Já é 2018 e estes comentários em uma notícia de abuso mostram que o feminismo continua mais necessário que nunca
"Talvez a única solução plausível seja parar de ter filhos e acabar a humanidade".
Ontem o G1 publicou essa notícia chocante e a postou em sua página no Facebook.
Reprodução / Via Facebook: g1
E apesar da notícia dizer claramente: "HOMEM ABUSAVA DE MENINAS ENQUANTO DORMIAM", infelizmente um dos comentários mais acertados foi esse:
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Rapidamente, dentro da notícia e em comentários do Facebook, uma multidão de desconhecidos apareceu se considerando especialista em tudo: na vida amorosa da mãe...
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O texto não fala em momento algum quantos parceiros essa mãe teve – e mesmo que ela tenha tido 500, o criminoso continua sendo este homem, e não ela.
No tempo mínimo de relacionamento que alguém deve ter para ter certeza que suas filhas não serão estupradas...
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A matéria não fala quanto tempo de relacionamento a mulher tinha com o acusado. E uma dica: você NUNCA vai ter certeza.
E apareceram também "experts" em perfil criminoso dos casos de abuso – errado, é claro.
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Segundo um levantamento feito em 2011 pela Universidade de São Paulo (USP), a cada 10 crianças que sofreram abuso, quatro foram molestadas pelo pai e três pelo padrasto. Tios, primos e vizinhos vêm na sequência.
Correram para julgar a mãe – note que até agora pouco se falou do padrasto, que foi nada mais nada menos QUEM COMETEU O CRIME. O pai das meninas tampouco foi citado.
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Mesmo comentários aparentemente sensatos escondem a responsabilização – e, em última análise, a culpabilização – da mulher, em vez de falar sobre o problema original: o homem que cometeu o crime.
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Se for seguir o raciocínio de "a culpada é a mãe, que botou esse homem dentro de casa", dá para concluir que, se você for assaltado, o culpado é você, que saiu com dinheiro.
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Procure sair sem dinheiro SEMPRE, ok?
Mas também apareceram pessoas dispostas a botar os pingos nos devidos Is, apontando o verdadeiro culpado da situação.
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Outras pessoas apareceram para lembrar que jogar as cobranças sobre a mãe mostra, além de falta de visão, falta de empatia.
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E quando o abusador é o pai, o que estes comentaristas diriam à mãe? Que ela devia NÃO TER TIDO uma filha?
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"Se você tivesse só meninos, isso não aconteceria! Onde já se viu, parir uma menina?!". Sem contar que, segundo alguns dados, meninos sofrem tanto abuso sexual quanto meninas durante a infância.
Então, enquanto o que as pessoas tiverem a dizer para uma mãe que viu as filhas serem atacadas dentro de casa for isso, talvez o melhor seja seguir esta sugestão.
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