Virada Cultural tem investimento quase todo no Metaverso

A prefeitura de São Paulo anunciou a Virada Cultural do Metaverso, mas não explicou como vai funcionar no mundo real.

Para quem não sabe, a Virada Cultura é um evento paulistano bastante tradicional, que dura 24 horas com vários tipos de apresentações culturais, como dança, teatro e shows de artistas nacionais renomados.

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Esse é o único edital aberto para a Virada Cultural neste ano, marcada para acontecer entre os dias 27 e 28 de maio com o nome Virada Cultural no Metaverso 2023.

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O edital aponta o investimento de R$ 10.118.500 para a realização do evento.

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O valor total previsto no Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2023 da cidade de São Paulo para o evento é de R$ 11,5 milhões.

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Para comparar, em 2022, a Virada Cultural aconteceu em diversas regiões de São Paulo e contou com mais de 300 atrações, incluindo artistas nacionais como Ludmilla, Luísa Sonza e Pitty.

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A "Virada do Pertencimento" chegou a receber mais de 3 milhões de pessoas.

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No ano passado, a Prefeitura investiu R$ 13 milhões no evento.

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Caso você não esteva familiarizado com o termo, o cientista cognitivo e professor Diogo Cortiz (PUC-SP) explica o que é Metaverso:

"É um espaço tridimensional, um mundo virtual que as pessoas possam interagir, muitas

vezes por meio de avatares. O Metaverso, a proposta final, é ser um espaço totalmente

imersivo. Ou seja, que você vai conectar com óculos de realidade virtual, usando luvas, fone

de ouvido para estar imerso a esse ambiente virtual. Então, é uma tecnologia para o

futuro", diz.

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Cortiz também analisa o edital da prefeitura. "O que chamou a atenção nesse edital é que ele é muito amplo e não define qual metaverso que se quer, não se coloca requisito. Tem horas que fica até confuso, porque eles falam de streaming. Será que uma página com streaming de vídeo é considerado metaverso?”

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enviou um ofício para pedir explicações à Prefeitura e à Secretaria de Cultura da cidade sobre o investimento no evento.

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"A Virada Cultural está indo para sua 17ª edição presencial na cidade, sendo um dos

eventos mais queridos pela nossa população pelo histórico de acesso, gratuidade e gradual

aumento de sua presença nas periferias", falou Erika Hilton à coluna.

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Segundo a deputada, a questão tem a ver com as decisões políticas do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

"Virada Cultural pra ser descentralizada e chegar com força em várias partes da cidade precisa de recursos e reduzir o investimento na virada cultural e passar a investir e metaverso é um contrassenso. Nada contra o metaverso, mas, na prática, o que Ricardo Nunes está fazendo é reduzindo acesso à Cultura,” afirma a parlamentar. "Considero irresponsável tirar quase R$ 10 milhões da Virada Cultural ao mesmo tempo que investe R$ 10 milhões no dito metaverso".

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