14 mulheres contam como descobriram que são feministas

"Quando eu era criança, igualdade me parecia apenas bom senso. Já adulta, percebi que o nome disso é feminismo".

1. "Notei que por ser mulher eu não era considerada tão torcedora quanto os meninos".

"Eu descobri quando tinha nove anos e virei torcedora do Corinthians. Notei que por ser mulher eu não era considerada tão torcedora quanto os meninos. Era como se estivesse sempre num degrau abaixo e percebi que, para ser levada a sério, eu teria que ser muito torcedora. Manjar muito da história do clube, dos títulos, dos jogos, ser duas vezes mais fanática. Isso me ensinou muita coisa". - Rachel Juraski

2. "O ponto de virada rolou quando eu passei pela transição capilar e deixei de alisar meu cabelo".

"Hoje eu avalio que sempre fui feminista, mas não sabia. Talvez por ser negra e ter uma mãe negra, fui educada para ser uma mulher forte e independente. Minha mãe sempre dizia que 'ninguém nunca carregou as sacolas e seu peso por ela' e eu cresci sabendo que seria assim comigo. Mas o ponto de virada rolou quando eu passei pela transição capilar e deixei de alisar meu cabelo. Primeiro me encontrei como uma mulher negra, já que a mudança do cabelo transformou tudo na minha vida, inclusive passei a viver situações mais diretas de racismo. E depois disso me entendi como feminista. Eu tinha passado por uma processo tão intenso de descoberta individual e liberdade que não tinha mais como voltar atrás. Antes de me entender como mulher (e feminista), me entendi como negra." - Aline Ramos

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3. "Percebi que viver como eu quero já é em si uma atitude feminista".

Luciele Almeida

"Eu achava feminismo exagerado, coisa de mulher mal-amada e sem louça pra lavar porque ORA ORA, tive vários privilégios que não me permitiam ver a sua importância no meu dia a dia (sou branca, cis, hétero, cresci num um lar super harmonioso e do bem). Só quando percebi que nem todas têm o mesmo poder de decisão sobre si mesmas é que entendi: viver como eu quero é uma atitude feminista. Hoje sinto a obrigação de lutar para que todas tenham a mesma liberdade que eu tive e tenho na vida". - Luciele Almeida

4. "Descobri que toda aquela revolta, a tristeza, o senso de injustiça eram o meu feminismo".

"Sou pobre, periférica, achava que desigualdade existia e a vida era assim, pronto. Até que, no trabalho, uma chefe mulher demitiu 80% das mulheres do departamento, e os moleques que sobraram foram promovidos e viraram nossos chefes. Questionei o fato e fui tomada como 'muito emocional'. Desde então fui atrás do meu autoconhecimento e empoderamento e descobri que toda aquela revolta, a tristeza e o senso de injustiça eram o meu feminismo". - Talita Rhein

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5. "Vi o vídeo "Não tira o batom vermelho" da Jout Jout e percebi que eu era uma feministona da porra".

"Eu sempre fui extremamente do contra e revoltada contra todo o sistema. Sempre lutei por igualdade de gênero, mas eu só descobri que era feminista em 2015, quando voltei pro Brasil depois de morar fora, e já estava bem forte o debate sobre feminismo na internet. Vi o vídeo "Não tira o batom vermelho" da Jout Jout e percebi que eu era uma feministona da porra. Enfim, demorou pra eu descobrir, mas fez muito sentido!". - Thaís Padilha

6. "Finalmente parei de exercer uma das piores coisas que a sociedade traz: a rivalidade feminina".

"No trabalho, comecei a observar dinâmicas diferentes de tratamento e privilégio, e principalmente a ouvir mulheres falar e compartilhar histórias. Foi quando finalmente parei de exercer uma das piores coisas que a sociedade e adolescência me deram: a rivalidade. Foi me aproximando de mulheres, na vida e na internet, que teve um papel fundamental, que entendi o que era o feminismo de verdade. Passei a ler mais, entender mais e odiar menos. Tudo fez sentido." - Pri Muniz

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7. "A campanha 'Chega de Fiu-Fiu' mexeu com a minha cabeça".

