Estivemos na Cidade de Deus depois do ouro de Rafaela e isso foi o que encontramos lá

No centro onde treina a judoca, crianças e adolescentes se viram no lugar mais alto quando Rafaela Silva subiu no pódio.

Questionada sobre o que sentiu quando a judoca Rafaela Silva subiu ao pódio e recebeu sua medalha de ouro, a estudante Kailane da Cruz, 13, cravou com um semblante sério: "Eu vi eu lá".

O BuzzFeed Brasil foi a um dos centros de treinamento do Instituto Reação, na Cidade de Deus, e perguntou para as crianças como é lutar no mesmo lugar em que Rafaela treina.

Alexandre Aragão / BuzzFeed

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A Cidade de Deus (2002) ficou internacionalmente conhecida pelo filme homônimo, do diretor Fernando Meirelles (baseado na obra de Paulo Lins). A trajetória de Rafaela Silva rumo ao pódio transformou a vizinhança pobre do Rio em sinônimo de esporte e esperança.

Kailane treina no Reação há quase um ano e já foi para o grupo de alto rendimento — quando os treinadores percebem um atleta em potencial, o ritmo de treinos aumenta.

"No campeonato eu fico nervosa", ela conta, antes de explicar que lida com a ansiedade sozinha. "Eu fico pensando, aí uma hora vou lá e luto."

A irmã dela, Laylla, 5, também treina judô. As duas moram ali pertinho, na Cidade de Deus, na mesma área onde Rafaela cresceu.

Os treinos são gratuitos, e a ideia é incentivar crianças de áreas carentes a participar. "Eu comecei a fazer judô pela patroa da minha mãe, o filho dela faz", conta Jefferson de Souza, 13.

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Ele também se espelha no exemplo da campeã olímpica, com quem já compartilhou alguns treinos. De seus 13 anos de idade, Jefferson calcula que demoraria uma vida inteira pra ficar tão bom quanto ela: "Uns dez anos", ele chuta.

André Vasconcelos, 12, acha que a vitória de Rafaela foi importante não apenas para o esporte. "Em Londres criticaram ela, disseram que ela tinha que estar em uma jaula", ele diz.

"Agora ela deu um tapa na cara de quem criticou ela, com a medalha de ouro", completa o menino.

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Jéssica Licastro, 8, busca usar a seriedade de Rafaela como exemplo: "Ela é uma lutadora muito séria, eu também. Quando visto o quimono, é boca fechada pra riso", diz a jovem lutadora.

Mas ela já decidiu que não quer ser atleta, apesar de adorar judô. "Eu quero ser professora", diz. "Eu quero aprender judô de uma forma que seja pra me defender, quando eu precisar."

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A irmã dela, Ryana, 5, quer aprender judô, mas gosta mesmo é de balé — e pediu para posar na foto junto com a irmãzona.

Pedro Henrique, 4, assistiu à luta de Rafaela, mas não quis comentar aspectos técnicos.

Tímido, ele resumiu em quatro palavras sua opinião sobre a campeã olímpica: "Eu acho ela bonita".

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