Estes são os principais pontos do discurso de Dilma no Senado

Em defesa no julgamento, presidente afastada diz que "jamais cometeu ato ilegal", que impeachment começou com chantagem de Eduardo Cunha e que "golpe" que levou Temer ao poder usurpa 54 milhões de votos.

Em um discurso de 45 minutos no Senado, a presidente Dilma Rousseff disse que "jamais cometeu qualquer ato ilegal" e que seu processo de impeachment foi aberto por "chantagem explícita" do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Agora, Dilma responde a perguntas feitas pelos senadores. Este post está sendo atualizado em tempo real.

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Dilma disse que jamais renunciará e que "quem afasta o presidente pelo conjunto da obra é o povo, nas eleições".

Dilma é acusada de editar, em 2015, decretos de créditos suplementares sem aprovação do Congresso e de usar dinheiro de bancos estatais em programas federais numa espécie de empréstimos disfarçados, o que é vetado pela lei. Estas manobras contábeis ficaram conhecidas como "pedaladas fiscais".

Leia a íntegra do discurso aqui.

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Dilma foi afastada em maio quando o Senado acolheu o processo de impeachment, aprovado pela Câmara no mês anterior. Para que seja cassada, são necessários 54 votos (dois terços dos senadores).

As chances de sobrevivência da petista são pequenas. Em maio, 55 senadores votaram pela continuidade do processo e pelo afastamento de Dilma. Este mês, em nova votação preliminar, 59 senadores votaram contra a presidente afastada.

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Entre os convidados de Dilma, estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o compositor Chico Buarque. Eles assistem à sessão nas galerias do Senado.

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No discurso, Dilma Rousseff se disse vítima de um golpe, que usou a Constituição, para afastá-la sem crime de responsabilidade.

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"São pretextos, apenas pretextos, para derrubar, por meio de um processo de impeachment sem crime de responsabilidade, um governo legítimo, escolhido em eleição direta com a participação de 110 milhões de brasileiros e brasileiras. O governo de uma mulher que ousou ganhar duas eleições presidenciais consecutivas", discursou.

Ela chamou Temer de "usurpador":

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"São pretextos para viabilizar um golpe na Constituição. Um golpe que, se consumado, resultará na eleição indireta de um governo usurpador".

E criticou o interino:

Bruno Kelly / Reuters

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"A eleição indireta de um governo que, já na sua interinidade, não tem mulheres comandando seus ministérios, quando o povo, nas urnas, escolheu uma mulher para comandar o país. Um governo que dispensa os negros na sua composição ministerial e já revelou um profundo desprezo pelo programa escolhido pelo povo em 2014".

"Fui eleita presidenta por 54 milhões e meio de votos para cumprir um programa cuja síntese está gravada nas palavras 'nenhum direito a menos'. O que está em jogo no processo de impeachment não é apenas o meu mandato. O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição", discursou.

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O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, abriu o momento para os senadores fazerem perguntas para Dilma.

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A primeira senadora foi uma aliada de Dilma, Kátia Abreu (PMDB-TO), que foi ministra da Agricultura até maio. Ela não fez perguntas, mas um discurso emocionado a favor da presidente afastada.

Marcos Oliveira/Agência Senado

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Katia Abreu diz que subvenção ao plano Safra, uma das causas apontadas para afastada, foi criada por Fernando Collor (1990-1992) mas "só virou crime" com Dilma.

Depois, veio Ana Amélia Lemos (PP-RS). Ela foi eleita pelo mesmo Estado em que Dilma construiu sua carreira política, mas é adversária da petista.

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"Há que provar que tem crime de responsabilidade. Se não provar, senadora, é golpe, sim", respondeu Dilma a Ana Amélia.

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Os manifestantes pró e contra Dilma estão em Brasília. Ao lado da petista, movimentos sociais de sem-teto e sem-terra estão acampados do lado de fora. Já ativistas pró-impeachment acompanham o depoimento no senado. Leia mais aqui.

Tatiana Farah / BuzzFeed Brasil

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Dentro do Congresso, um dos mais fiéis aliados de Dilma, o ex-ministro Miguel Rossetto (PT-RS), diz que a resposta ao impeachment será uma campanha por eleições diretas.

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Sentados na galeria superior, Chico Buarque e o ex-presidente Lula são assediados para selfies.

tatiana Farah / BuzzFeed Brasil

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Opositores não se convencem das respostas de Dilma:

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Um dos momentos mais interessantes da longa sessão desta segunda foi o confronto de Dilma Rousseff com Aécio Neves (PSDB-MG), adversário que ela derrotou em 2014.

Geraldo Magela/Agência Senado

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O tucano disse que não há “desonra em perder a eleição”, mas defendendo ideias e cumprindo a lei, em contraponto com Dilma que venceu “faltando com a verdade e cometendo ilegalidades”.

Aécio disse que, ao contrário do que Dilma disse durante a campanha eleitoral, a inflação, recessão e crescimento da dívida pública. O tucano perguntou se Dilma se sente responsável pelos 12 milhões de desempregados que existem no país.

A presidente afastada voltou a dizer que a recessão econômica foi causada pela queda dos preços da commodities no mercado internacional, como ferro e petróleo. Ela também disse que a retomada do crescimento econômico foi atrapalhada pelas chamadas “pautas-bomba” do Congresso.

Dilma, por fim, dirigiu-se ao seu antigo antagonista: “Não respeito a eleição indireta, fruto de um processo de impeachment sem crime de responsabilidade”.

Edilson Rodrigues/Agência Senado

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