Como quatro mulheres transformaram um caso de racismo em um movimento na internet
A partir de um vídeo que viralizou, elas criaram o canal “Estaremos Lá” para falar de inclusão e diálogo.
O vídeo termina com uma frase que virou hashtag e o nome da página das meninas: "estaremos lá".


Em entrevista ao BuzzFeed Brasil, Stella, Bia, Carol e Samantha contam que fizeram o vídeo apenas para desabafar sobre o fato com seu círculo de conhecidos. No dia em que o caso do shopping aconteceu, Stella havia recém ajudado o irmão de 15 a lidar com algo parecido, pois ele havia sido expulso sem razão de uma loja.


BuzzFeed Brasil
Elas contam que postaram o vídeo no sábado de manhã e que ao meio-dia ele já tinha mais de mil visualizações e logo começaram a ligar umas para a outras.
"Acredito que o crucial do vídeo, além de abordar o tema do racismo, é o jeito que falamos sobre isso, com leveza e humor", diz Carol. "Porque aquilo não foi um caso isolado, e nossa reação não foi ensaiada para o vídeo, mas é como a gente lida com as situações do nosso dia a dia, e foi isso que fez as pessoas se identificarem".
"Eu não tive vontade de destratar a pessoa, tive vontade de entender", conta Stella. "Queremos falar com quem reage assim e perguntar 'por que sua cabeça é assim? Você tem vontade de mudar? Vamos conversar!'", dizem Bia e Samantha.


As quatro meninas estão animadas com a repercussão e querem continuar abordando temas como inclusão social e diálogo entre pessoas que pensam diferente, tentando mudar formas de ver o mundo.
“Não é vitimismo, não é mimimi. Se a gente for passar textão ou dar o troco para cada opressor que a gente encontrar, vamos passar a vida fazendo isso. A gente quer criar empatia, mostrar que as coisas podem não ser como você pensa”, diz Stella.
Foram tantas as mensagens e os comentários pedindo por mais vídeos que as quatro meninas, que se conhecem há cinco anos por frequentar a mesma igreja, decidiram criar um canal no YouTube e uma página no Facebook.


"Você não imagina quantas pessoas entraram em contato com a gente relatando casos parecidos, até de negros cujas próprias famílias não querem que eles usem tranças ou cabelo black. A internet chegou para que todos possam ter mais referências, porque para nós tem as negras globais, a Beyoncé, ou nada. A gente quer ser uma referência gente como a gente, igual às pessoas que nos seguem", explica Stella sobre o que o grupo quer fazer com os canais.