes, teclados, sintetizadores, percussões, gravamos muita coisa juntos e foi o máximo. Sobre o processo criativo, hoje em dia tenho uma maior autonomia em comunicar a música como eu quero, de fazer coisas diferentes e de sair bastante dos padrões de produzir sozinho, mexer com as estruturas das músicas, fazer coisas diferentes, de querer andar na contramão mesmo, fugir um pouco dos moldes do que o mercado espera, ser algo mais contracultura."

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O ano está sendo bem agitado para o artista, que resolveu fazer algo inédito: abraçou a "Dança dos Famosos" e se aventurou em vários ritmos. Ele chegou a ser eliminado, foi para a repescagem, voltou para o quadro e terminou em segundo lugar!

Reprodução/Globo

"Com certeza, agora estou em um momento que não pretendo largar mais a dança, talvez nunca mais na minha vida, porque eu vi a mudança que faz no meu corpo, no meu lado artístico, como isso me enriquece artisticamente, como isso me traz segurança e autoconfiança, a dança me mudou em muitos aspectos para melhor, então sem dúvida que eu não vou parar, só quero crescer mais e mais na dança."

Em maio, Vitão deu uma entrevista à GQ falando sobre sua sexualidade. “Não sei exatamente onde me encaixo. Até então sempre me vi como um homem hétero, sempre gostei de mulheres, mas cada vez mais entendo que talvez sexo seja mais do que apenas isso. Tenho me entendido de outras formas, me relacionado com pessoas diferentes e é muito disso”, disse. Diante essa declaração, falando com o BuzzFeed Brasil, ele pediu para não ser rotulado.

"Eu vejo que quando a gente fala sobre relações, sobre sexo e sobre afeto no nosso país, isso gera esses grandes rebuliços, sabe? As pessoas ainda levam isso como algo muito importante dentro da vida, principalmente de pessoas públicas, todo mundo quer saber como e com quem você está se relacionando, quais são suas formas de prazer e etc.

E eu tenho entendido que isso é diferente pra mim. É algo muito mais amplo do que a gente entende e aprendeu desde pequenos. Vejo e reconheço a importância e a necessidade de nós falarmos sobre identidade de gênero, orientação sexual e expressões de gênero, porque se expressar sobre sua identificação e se autoafirmar também é importante para que se pense, inclusive, em políticas públicas e que todos possam lutar pelos seus direitos e ter reconhecimento. Mas eu não quero ser rotulado, eu quero que as pessoas sejam livres, podendo ser e existir naturalmente, cada um da sua forma".

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Vitão tem estilo e isso ninguém pode negar. A personalidade é transcrita nas roupas que escolhe, no cabelo, no jeito que se porta, fala e pensa. Esse processo de desconstrução - ou até de construção, dependendo do ponto de vista - veio de forma bastante natural.

"Desde criança eu tinha essa vontade de ser diferente, sabe? De querer vestir coisas diferentes, eu sempre gostei de misturar estampas, gostava de usar camiseta ao contrário, sempre gostei de causar surpresa nas pessoas. E ultimamente eu vivi muitas coisas, tive muitas vivências do ápice do amor, da aceitação e do sucesso, e passei pelo ápice do ódio e da intolerância. Eu vivi as duas faces, do amor e do ódio, com muita intensidade e isso mexeu muito comigo, principalmente nessa fase dos 18 aos 22 anos que eu vivi essa 'doidera', que é uma fase crucial para a sua virada de chave da adolescência para a vida adulta. Então acho que eu vivi muita coisa em pouco tempo e tudo isso me trouxe uma amplitude de pensamento, de visão de vida e de mundo mais ampla. E hoje eu sou um ser que busca liberdade de expressão, liberdade musical e estética, liberdade de todas as formas que a gente possa se sentir bem consigo mesmo, não só eu, mas todos os seres humanos que vivem na Terra."

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