A CPI da Merenda começou e este foi o nível da discussão

A maioria aliada a Geraldo Alckmin dominou a comissão e simpatizantes do PT gritaram "golpistas". De roubo da merenda mesmo, pouco se falou.

A CPI que investiga a Máfia da Merenda, em São Paulo, teve sua primeira sessão hoje (22). Dos nove membros da comissão, oito compõem a base do governo. A sala estava repleta de estudantes ligados a grupos ou partidos de oposição a Geraldo Alckmin (PSDB).

Rovena Rosa/Agência Brasil

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A Operação Alba Branca investiga um esquema de desvios e pagamentos de propina em contratos da merenda escolar no Estado de São Paulo. De acordo com as investigações, até 30% do valor dos contratos ia para corruptos.

Um dos operadores do esquema, o lobista Marcel Julio, fechou acordo de delação premiada. Em seu depoimento, ele afirmou que o presidente da Assembleia de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), foi beneficiado pelo esquema. O tucano nega.

De certa maneira, a discussão na CPI imitou a divisão entre coxinhas e mortadelas que prospera nas redes sociais. Basicamente, os antagonistas repetiam os seguintes argumentos.

  • A maioria da comissão é aliada de Alckmin, mas a CPI será transparente e justa.
  • Golpistas! Não passarão!

A bronca dos estudantes é exatamente com a composição da CPI, que eles consideram chapa-branca.

Logo após ter sido eleito presidente da comissão, por 8 votos a 1, o deputado Marcos Zerbini (PSDB) tentou acalmar os ânimos: "Ninguém nesta comissão vai deixar de investigar quem quer que seja".

José Antonio Teixeira/Alesp

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Antes mesmo de ele começar, a maioria dos presentes gritou: "Não, não, não representa, não!".

A fala provocou risos e vaias da plateia. O deputado estadual Alencar Santana (PT), único oposicionista na CPI, recebeu apoio do público e fez questão de jogar para a torcida.

Ele se candidatou à presidência e à vice-presidência da CPI. Foi derrotado duas vezes por 8 a 1. Teve somente seu próprio voto.

O relator, segundo cargo mais importante da comissão, ainda não foi escolhido.


Paulo Pinto/Agência Brasil

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O parlamentar afirmou, ainda, que o PT deveria ter ao menos dois assentos na comissão. Segundo ele, o partido entrará na Justiça para pleitear outra vaga.

As manifestações da plateia começaram a irritar o deputado Zerbini, que ameaçou mandar a PM esvaziar a sala.

"Nós não vamos permitir, nesta comissão, que os senhores deputados sejam desrespeitados", afirmou o parlamentar.

A resposta do público veio antes de ele terminar a frase: "Ih, fora! Ih, fora!".

Ravena Rosa/Agência Brasil

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Em meio à gritaria, Zerbini decidiu que a segunda reunião da CPI, na próxima terça (28), será fechada ao público.

Segundo o parlamentar, o encontro servirá apenas para definir o cronograma de trabalho e o público poderia atrapalhar os trabalhos.

A plateia não deixou barato, e a primeira reunião da CPI acabou aos gritos de: "Golpistas!".

Bruno Bocchini/Agência Brasil

Estudantes chegaram a ocupar o plenário da assembleia, a fim de pressionar os deputados a instalarem a CPI

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