9 motivos pelos quais adultos não devem assistir "A História Sem Fim"

Lembra esse filme que você amou quando era criança? NÃO ASSISTA DE NOVO.

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Quando eu era criança, lembro de adorar assistir A História Sem Fim, um espetacular filme de fantasia de 1984 cheio de dragões da sorte, imperatrizes infantis, comedores de pedras e tartarugas gigantes que espirram. Eu assisti algumas vezes em VHS quando estava na escola primária e, alguns anos depois, pensava no filme de forma profundamente afetuosa e nostálgica.

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E eu deveria ter parado por ali. Infelizmente, o reassisti quando já era adulto e foi uma experiência desoladora e estraga-prazeres. Alguns filmes são melhores quando deixados na infância para serem revisitados na linda névoa da memória. A História Sem Fim definitivamente é um desses filmes. Quando crianças, costumamos perdoar qualquer tipo de falha cinematográfica, se é que as notamos. Infelizmente, quando adultos, isso é bem mais difícil de fazer. Aqui estão todas as razões pelas quais adultos nunca, jamais deveriam tentar assistir esse filme de novo:

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1. É lento. Incrivelmente lento.

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O filme tem apenas 90 minutos e ainda assim parece que faz jus ao seu nome. Acho que, quando era criança, acabava sendo levado pelo ambiente fantástico e não me importava em ver Bastian (Barret Oliver) e Atreyu (Noah Hathaway) olhando para o horizonte ou viajando por longos caminhos pelo que parecia ser uma eternidade. Mas, como adulto mal humorado, é angustiante perceber que eu não tenho mais paciência pra isso - os personagens apenas não são interessantes o suficiente na tela para prenderem a minha atenção por si sós.

2. Muitas vozes dos personagens não combinam com seus lábios, e isso é realmente distrativo.

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Assim que Bastian abre o livro homônimo, nós somos recebidos por três personagens prestes a se encontrarem com a Imperatriz acerca da ameaça invasiva do Nada: Come-pedra (o homem pedra gigante), Elfo Noturno (o diabinho com cara de esquilo que voa em um morcego gigante) e Teeny Weeny (um cavalheiro indiano bem vestido que anda num caracol de corrida). Eu quase consigo perdoar o fato de que a boca do Come-Pedra não combina com suas palavras - eram bonecos usando uma tecnologia de 1984. Mas os dois personagens interpretados por humanos de verdade também sofrem com trabalhos terríveis de dublagem. A voz de Teeny Weeny parece a de um americano nos seus vinte e poucos anos que normalmente faz redublagem em inglês de filmes animados. Como adulto, isso me desconecta do filme. Muito irritante!

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3. Atreyu grita na maioria das suas falas.

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PARE DE GRITAR TANTO, ATREYU! NÓS CONSEGUIMOS TE OUVIR DIREITO E CENAS EMOCIONALMENTE IMPACTANTES NÃO PRECISAM SER TRANSMITIDAS GRITANDO NO MESMO VOLUME O TEMPO TODO!

Viu? Não é bem melhor assim? E esse discurso retórico não me faz parecer o homem mais velho do mundo?

4. Falkor, o dragão da sorte, é tremendamente assustador.

Eu poderia ignorar o fato de que Falkor sofre do mesmo problema de boca aleatória que aflige tantos outros personagens no filme. Eu poderia perdoar o fato de que a animatrônica usada para dar vida a Falkor não é moderna assim como, digamos, a usada em Jabba, the Hutt no filme de 1983 O Retorno de Jedi. Mas meu cérebro adulto tristemente arruinado não pôde deixar de se encolher na cena onde, depois de Atreyu acordar nos braços de Falkor, o dragão da sorte diz para o jovem garoto "Eu gosto de crianças!". Ele então fala para Atreyu "você conversou enquanto dormia", pisca, pede a ele para coçar atrás da orelha e então geme "Isso é tãããão booooom."

Eu não quero ficar com vergonha alheia aqui, mas fico. (Eu também não estou sozinho)

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5. É implacavelmente deprimente.

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Fica claro desde a primeira cena que o filme é apenas uma enorme metáfora para o luto de Bastian pela morte de sua mãe, depois que o pai de Bastian (o próprio Major Dad, Gerald McRaney) dá esse conforto duro como pedra ao seu filho: "Bastian, nós temos nossas responsabilidades e não podemos deixar a morte da mamãe ser uma desculpa para não fazer o que devemos, certo?"

Mas nossa, esse filme tem um fetiche pela tristeza. Há também os Pântanos Mortais da Tristeza, no qual o cavalo de Atreyu, Artax, desiste e afunda. Há a tartaruga anciã, Morla, tão velha que não se importa em não se importar - com nada. Há a cena na qual Come-pedra, desolado por não poder salvar seus amigos do Nada, diz a Atreyu "o Nada chegará em um minuto. Eu vou apenas sentar aqui e deixá-lo me levar também". E há o próprio Nada, uma potente metáfora para depressão clínica, como se espera encontrar em um filme infantil.

6. Falando do Nada, ele na verdade parece um monte de nuvens negras e redondas - o que, tecnicamente, é alguma coisa.

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Apenas adultos pensam em coisas técnicas. Adultos são os piores.

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7. O confronto final entre Atreyu e Gmork é lamentável.

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Durante o filme, Atreyu é perseguido, sem saber, por um lobo malvado com olhos brilhantes chamado Gmork, porque os meus pesadelos de infância aparentemente não eram assustadores o suficiente. É claro, se eu tivesse tido um entendimento mais sofisticado da história e os perigos em expor o terceiro ato, eu teria rido de Gmork depois do seu confronto com Atreyu - com revelação extremamente inúteis.

Sobre Fantasia: "é o mundo da fantasia humana. Cada parte, cada criatura é uma peça dos sonhos e esperanças da humanidade. Por isso, ela não tem limites".

Sobre o Nada: "é o vazio que sobra. É como o desespero, destruindo esse mundo. E eu tenho tentado ajudá-lo".

Sobre o porquê de ele estar ajudando o Nada: "porque as pessoas que não têm esperanças são fáceis de controlar. E quem tiver o controle, terá o poder!".

Essa última afirmação realmente não faz nenhum sentido - se Fantasia não tem limites, então como alguém pode controlar a humanidade a partir dela? Mas isso não importa, pois Atreyu se revela a Gmork, pegando um punhal de pedra, e Gmork consegue pular bem em cima dela, se espetando e morrendo mais ou menos instantaneamente.

Ha ha ha.

8. A revelação no clímax é ainda mais lamentável.

Finalmente - finalmente! - Atreyu aprende com a própria Imperatriz Criança que a única forma de parar o Nada é Bastian dar um novo nome a ela - algo que ela sempre soube. O que, você sabe, OK, é uma charada decente e uma boa metáfora sobre como nós criamos nossas próprias histórias e tal. Mas, quando Bastian finalmente dá um novo nome a ela, ele grita algo incompreensível em uma tempestade. Se o nome dela é tão importante, por que nós não conseguimos entendê-lo? Somos levados a pensar que ele gritou o último nome de sua mãe, então por que não poderíamos ouvi-lo? No livro de Michael Ende, que inspirou o filme, Bastian grita "Moonchild", mas quantas mães do subúrbio em 1984 se chamavam "Moonchild"?

E por que isso não me incomodou quando eu tinha 7 anos?

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9. A música tema ficará grudada na sua cabeça por dias e dias e dias.

"A História Sem Fimmmmmm! Ahh-aa-ahh! Ahh-aa-ahh! Ahh-aa-ahhhhhh!"

De nada!

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