"No meio de tanta raiva, é bom a gente dar de volta amor, sabe?" - Alice Braga e Gabriel Leone falaram com a gente sobre "Eduardo e Mônica"

Com pré-estreias já rolando, o filme chega aos cinemas em 6 de janeiro.

Já faz 35 anos desde que o Brasil decorou os 4 minutos e 32 segundos de "Eduardo e Mônica", do Legião Urbana. E, agora, temos outros 114 para apreciar.

"Eduardo e Mônica", um filme que adapta a história da música para as telonas, chega aos cinemas neste fim de ano. Batemos, então, um papo com os protagonistas Alice Braga (Mônica) e Gabriel Leone (Eduardo). A conversa foi assim:

Buzz - Fala, gente! Obrigado por me receber! Queria começar perguntando: pra muita gente esse é o primeiro filme que o pessoal vai ver no cinema em muito tempo. Como vocês acham que ele vai conversar com esse momento?

Alice Braga: Eu espero muito que as pessoas se conectem com o filme, principalmente porque é um filme que fala de amor. Acho que a gente precisa falar de amor nos dias de hoje, a gente precisa falar das nossas diferenças, dos encontros, e eu acho que é um filme que estranhamente ele não tem muito data, sabe? Eu acho que ele pode falar com todas as épocas. E eu fico feliz de lançar um filme como esse agora, nesse momento do Brasil, que tá tudo tão difícil. Não só pela pandemia, mas por problemas políticos. Enfim, tanta tristeza, tanta raiva, tanto ódio, tanta violência que acho que é bom a gente dar de volta amor, sabe? Acho que a arte tem esse poder, então poder lançar um filme como esse pra tentar trazer um pouco de alegria que me deixa me deixa feliz.

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E como foi o período de quarentena pra vocês?

Gabriel Leone: Foi difícil, né? E olha que, como eu sempre falo, tive o privilégio de poder ficar em casa, de poder me sustentar, né? Tantas pessoas ficaram muito mal, da nossa classe inclusive. Profissionais, os técnicos... Eu acho que nunca tinha ficado tanto tempo sem trabalhar. E o trabalho é algo que me equilibra, que me motiva. Foi um período muito delicado, perdendo pessoas próximas com um um descaso absurdo na condução da pandemia, uma condição absolutamente genocida, né? Então poder, agora que as coisas estão voltando ao normal um pouquinho, estrear esse nosso filme - que é um filme leve, que fala de amor, de duas pessoas aprendendo a lidar com as suas diferenças, respeitando essas diferenças… Algo tão importante no nos dias de hoje. É muito emocionante, é uma alegria poder trazer esse filme nesses momentos. 

E como vocês construíram esse personagem? Estava tudo no roteiro ou teve espaço pra vocês contribuirem? 

Gabriel: O roteiro foi muito complexo, porque a música tem saltos temporais bem grandes. Quando a gente compara com o "Faroeste Caboclo", por exemplo, "Eduardo e Mônica" é uma música com metade do tamanho, então a gente teve que criar, quase que do zero, várias coisas. E o René [Sampaio, o diretor] foi muito aberto pra escutar nossas sugestões. É um filme muito concentrado no casal, conduzido por eles quase que 100% do tempo juntos. Então a minha visão e a da Alice foram muito importantes. A gente conseguiu contribuir bastante com esse universo que já tava redondo. 

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Teve algo específico que vocês conseguiram colocar no filme?

Gabriel: Uma das coisas que rolou foi que que assisti todos os filmes dos anos 80… 

Alice: AHHH ISSO FOI MUITO MARAVILHOSOO!!!! 

Gabriel: E fui incorporando, porque eu sabia que o Eduardo ia ter assistido "Caça Fantasmas", "De Volta Para o Futuro", "Karatê Kid", então tem algumas referências… não escancaradas, mas quem for nerd e ama esses filmes vai sacar. Eu quis homenagear essas coisas que o Eduardo com certeza seria fã.

E, falando já nestes filmes de época, como você acha que os anos 80 incorporaram na construção do filme? Ele ia ser muito diferente se passasse hoje? 

Alice: Com certeza, era uma época sem celular, né? A gente tinha que esperar o outro ligar, o ritmo do casal seria outro se a gente tivesse falando de um filme que se passa hoje em dia… 

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E vocês acham que é um casal que sobreviveria à pandemia, trancados numa casa? 

Gabriel: Acho que sim!

Alice: Também acho que sim! E quem viu o filme vai SABER que sim! HAHAHA

Gabriel: Eu acho que eles iam brigar bastante, ter as crises deles. Isso que eu acho lindo. O Renato conseguiu escrever um casal bastante real, com muita gente se identificando com um, com outro, ou com os dois. E todo mundo que teve uma convivência mais intensa na pandemia teve seus momentos bons, seus momentos ruins… e a música é sobre isso: sobre escolher lidar com isso em prol do amor. 

E o filme chegou nos cinemas gringos antes daqui, né? Estreou no Festival de Miami em 2020. Como foi recebido por lá?

Gabriel: Foi muito especial porque foram dias antes do lockdown, e foi a primeira vez no festival que abriram um dia extra pra um filme por causa da procura. E, claro, tinham muitos brasileiros, mas estava lotado de americanos. Então foi muito legal. 

Alice: Uma coisa muito linda nesse filme é que ele fala sobre amor, que é uma linguagem universal. Então acho que isso fala muito sobre essa recepção fora daqui!

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E os próximos projetos que vocês estão mirando, podem contar?

Gabriel: Eu tô filmando agora a segunda temporada de "Dom", e no ar com a novela "Um Lugar ao Sol". Mas ainda estou entendendo o que vai rolar depois, lendo. Mas com vários projetos legais. 

Alice: Eu acabei de filmar "Rainha do Sul" agora, foi a última temporada. E fiz um filme com a Netflix dos EUA também, chamado "Ivy", que deve sair aqui ano que vem. Também gravei um longa com o Robert Rodrigues chamado "Hipnotic", que deve sair também em 2022. Agora estou aqui no Brasil, vendo minha família depois de tempos pandêmicos, e entendendo o que vai rolar no ano que vem. Mas o trabalho é, de fato, o alimento da nossa alma, então estou empolgada! 

E você tem vontade de trabalhar na gringa, Gabriel? 

Gabriel: Muita! "Dom" foi super bem recebido lá fora, e acho que o streaming abre mesmo essa possibilidade de verem seu trabalho ali, imediatamente. Legal também porque isso dá espaço pra projetos que procuram atores de fora dos EUA. Eles querem se diversificar. Então tenho vontade pra caramba! 

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Pra finalizar: vocês têm noção de quantas vezes vocês ouviram a música durante o processo? 

Alice: Eu não ouvi loucamente não! Ouvi muito Legião, muita Elis, muito rock, sabe? Coisas que a Mônica ouviria. Bowie, etc… 

Gabriel: Na minha retrospectiva do Spotify de 2018, que foi quando a gente gravou, apareceu "Eduardo e Mônica" entre as mais ouvidas… mas eu acho que nem foi de tanto que eu ouvi, até porque sei a letra de cor, mas era mais porque quando a gente se reunia como equipe, sempre colocávamos - então acabou que foi uma música que tocou muito!

Caramba, 2018… pra vocês deve parecer uma eternidade já!

Alice: Foi… era até outro país, hahahaha!

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"Eduardo e Mônica" chega aos cinemas oficialmente em 6 de janeiro - mas com algumas pré-estreias acontecendo ainda em dezembro.

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