Na festa de Haddad em São Paulo, quem reinou foi Ciro Gomes

"O Ciro vem? O Ciro vem?", perguntava um dos militantes petistas aos jornalistas. Tão esperado quanto Lula, o dirigente do PDT foi recebido pela multidão gritando o seu nome.

Era a convenção municipal do PT em São Paulo, neste domingo, para confirmar a candidatura à reeleição do prefeito Fernando Haddad, quarto lugar na última pesquisa Datafolha, com 7%.

Como vice, o secretário de educação Gabriel Chalita, do PDT. Daí a presença de Ciro. Só que o ex-governador e ex-candidato a presidente (que quer repetir a candidatura em 2018) foi além do esperado.

Ciro driblou mal-estar recente com Lula, disse que Haddad foi o melhor ministro da educação da história (deixando de lado seu irmão, Cid Gomes) e ainda reclamou do desemprego - uma herança do governo Dilma. Mesmo nesse ponto, foi ovacionado.

O ex-senador Eduardo Suplicy tietou Ciro e fez fotos enquanto ele discursava.

Em entrevista, Ciro disse que está muito "safo", confirmou que o desemprego é "culpa nossa", da ala ligada ao governo petista, disse que o irmão não teve tempo de ser o melhor ministro da Educação porque "teve de denunciar o achacador da República" (referindo-se ao imbroglio entre Cid Gomes e Eduardo Cunha, que acabou na demissão do ministro).

O prefeito entrou no palco com Lula, que foi ovacionado. Haddad não foi citado quando entrou, logo, não foi aplaudido nem teve seu nome gritado pela plateia como Lula e Ciro.

Por cerca mais de uma hora ele ficou apenas falando com as lideranças partidárias no palco, enquanto os outros se revezavam em discursos e ninguém gritava seu nome na plateia, estimada em quatro mil pessoas pela direção petista.

Lula começou seu discurso com uma bronca em Haddad. Reclamou que o prefeito não faz propaganda de seu governo.

Não é segredo dentro e fora do PT que o ex-presidente detesta a comunicação do prefeito. Na convenção, usou a frase de Chacrinha: "quem não se comunica, se trumbica".

E Lula deixou um conselho para Haddad: "não fale mal de Marta Suplicy e Luiza Erundina (ex-prefeitas do PT)".

Não adiantou. Logo que começou seu discurso, Haddad atacou Marta, sem dizer o nome dela. Criticou quem "muda de partido e muda de lado". Marta deixou o PT e foi para o PMDB. Como senadora, defende o impeachment. Na sucessão em São Paulo, está em segundo lugar, com 16%.

Haddad disse que estava estreando o modelito vermelho e discursou enquanto desfilava por uma passarela sendo filmado por uma grua.