Gil do Vigor desabafa sobre projeto de lei que quer proibir casamento homoafetivo: "um debate que não deveria nem existir"

Em entrevista exclusiva para o BuzzFeed Brasil, o economista diz que há muitos assuntos a serem priorizados no país.

Na última semana, uma comissão da Câmara aprovou um projeto que busca proibir casamento homoafetivo.

Vinicius Loures / Câmara dos Deputados


O texto segue para as comissões de Direitos Humanos e de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Por lá, a expectativa é de que seja derrubado.

Muita gente ficou indignado com o resultado, e uma dessas pessoas foi o Gil do Vigor. O BuzzFeed Brasil o procurou para dar seu parecer sobre o caso.

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Ele nos concedeu uma entrevista e começou enfatizando a importância dos direitos LGBTQ+ e sua revolta em relação ao debate contínuo sobre esses direitos, que já deveriam ser garantidos.

Reprodução/TV Globo

"Eu acho que isso não era nem para ser discutido. Foi um direito que nós conseguimos com muita batalha. O nosso desejo é apenas viver a nossa vida. A gente não quer nada além disso. A gente só quer poder amar, viver e ter todos os direitos que um casal hétero também tem. Porque eu não posso casar, gente? A gente já conseguiu e não pode retroceder."

O economista diz que recursos e o tempo dos líderes políticos deveriam ser usados em temas urgentes como o combate à violência, desigualdade, homofobia, transfobia e pobreza.

Reprodução/TV Globo

"Pensando como economista, em alocação de recursos públicos, o nosso país está com problema na violência. Estamos precisando de um debate mais aprofundado sobre a violência, sobre a desigualdade. Nós precisamos debater de fato violência contra a mulher. E, infelizmente, no nosso país ainda está muito alto. Tem que debater a homofobia, e o direito de todos nós, como cidadãos, à segurança. Tá na nossa Constituição e não estamos tendo esse direito. Ainda existe muito crime de homofobia e transfobia no nosso país. Temos que debater também a pobreza. A educação do nosso país, de ensino fundamental e básico, que infelizmente ainda não está suficiente. Nós falamos das cotas, e eu sou super a favor, mas as cotas são medidas provisórias, gente, é um retalho!"

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Para se ter ideia, atualmente cada deputado federal recebe um salário bruto de R$ 33.763,00 e chega a custar, entre remuneração e benefícios, aproximadamente R$ 168,6 mil por mês aos cofres públicos.

Reprodução/TV Globo

"Eu fico indignado quando penso que meus impostos estão indo para uma alocação totalmente ineficiente, para um debate que não deveria nem ser discutido. O tempo deles é o nosso dinheiro, nossos impostos que estão sendo pagos. Como a Érika Hilton falou, é um debate criminoso. Porque todos que estão naquele lugar deveriam promover debates que de fato importem e tenham efeito na nossa sociedade. O Brasil não está essas mil maravilhas para a gente estar gastando o tempo falando besteira, ou então discutindo um tópico que na verdade é um crime."

Gilberto crê na necessidade de implementar políticas sociais que sejam benéficas para a sociedade, a tornando mais equitativa.

Reprodução/TV Globo

"Eu nunca escuto falar tanto no Brasil, em um ano de PhD, como escuto falar quando o assunto é desigualdade. Eu me sinto incomodado com o brasileiro porque eu quero ver o meu Brasil como potência. Eu quero que quando alguém falar sobre o país mais desenvolvido do mundo, esteja lá o Brasil em primeiro, segundo e terceiro lugar. Eu quero que o Brasil tenha grandes números para podermos todos juntos, como sociedade, falar assim: 'Nosso país tá ali, no topo, no vigor'. O Brasil não precisa ser, não tem que ser, não deve ser um exemplo de desigualdade, um exemplo de violência. Então, tanta coisa boa pro Brasil ser exemplo, e que para que isso aconteça, nós precisamos debater e combater. Se não debater e combater, isso não vai mudar, isso vai persistir. E o que acontece? Fica uma briga ideológica, política, em vez de tentamos implementar políticas sociais que vão, de fato, ser de grande importância para sociedade."

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Por fim, ele ainda acredita que essa votação serviu de alerta para conscientizar os brasileiros sobre a importância de escolher representantes eficazes.

Reprodução/TV Globo

"Eu tenho fé que tudo vai dar certo. Essa coisa aí vai ficar no passado, nós vamos seguir. Mas eu acredito que serviu para alertar todos nós sobre o perigo que é. De que forma estamos sendo representados, e de que forma estamos escolhendo esses representantes? Acho que isso ligou um alerta muito forte na minha cabeça e na de muitos brasileiros também. Se não ligou, tem algum problema, porque deveria ter ligado."

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