Weintraub, que escrevia "imprecionante", não é mais ministro da Educação

Em 14 meses no cargo, Weintraub ofendeu ministros do STF ("bandidos"), indígenas, chineses e universidades ("balbúrdia").

Abraham Weintraub deixou o ministério da Educação nesta quinta-feira (18). Em vídeo publicado na sua conta no YouTube, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ele se despediu cargo de ministro para ocupar um cargo na diretoria do Banco Mundial. Ainda não se sabe quem ocupará a vaga de novo ministro da Educação.

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Abraham Weintraub ficou um ano e dois meses no cargo, após substituir Ricardo Vélez Rodríguez. Como ministro da Educação, Weintraub acumulou polêmicas. A mais recente, uma série de ofensas ao Supremo Tribuna Federal, foi um dos motivos que da sua demissão.

Na reunião ministerial de 22 de abril, o ministro se referiu aos ministros da Corte como vagabundos e sugeriu a prisão deles. "Por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF!", disse.

Mesmo sob forte pressão para deixar o cargo, Weintraub participou de um ato pró-governo no último domingo (14). Após ouvir de um manifestante reclamação sobre pagar impostas para "corruptos estragarem o país", o ministro respondeu:

"Eu já falei o que eu faria com os vagabundos..."

Weintraub é alvo de investigação em dois inquéritos no STF. Um sobre fake news e outro sobre racismo, após publicação ofensiva contra a China. No último dia 4 de junho, ele se apresentou na Polícia Federal para depor no inquérito sobre racismo. O agora ex-ministro optou por entregar sua declaração por escrito.

Andressa Anholete / Getty Images

BRASILIA, BRAZIL - JUNE 14: Education Minister Abraham Weintraub reacts during a meeting with supporters of President Jair Bolsonaro's government who were camped alongside the Ministry of Agriculture amidst the coronavirus (COVID-19) pandemic at Esplanada dos Ministérios on June 14, 2020 in Brasilia. This Sunday the Esplanada dos Ministérios closed to pedestrian and vehicle traffic. Brazil has over 850,000 confirmed positive cases of Coronavirus and 42,720 deaths. (Photo by Andressa Anholete/Getty Images)

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Enem, bálburdia e dificuldade com a língua portuguesa

Em 2019, no único ENEM realizado sob a gestão Weintraub - e tido pelo ministro como o "melhor ENEM de todos os tempos", a prova foi contestada por milhares estudantes após falhas na correção. Alguns estudantes acionaram a Justiça para ter suas provas reavaliadas. Segundo o MEC, 5.974 foram afetados pela troca de gabaritos e tiveram suas notas corrigidas.

Para esse ano, em meio a pandemia de coronavírus, estudantes e movimentos organizados pediram o adiamento da prova, alegando dificuldades para alunos se prepararem, principalmente os de baixa renda. Inicialmente, Weintraub se disse contra e afirmou que o ENEM não era feito para "corrigir injustiças". Após forte pressão, o MEC decidiu adiar a prova "de 30 a 60 dias depois do previsto".

Poucos dias após assumir o MEC, em 8 de abril de 2019, o ministro deu uma entrevista ao jornal O Estado de SP e afirmou que reduziria verbas de instituições com "balbúrdia".

"Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas".

Weintraub também se enrolou na hora de escrever. No Twitter ou em ofícios, o ministro cometeu alguns erros gramaticais. O ministro já escreveu insitar (o certo é incitar) e imprecionante (o certo é impressionante) no Twitter, e paralização, se referindo a paralisia (o certo, nesse caso, seria paralização), em ofício encaminhado ao ministro da Economia, Paulo Guedes.

Weintraub é o sétimo ministro a deixar o governo Bolsonaro. Dos sete, quatro deixaram seus cargos durante a pandemia de coronavírus: além do agora ex-ministro, Luiz Henrique Mandetta e Nelso Teich (Saúde) e Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). Também deixaram o governo Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional), Osmar Terra (Cidadania), além de Velez, antecessor de Weintraub.

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