5 verdades sobre o movimento body positive
Alguns dos ensinamentos que adquiri quando passei a fazer parte desse movimento.

Meu nome é Juliana Ferraz, sou empresária, mãe, baiana, ativista do corpo positivo e uma mulher gorda desde sempre. Já fui mais ou menos gorda, mas ser gorda é parte de mim há muitos e muitos anos. Já me entupi de remédios, já fiz dietas malucas, já me escondi atrás das pessoas para tirar foto, já evitei o espelho muitas vezes e já me senti desconfortável com quem eu sou muitas e muitas vezes.


Foto: Leca Novo/Divulgação
Demorei a entender que essa minha espécie de vergonha de ser quem eu sou, era fruto de anos e anos sendo exposta a imagens de mulheres “perfeitas" nas capas de revistas, na televisão e, principalmente, nas redes sociais. E mais do que isso, de ouvir muitas vezes de pessoas próximas que eu precisava emagrecer, que eu nunca ia ser uma mulher bem sucedida sendo gorda, e outros insultos gordofóbicos.
Hoje eu sou uma ativista, e uso a minha voz em favor do Corpo livre, pois foi com ele que aprendi, aos trancos e barrancos, a me amar, me respeitar e, antes de tudo, me valorizar. E devo isso muito a uma comunidade de pessoas que levam esse assunto como uma bandeira, e mostram para a gente que precisamos entender que cada pessoa é diferente, e cada individualidade precisa ser respeitada e valorizada.
Por isso, quero compartilhar por meio desse conteúdo, alguns dos ensinamentos que adquiri a partir do momento em que conheci e passei a fazer parte desse movimento tão importante.
1. Não é só sobre corpos gordos.


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Quando se fala em body positive, muita gente pensa que é só sobre mulheres gordas. Pois bem, é isso também. Mas não é só isso. Body positive também é sobre homens. Sobre pessoas com deficiência. Sobre pessoas de nariz grande. Sobre gente e suas cicatrizes. Sobre senhoras e senhores com suas rugas. Enfim, é a ideia de ser positivo em relação ao seu corpo. É deixar para trás aqueles “ensinamentos” de que você precisava se enquadrar no padrão imposto pela moda, pelo universo da beleza estética e assim por diante. Body positive é descobrir aspectos positivos do seu corpo que por muito tempo foram considerados "fora do padrão". O padrão, hoje, é ser diferente.
2. Não é uma tendência.


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O movimento Corpo Positivo não é uma tendência. É uma mudança de paradigma que vem ganhando cada vez mais força, e que não dá o menor sinal de que é algo passageiro ou sazonal. Cada vez mais marcas passam a priorizar a diversidade em seus castings, a numeração nas araras começa a ficar mais democrática e a curva é de crescimento. Portanto, os antigos padrões, aos poucos, vão sendo deixados para trás.
3. O movimento também pode ser opressor.


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Muita gente acaba vendendo o body positive como uma obrigação de estar positivo o tempo inteiro. E não tem ninguém no mundo que consiga isso. E o que acontece? A gente se frustra por não conseguir se amar na diferença, e aciona os gatilhos que nos levaram até o pedido de socorro. Está tudo bem não estar tudo bem o tempo inteiro. Nem sempre estamos felizes e satisfeitos com o que vemos no espelho. E está tudo bem. O que não pode é nunca estarmos bem com quem somos, só se colocar para baixo, e não perceber o seu valor e a sua beleza.
4. A força está na união.


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Somos todos diferentes, mas todos iguais. E o movimento Corpo Positivo mostrou que a diferença, ao contrário do que se pregou por muito tempo, é o que vai nos unir e não o que vai nos separar. Agora somos muitas vozes falando alto fazendo com o que o nosso movimento seja cada vez mais ouvido, respeitado e tenha cada vez mais força. Seguimos em frente, sem a menor chance de dar passos para trás. Ninguém vai nos tirar do lugar que passamos a ocupar.
5. O movimento não começou agora.


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A criação do body positive começou em 1967, com uma campanha contra a discriminação pública de pessoas obesas e a luta por seus direitos. Mais tarde, ativistas começaram a exigir respeito não apenas para pessoas com obesidade até a gente chegar a 2021 falando sobre isso em cada vez mais espaços.