Qual defensora dos direitos das mulheres é você?

Há 50 anos, Lélia já incluía gênero e raça nos debates sobre direitos humanos. Ela defendia um movimento feminista mais amplo, que incluísse também mulheres negras e indígenas. Figura central do Movimento Negro Unificado (MNU), ela trouxe para o Brasil — e para o mundo — uma visão afro-latino-americana do feminismo e se tornou um ícone até mesmo para quem hoje é referência. “Por que vocês precisam buscar uma referência nos Estados Unidos? Eu aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês comigo”, disse Angela Davis, líder do feminismo negro norte-americano.

Eleonora é uma ativista do Recife que integra o ‘Mães pela Igualdade’, movimento nacional formado por mulheres que lutam contra a LGBTIfobia sofrida por seus filhos e filhas. Em 2011, Eleonora teve o filho José Ricardo, de 24 anos, morto em um crime violento de homofobia. Desde então, ela percorre escolas, organiza palestras e advoga junto ao governo e outras instituições na busca por apoio e, sobretudo, pela sensibilização das famílias por aceitação e respeito à identidade de gênero e orientação sexual.

Célia é uma mulher indígena de 31 anos e defensora dos direitos dos povos da terra e do meio ambiente. Professora e poeta, ela abre caminho e incentiva que pessoas indígenas ocupem não apenas seus territórios, mas também outros lugares como a ciência e a política. “Nós, mulheres indígenas, temos cicatrizes profundas”, diz. “E rememoramos essas marcas não para lembrar da dor, mas para entender a possibilidade e os caminhos de cura.”

Nísia é considerada a primeira educadora feminista do Brasil. Nascida em 1810, ela publicou seu primeiro livro, "Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens", aos 22 anos. Ela defendia o acesso das mulheres ao mesmo nível de educação que os homens recebiam na sua época. “Por que eles se interessam em nos separar das ciências a que temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos com eles, ou mesmo os excedamos na administração dos cargos públicos, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham?”.

Maria Beatriz foi uma pesquisadora, escritora e ativista pelos direitos humanos e do movimento negro. Ela é considerada como uma das primeiras historiadoras a questionar a abordagem acadêmica, majoritariamente branca, de temas relacionados a pessoas negras na sociedade brasileira,. Feminista, também foi grande crítica da condição de inferioridade à qual as mulheres de sua época eram submetidas. Beatriz lutou pelas mulheres até a sua morte: em 1995 foi assassinada, vítima de feminicídio, ao defender uma amiga de um companheiro violento.

Bertha foi uma das maiores lideranças da luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras. Ela desempenhou um papel fundamental na aprovação do direito das mulheres de votarem e serem votadas. Em 1936, tornou-se deputada federal e lutou contra o trabalho infantil e por propostas de mudança na legislação referente aos direitos trabalhistas das mulheres. Além da igualdade salarial, defendeu a licença de três meses para gestantes e a redução da jornada de trabalho. A inclusão da igualdade de direitos entre homens e mulheres na Carta da ONU, documento lançado em 1945 que criou as Nações Unidas, foi fruto da insistência de diplomatas latino-americanas lideradas por Bertha Lutz.