"Minha família é religiosa, eu morei no interior e estudei em colégio de freiras, as coisas não chegaram até mim na adolescência. Eu sempre achei que tinha direito de fazer o que quisesse, e às vezes me sentia culpada por isso mas não sentia vontade de mudar. Só muitos e muitos anos depois, quando a campanha 'Chega de Fiu-Fiu' mexeu muito com a minha cabeça, percebi que sempre fui feminista". - Camila Mazzini

8. "Conviver com macho chucro esfregou na minha cara o quanto o feminismo ainda é bem importante".

"Nos anos 90 eu frequentava a cena roqueira e, apesar de supostamente alternativo, o meio tinha umas noções bem equivocadas sobre sexualidade feminina. Mina que pegava geral – meu caso, eu estava explorando com muita alegria minha sexualidade – era logo taxada de vagabunda, fácil, que 'não era pra casar'. Essa vivência com macho chucro, e não só eles, pois tinha várias minas bem machistonas também, esfregou na minha cara o quanto o feminismo ainda era bem importante". - Fernanda Heinzelmann

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9. "Até bem tarde na vida eu achei que feminista não podia gostar de coisas 'de menininha'".

Reprodução

"Desde pequena fui ensinada que lugar de mulher é onde ela quiser, meu modelo de comportamento desde os onze anos de idade era a Madonna, mas demorei para entender que o feminismo pode ser isso também. Até bem tarde na vida achei que feminista não podia gostar de coisas 'de menininha'. Foi ali por 2010 que comecei a ler mais sobre o tema e entendi que ser feminista é lutar para que toda mulher possa ter a vida que ela quer para si". - Susana Cristalli

10. "Um dia a ficha caiu. Claro que ser mulher é um saco".

"Eu não gostava de mulher há alguns anos. Só gostava de homem. Eles eram descolados. De bem com a vida. Seguros. Eu queria ser como eles, e não como mulheres. Nossa, como mulher reclama, né? Puta saco. Por que não abre uma cerveja e relaxa? Um dia a ficha caiu. Claro que ser mulher é um saco. O que é natural pros caras é uma briga todo dia pra elas. Como que eles não vão ser sempre de boas? Tá tudo pronto pra eles". - Clarissa Barreto

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11. "Minha primeira amiga da faculdade já chegou contando histórias dos seus parceiros sexuais. Isso seria impensável onde eu cresci".

Paula Mascarenhas / Instagram

"Quando mudei pra São Paulo, minha primeira amizade da faculdade já chegou contando histórias dos x parceiros sexuais que ela tinha tido. Sabe quando alguma menina de Salvador falaria abertamente sobre isso? Sabe quando alguma menina de Salvador se abriria para parceiros sexuais que não fossem namorados por 1, 2, 3, 10 anos? Pois é. Para mim que na adolescência fui alvo de fofoquinhas e era julgada por meus amigos, essa abertura mental foi um grande estopim na minha vida". - Paula Mascarenhas

12. "Quando eu era criança, igualdade me parecia apenas bom senso. Já adulta, percebi que o nome disso é feminismo".

Azurhino / Getty Images

"Uma vez, na escola, me chamaram a atenção por estar correndo com os meninos no recreio. Me disseram que eu deveria ir brincar com as meninas, que estavam sentadas fazendo sei lá o quê. Mas eu queria correr! Com o tempo, a cada interação com pessoas de cabeça mais fechada, fui entendendo que isso não é só bom senso, mas feminismo". - Melissa Barbosa

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13. "Ouvi 'a responsabilidade pelo filho é da mãe, não do pai'. E senti uma raiva vinda não sei de onde".

"Conversando sobre a gravidez de uma conhecida, pela primeira vez reparei que os planos de vida do pai continuavam intactos mas os dela tinham virado do avesso. Minha interlocutora respondeu: "sim, ela é mãe, é responsabilidade dela, não dele”. E eu senti uma raiva vinda não sei de onde. Foi a partir dessa reflexão que entendi que sou feminista". – Melina Tamelini

14. "Fiquei revoltadíssima quando vi que a música era sobre um cara reclamando que a Marina tinha se maquiado".

"Eu estava no carro com minha mãe e minha irmã voltando da escola, e estava tocando na rádio a música "Marina", do Dorival Caymmi, mas cantada pela Adriana Calcanhotto. E eu fiquei revoltadíssima quando vi que a letra era sobre um cara reclamando que a Marina tinha se maquiado. Eu falei: 'Mãe, ninguém tem que se meter no que a Marina quer ou não fazer. Se ela quer usar maquiagem, ela tem que usar maquiagem sem ninguém encher o saco dela.'" - Luisa Pessoa

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