10 vezes em que cartunistas nos ajudaram a pensar sobre o Brasil

Com o ataque à revista francesa Charlie Hebdo, muito foi falado sobre cartuns. Resolvemos lembrar aqui alguns exemplos importantes de cartunistas brasileiros

"A natureza do humor é ser contra. Contra a autoridade, o estabelecido. A natureza do humor é revelar o que está escondido por trás da aparente normalidade, do poder."

A frase é do cartunista brasileiro Claudius Ceccon, um dos fundadores do Pasquim, publicação semanal que surgiu em 1969 e que fazia oposição à ditadura militar com sátiras e cartuns.

Georges Wolinski, cartunista da Charlie Hebdo, assassinado no ataque terrorista no último dia 7 em Paris, disse que "os humoristas são amantes da liberdade" e que com a contribuição dos cartunistas "o futuro parece mais democrático do que o passado".

No Brasil, cartunistas nos ajudaram a entender e questionar vários momentos históricos do país.

1. Cartum do Henfil durante o movimento das Diretas Já.

O cartunista e jornalista Henfil foi quem chamou pela primeira vez o movimento pelas eleições diretas para presidente de Diretas Já. O mineiro fez dezenas de charges pró-democracia --morreu em 1988, um antes de ver o brasileiro votar.

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2. Sátira do Jaguar de música tema da Copa do Mundo de 70.

Charge de Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar, tira sarro de letra de música da época tema da Copa do Mundo de 70. Foi publicada no Pasquim durante a ditadura militar.

3. Crítica de Claudius Ceccon à repressão durante o período de ditadura militar.

Claudius Ceccon, um dos maiores nomes de cartunismo brasileiro, foi preso pela ditadura e depois foi para Genebra em 1971 como exilado político. Na charge acima ele faz piada com o nome do DOPS, Departamento de Ordem Política e Social, cujo objetivo era controlar e reprimir movimentos políticos e sociais contrários ao regime no poder.

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4. Cartum de Luiz Agner sobre a situação da saúde brasileira na era FHC.

Luiz Agner, cartunista carioca que começou a desenhar no Pasquim com 16 anos, debochou no cartum de frase do economista Antonio Delfim Netto, ministro da fazenda durante o regime militar, entre 1969 e 1974, para chamar atenção para as condições da saúde no país. Delfim costuma dizer que era preciso “fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”, em referência à economia nacional.

5. Desenho de Angeli sobre a vitória folgada de Alckmin e a crise da água em SP.

Angeli aproveitou dois temas para reproduzir Alckmin como rei do deserto: a reeleição folgada do governador, com 57% dos votos, e a a crise da água em SP.

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6. Tirinha de André Dahmer sobre homossexualidade.

André Dahmer mantém o site Malvados com críticas politicamente incorretas aos costumes e prisões do dia-a-dia. Homossexualidade, corrupção e ganância são alguns dos temas preferidos do carioca.

7. Cartum de Millôr Fernandes sobre desigualdade social.

Millôr Fernandes, desenhista e jornalista, era dono de um estilo ácido e fazia muitos cartuns sobre temas sociais.

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8. Tira de Laerte Coutinho sobre emprego.

A vida corporativa é tema de uma série inteira da quadrinista Laerte Coutinho, que também faz tiras sobre homofobia e religião.

9. Crítica de Glauco à grandes metrópoles.

Glauco criou o personagem Zé Malária para criticar o comportamento dos habitantes das grandes cidades e para mostrar como crescemos desconectados da natureza.

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10. Escândalo da Petrobrás em charge de Jean Galvão.

Jean Galvão, cartunista na Folha de S. Paulo e na editora Abril, sobre o escândalo da Petrobrás.

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