Conheça Wlad, o deputado desbocado que traiu Cunha e adora um confete

O parlamentar do baixo clero defendeu o presidente afastado da Câmara durante meses, mas votou a favor da cassação do peemedebista.

Este é o deputado Wladimir Costa (SD-PA). Integrante do Conselho de Ética da Câmara, ele passou os últimos meses defendendo o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Via TV Câmara/Reprodução

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Os confetes, segundo Wlad — como o parlamentar é conhecido —, representam o “tiro no coração” que os governos petistas deram no país. Ele cunhou a expressão na sexta-feira que antecedeu a votação final do impeachment na Câmara.

“O que Lula e Dilma faz (sic) é um acinte. É uma agressão, uma aberração. É um verdadeiro, deputado Francischini, um verdadeiro tiro de morte no coração, na alma, do povo brasileiro”, disse Wlad na sessão da Câmara que selou o prosseguimento do impeachment de Dilma Rousseff.

Ao descer da tribuna, aparentemente fora de qualquer contexto, Wlad declarou a colegas: "Sou o maior fodedor do Pará".

Na terça (14), Wlad virou notícia ao virar a casaca: ele estava defendendo Cunha, mas quando viu que o aliado ia perder no Conselho de Ética, mudou de ideia e votou contra o peemedebista.

Sério, mascando um chiclete o tempo todo, o deputado disse que fatos novos ensejaram a súbita mudança.


TV Câmara/Reprodução

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Disse o excelentíssimo: "A minha relação de amizade, com o Eduardo [Cunha], foi quando nós estivemos por 13 anos no PMDB. Saímos do PMDB e seguimos para o partido Solidariedade, aonde estamos muito feliz (sic)".

Nesta quarta (16), em entrevista ao jornal "O Globo", o parlamentar defendeu a mudança súbita de voto e aproveitou para criticar o recém-ex-aliado Eduardo Cunha: "Lamento profundamente que o colega esteja nesse calvário, mas cada um que faz o seu mingau que beba", afirmou. "Não foi minha mulher gastando US$ 1 milhão com sapatos e roupas de grife."

O Solidariedade é comandado pelo deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, aliado de Cunha “para o que der e vier”, em suas próprias palavras. Talvez por isso Wlad tenha acrescentado o seguinte: “Eu não quero aqui frustrar o meu partido ou quem quer que seja, ou alguns que imaginavam que nós iríamos votar diferente”.

O BuzzFeed Brasil procurou Paulinho na tarde desta quarta (15). Ele não quis comentar a atuação de seu correligionário.

Durante as discussões no Conselho de Ética, o deputado bateu boca várias vezes. Na mais acalorada discussão, chamou o colega Zé Geraldo (PT-PA) de ‘vagabundo’, ‘chefe de quadrilha’ e ‘patife’, entre outros insultos.

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Zé Geraldo disse que Wlad é “mais sujo do que pau de galinheiro”.

Em um minuto, Wlad respondeu chamando Zé Geraldo de:

  • “Membro de quadrilha”.
  • “Chefe de quadrilha”.
  • “Vagabundo”.
  • “Bandido”.
  • “Patife”.
  • “Figura enojada” (sic).
  • “Figura asquerosa”.
  • “Figura indigesta”.

Ele também aproveitou seu voto pelo impeachment de Dilma para cutucar o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que declarou que deixaria o Brasil caso a petista caísse. Wlad ofereceu uma passagem aérea, "só de ida".

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"Presidente [Eduardo Cunha], um colega nosso aqui da Câmara, cujo nome não vou citar, disse que, se nós cassarmos a Presidente Dilma hoje, ele vai se mudar do Brasil. Eu já comprei a passagem dele, sem volta. Saia daqui, porque nós vamos cassar o Brasil (sic), em nome do Pará!", disse Wlad, que completou seu voto com uma frase de efeito: "E quem vota sim coloca a mão para cima! Coloca a mão para cima!". Ato contínuo, vários colegas seguiram a deixa.

Atualmente, Wlad responde a quatro ações no Supremo Tribunal Federal. Três delas por ser desbocado: são acusações de difamação, calúnia ou injúria.

Via Supremo Tribunal Federal/Reprodução

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O ex-senador Ademir Galvão Andrade — preso em 2006 pela Polícia Federal —, por exemplo, processou Wlad por causa dos comentários que o deputado fez sobre a notícia em seu programa de televisão, transmitido apenas no Pará.

Outro que entrou na Justiça contra Wlad por algo que escapuliu de seus lábios foi o deputado Edmilson Brito Rodrigues (PSOL-PA), ex-prefeito de Belém. Rodrigues também se sentiu difamado por comentários que seu colega fez em seu programa televisivo.

O então prefeito de Nova Timboteua (PA), Antônio Nazaré Elias Correa (XX), também processou Wladimir Costa por injúria e difamação. O deputado disse, em entrevista a uma rádio, que o adversário é usuário de drogas.

No quarto processo a que responde no STF, Wlad é acusado de ter empregado funcionários fantasmas em seu gabinete com a ajuda do irmão, Wlaudecir. Com o esquema, ele teria desviado cerca de R$ 210 mil, de acordo com o Ministério Público.

Outra investigação, que corre sob sigilo na Justiça do Pará, apura se o deputado auxiliou um empresário acusado de pedofilia a se safar.

O BuzzFeed Brasil tentou entrar em contato com Wladimir Costa na tarde desta quarta (15). Um assessor do deputado informou que ele estava viajando entre Brasília e Belém, e retornaria a ligação. Este post será atualizado caso haja novas informações.

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