10 coisas que aprendi participando de um processo de seleção do "BBB"

Sim, eu fui pré-selecionada para o Big Brother Brasil de 2017.

1. Você não precisa ir atrás do BBB para o BBB ir atrás de você.

Reprodução / Facebook

No dia do meu aniversário em 2016, recebi uma inbox no Facebook de uma olheira do BBB. Na mensagem, ela explicava que tinha me mandado uma outra mensagem três dias antes me convidando para participar de um processo de seleção para o programa. Em 2016, a Globo passou a incluir no seu processo de seleção uma busca por pessoas interessantes na internet. Na época eu mantinha o meu blog "Que nega é essa?" e foi por ele que ela chegou em mim.

Nem preciso dizer que considerei a mensagem no meu aniversário como um sinal do universo, né? Eu não sabia se queria de fato entrar no BBB, mas logo respondi topando participar. Mal sabia que isso teria um impacto muito grande na minha vida, mesmo não tendo sido selecionada para o programa.

2. Esse vai ser o segredo mais difícil de guardar.

Reprodução / Facebook

No final da mensagem, a olheira avisou que o processo de seleção é confidencial e que se qualquer informação vazasse, eu seria desqualificada imediatamente. Agora imaginem uma pessoa que fala muito e adora compartilhar intimidades nas redes sociais tendo que guardar esse segredo maravilhoso?

Eu sofri demais. Conversava com meus amigos e queria contar que uma coisa muito louca estava rolando na minha vida e não podia. Então adotei como estratégia contar para algumas poucas pessoas de confiança apenas pessoalmente. Foi ótimo, todas me apoiaram e ficaram muito empolgadas para que eu entrasse no programa de fato. Foi muito bom não ter vivido isso sozinha.

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3. No final, você vai sentir que eles sabem mais de você do que você mesma.

Reprodução / Rede Globo / Via gph.is

Depois do primeiro contato, a olheira me ligou algumas vezes e deu algumas orientações para seguir no processo seletivo. Ela pediu para eu entrar no site do BBB, me inscrever como se fosse uma candidata comum e passar o meu número de inscrição para ela achar no sistema.

Eu respondi mais de 70 perguntas sobre a minha vida. No final, percebi que eles sabiam mais de mim do que eu mesma. As perguntas eram tão profundas que, após as duas horas que gastei respondendo, senti que tinha saído de uma sessão de terapia.

Depois disso me chamaram para uma entrevista por Skype que durou apenas 15 minutos. Essa entrevista me deixou muito nervosa, já que mal me deixavam terminar o que estava dizendo. A maior parte das perguntas eram sobre o período em que eu estava na faculdade. Eu tinha me formado um ano antes e devo admitir que foi uma fase bem louca na minha vida. E isso é tudo o que eu posso falar aqui.

4. Você vai questionar o seu relacionamento antes mesmo de ser chamada para o programa.

Reprodução / Rede Globo

Depois de responder o formulário, me dei conta que teria conversar sério com o meu namorado. O processo seletivo teve muitas perguntas sobre relacionamentos, o que indicava que isso é algo crucial no programa, e é mesmo.

Lembro que eu e meu namorado fomos num rodízio japonês e ficamos umas 4 horas conversando sobre a forma que enxergávamos traição, compromisso e as expectativas que tínhamos um com o outro. Ele é o total oposto de mim e muito reservado. Se eu entrasse no BBB, a vida dele também seria afetada e eu precisava saber como ele ia encarar isso.

No final de tudo, foi muito bom esse intensivão de DR porque isso nos aproximou ainda mais e nos ajudou a tomar uma decisão ainda mais importante: dividirmos o mesmo teto.

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5. E você também vai preparar um discurso para explicar para o seu chefe por que você vai sumir por três meses.

Reprodução / Rede Globo / Via daqui.opopular.com.br

Além do namorado, eu também precisaria avisar o meu chefe, né? Então por bem eu contei para a minha coordenadora, que com o tempo tinha se tornado minha amiga. Quando me ligavam e eu estava no trabalho, eu avisava o que era e ficava tudo bem. No final, nem tive que fazer esse comunicado oficialmente, já que uma semana antes de ser chamada para a próxima etapa eu fui demitida. O que eu também encarei como um sinal do universo.

6. Uma das etapas da seleção é ficar trancado por horas numa sala com os outros candidatos. E isso já vai fazer com que você sinta que está dentro do BBB.

Reprodução / Rede Globo / Via gph.is

O primeiro contato que fizeram comigo foi em junho. E só em novembro que retornaram avisando que eu tinha passado para a próxima fase. A coisa toda rolou num hotel muito chique próximo da Avenida Paulista, em São Paulo.

Logo que cheguei, assinei um contrato de confidencialidade. Achei estranho que só eu e mais duas mulheres fizeram o mesmo. Também achei isso um sinal, mas no final era nada, né? Logo depois, o meu grupo entrou numa sala que já tinha outras pessoas. Ninguém explicou nada, fomos jogados lá e deixados por 2 horas.

