Uma thread no Twitter expôs o racismo entre homens gays no grupo da PAN

Dentro do grupo fechado no Facebook prolifera o humor ácido, mas também um discurso de ódio afiado.

Fakes, fanfics, tours e memes – vale tudo no Fórum da PAN, página que ganhou a internet com suas gírias e expressões sobre o mundo das divas pop.

Para quem não faz ideia do que eu estou falando, a PAN é um fórum público dentro do site Pandlr.com, formado por membros da antiga comunidade Jovem Pan, da finada rede social Orkut. O fórum é gigantesco, tem 15 administradores e páginas no Instagram e Spotify.

Mas um grupo fechado no Facebook também chamado PAN começou a atrair um grande número de membros gays e criou um microcosmo onde prolifera o humor ácido, mas também um discurso de ódio afiado.

O grupo se parece com seu rival LDRV (Lana Del Rey Vevo), um outro fenômeno do Facebook que revelou memes famosos como o da Inbonha e fanfics tão grandes que duraram quatro anos até serem descobertas. Assim como o LDRV, o grupo fechado da PAN tem "eras", ou seja, depois de um certo tempo todo o conteúdo de lá é deletado.

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A maioria dos membros do grupo fechado da PAN é jovem, gay e usa de perfis fakes e do caráter privado do grupo para disseminar comentários e memes racistas.

Reprodução/Twitter

O meme fazendo "piada" com as acusações de que Taylor Swift seria racista (foto acima) foi postado no grupo quando a "era" se chamava "PAN: Vegas e Veganas". Uma outra "era" do grupo chegou a se chamar "Pan: Reich III" e tinha como foto de capa uma montagem da Taylor vestindo uma roupa nazista.

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Renan conta que começou a receber mensagens de apoio por inbox e também prints do que acontecia dentro do grupo. "Foi aí que recebi as imagens dos posts contra a filha do Bruno e da Giovanna".

Reprodução/Twitter

Reprodução/Twitter

As postagens a que Renan se refere são "piadas" sobre a filha dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. Nelas, os membros escrevem injúrias racistas como "já, já tá limpando a casinha da família".

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Outros memes recorrentes, e denunciados por uma outra thread no Twitter, têm como alvo a cantora Beyoncé.

Reprodução/Twitter

Recentemente, alguns perfis identificados como sendo de membros do grupo protagonizaram também ataques racistas às fotos da festa Batekoo.

E as ofensas não param por aí. A gíria "theusa", popularizada dentro da PAN, remete ao caso Matheusa, vítima trans que foi assassinada e carbonizada no Rio de Janeiro.

Reprodução/Twitter

Dentro do grupo os membros fazem piadas com o fato do público de fora não fazer ideia do que a gíria "theusa" quer dizer.

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O Fórum da Pan esclareceu ao BuzzFeed Brasil que não tem nenhum vínculo com o grupo fechado que usa o mesmo nome.

Eles ainda afirmaram que já tentaram denunciar o grupo por usar o nome do fórum e que não apoiam de maneira alguma os ataques racistas organizados em páginas e vídeos na internet.

Você pode denunciar mensagens de ódio (apologia ao crime ou racismo, por exemplo) em locais como a SaferNet Brasil, que recebe queixas anônimas de crimes e violações contra os Direitos Humanos na internet.

O Ministério Público também conta com um canal para denúncias de crimes ocorridos na internet. É importante anexar o maior número possível de provas, como prints e links para perfis dos criminosos.

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