Um lembrete de como era o Brasil 40, 50 anos atrás

Não é um post típico de nostalgia do BuzzFeed.

Quarenta, cinquenta anos atrás, o Brasil vivia uma ditadura. A população não podia votar para presidente.

Arquivo Nacional / Via pt.wikipedia.org

Entre outras medidas autoritárias, o AI-5 (Ato Institucional Número Cinco), de 13 de dezembro de 1968 (acima), ordenou o fechamento do Congresso Nacional por tempo indeterminado.

Não havia imprensa livre. Reportagens que desagradavam o governo sofriam censura prévia.

Reprodução / O Estado de S. Paulo / Via economia.estadao.com.br

Só entre 2 de agosto de 1973 e 3 de janeiro de 1975, um único jornal, o "Estado de S. Paulo", teve 1.136 textos censurados. No lugar do conteúdo vetado, os veículos publicavam receitas ou poemas.

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Casos de corrupção no governo não eram relatados na imprensa e delatores eram assassinados pelo regime.

Baseado na série de livros de Elio Gaspari sobre a ditadura, o UOL reuniu em 2015 dez histórias de corrupção durante a ditadura militar.

Músicas, peças de teatro, programas de televisão e filmes também sofriam censura.

Arquivo Nacional/Divisão de Censura de Diversões Públicas / Via Facebook: memoriasreveladasarquivonacional

No despacho acima, o censor Mário F. Russomano se refere a Chico Buarque como "débil mental" depois de assistir à sua peça "Roda Viva". Em 1968, o CCC (Comando de Caça aos Comunistas) invadiu o teatro onde a obra estava em cartaz, destruiu o cenário e agrediu os artistas.

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Opositores do regime eram submetidos a torturas incrivelmente perversas.

Reprodução / Bruno Maron / João Paulo Charleaux / Vice Brasil / Via vice.com

Entre outras barbaridades, torturadores introduziam ratos e cassetetes no ânus dos prisioneiros, cuspiam dentro de suas bocas, arrancavam suas unhas com alicates e preenchiam suas narinas com querosene.

Em 1972, a jornalista Miriam Leitão, que estava grávida, passou horas trancada em uma sala escura do Exército junto com uma jiboia.

Matheus Leitão / Arquivo pessoal / Via oglobo.globo.com

"Não sei quanto tempo durou esta agonia. Foram horas. Eu não tinha noção de dia ou noite na sala escurecida pelo plástico preto. E eu ali, sozinha, nua. Só eu e a cobra. Eu e o medo. O medo era ainda maior porque não via nada, mas sabia que a cobra estava ali, por perto. Não sabia se estava se movendo, se estava parada. Eu não ouvia nada, não via nada. Não era possível nem chorar, poderia atrair a cobra. Passei o resto da vida lembrando dessa sala de um quartel do Exército brasileiro", relata Miriam.

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Mais de 400 pessoas foram mortas ou desapareceram durante a ditadura.

Silvaldo Leung Vieira / Via pt.wikipedia.org

Depois de torturar e matar o jornalista Vladimir Herzog (acima), em 25 de outubro de 1975, o governo afirmou que ele havia se suicidado.

Índios foram dizimados durante a construção de rodovias no meio da floresta.

Arquivo da Funai / Via brasil.elpais.com

"Do Rio Grande do Sul ao Amapá, epidemias devastadoras de gripe e sarampo, realocações forçadas, invasões de terras, tortura, trabalho escravo, pedofilia, assassinatos, prisões arbitrárias e censura desenham um Estado que via no índio mero empecilho ao 'progresso'", escreveu Fabiano Maisonnave na "Folha de S. Paulo" sobre o livro "Os Fuzis e as Flechas: História de Sangue e Resistência Indígena na Ditadura", do jornalista Rubens Valente.

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Mais de um terço (33,7%) da população brasileira era analfabeta em 1970.

Em 2017, a taxa era de 7%, segundo o IBGE.

E, em 1976, 23,1% dos brasileiros viviam na extrema pobreza.

Ipea / Via ipea.gov.br

Em 2014, a miséria chegou a 3,2%, mas aumentou para 4,8% em 2017, de acordo com um estudo da Tendências Consultoria.

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