Com o tempo, fui sacando que aquela não era uma sala de espera, mas sim uma das dinâmicas que passaríamos no dia. As pessoas estavam vestidas e agiam como se estivessem numa balada. Eu fui com um tênis de skatista e isso me deixou bem insegura, já que eu era a única mulher que não estava de salto.

O grupo de pessoas que já estava lá foi chamado e o meu ficou. Só aí eu saquei que algumas pessoas na sala eram da equipe e estavam com uma prancheta nos observando e anotando tudo. E mais, elas se revezavam.

Na sala tinham alguns pufes, sofás, mesas com joguinhos, revistas, comida e tablet para escolhermos a playlist. Logo uma rodinha se formou e o pessoal começou a dançar. As pessoas eram tão forçadas e convencidas da sua beleza que eu comecei a me irritar. Então formei o meu bonde com outra garota negra e um rapaz gay e ficamos no canto falando mal de todo mundo.

AÍ EU ME DEI CONTA QUE SE ENTRASSE NO BBB EU SERIA AQUELA PESSOA QUE FALA MAL DE TODO MUNDO.

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7. Quando sai a lista final de participantes, você logo saca quem entrou no seu lugar.

Reprodução / Rede Globo / Via eaipop.com.br

Depois dessa simulação de uma festa do BBB, fomos para outra sala e participamos de algumas dinâmicas de grupo. Eles queriam saber como enxergamos o mundo, o que pensamos sobre temas polêmicos e como nos comportamos. Eu me esforcei bastante em ser uma pessoa agradável, mas o meu limite chegou quando tivemos que debater sobre assédio.

É óbvio que tiveram homens defendendo outros homens e dizendo coisas como "estou dizendo isso porque estou do lado do meu parça. Nós, homens, precisamos nos apoiar". Eu tentei explicar, tentei ser didática, mas não rolou. Eu fechei a cara, me calei e o pessoal da equipe me provocou ainda mais para que eu jogasse uma bomba na sala.

Nessa hora percebi que eu estava no perfil "ativista feminista negra que vai protagonizar alguns barracos e deixar a galera milituda da internet pirada na representatividade". Quando saiu a seleção final, eu me vi na Roberta. Eu torci muito por ela, pena que ela se perdeu um pouco ao longo do programa.

8. Enquanto não começa o programa, você não consegue seguir a sua vida normalmente, porque podem te ligar a qualquer momento e fazer sua vida mudar radicalmente.

Reprodução / Rede Globo / Via mundodoreality.blogspot.com.br

Quanto mais o final do ano se aproximava, mais eu ficava ansiosa. Os meus amigos que sabiam também estavam. Pense em uma coisa ainda pior do que esperar a resposta de uma entrevista de emprego. Eu não queria assumir compromissos a longo prazo porque poderia ser chamada para o BBB. Na virada do ano, eu ainda estava nessa. Tudo começou a girar em torno do BBB.

Se eu menstruava, logo pensava em como seria menstruar na frente do Brasil todo. Se eu tinha um porre e passava mal, questionava se estava preparada pra vomitar na televisão. TUDO era motivo para pensar no BBB.

Eu já sabia qual música cantaria quando entrasse ("Cheguei", da Ludmilla), quem ficaria responsável pelas minhas redes sociais e qual seria o meu discurso caso eu ganhasse o programa.

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9. O orçamento para os seus desejos instantaneamente pula para 1,5 milhão de reais.

Reprodução / Rede Globo / Via gph.is

Essa foi a minha fase favorita. Eu comecei a planejar o que faria com 1,5 milhão de reais. Eu compraria uma casa, investiria no meu canal no YouTube e faria alguns cursos fora do Brasil. Mas aÍ me dei conta que, se eu comprasse uma casa em São Paulo, sobraria pouco dinheiro. Comecei a ficar desesperada com isso, seria muito exposta e a grana acabaria logo.

Foi muito bom me sentir rica por um tempo, pena que o sonho acabou antes mesmo de sequer eu receber uma negativa como resposta da produção.

10. Quando você não é selecionado, tudo o que te resta é acompanhar o BBB e imaginar como você reagiria em cada situação.

Reprodução / Rede Globo / Via gph.is

Eu virei a maior fã de BBB e fiquei fissurada no programa. Acompanhei a edição inteira de 2017 e nenhum amigo meu estava na mesma vibe. Então, tudo o que me restou foi seguir vários perfis no Twitter que comentam o programa. Na minha cabeça, eu protagonizei várias brigas com o Marcos. Mas, por fim, concluí que foi melhor não ter sido selecionada, o meu momento de brilhar ainda vai chegar e eu não vou precisar menstruar na frente do Brasil inteiro.

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