Uma professora universitária usou uma justificativa absurda para explicar o estupro de mulheres negras: "Elas eram mais sensuais"

Não é o primeiro ano que a mesma professora, que leciona Antropologia no curso de Psicologia da Universidade São Judas Tadeu, leva alunos a apresentar denúncias. ATUALIZAÇÃO: a universidade declarou ter aberto inquérito para apurar o caso.

Na noite de quinta-feira, dia 10, o coletivo negro "Enegrecer", da Universidade São Judas Tadeu, publicou no Facebook uma denúncia de racismo contra uma professora de Antropologia.

      

Segundo a nota dos estudantes, durante uma aula sobre cultura afro-brasileira para a turma do curso de Psicologia, a professora teria dito que se estivéssemos na escravidão ela seria uma sinhá, "mas uma sinhá boazinha”. A professora ainda responsabilizou a população negra pela própria escravidão ao dizer que "quando os europeus chegaram no continente, os negros vendiam os próprios negros".

Na nota, eles não citam o nome da professora, mas explicam que desde 2016 os alunos do curso de Psicologia reclamam de algumas declarações da professora em sala de aula.

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Ao notar que alguns alunos concordaram com o que a professora disse, uma aluna saiu da sala, pois estava incomodada com o discurso. Quando ela retornou, a professora dizia de modo pejorativo que religiões de matriz africana "mexiam com magia, feitiçaria e misticismo".

Divulgação / Via Facebook: EnegrecerUSJT

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Essa não é a primeira vez que a professora tem discurso abertamente racista em sala de aula. No ano passado, uma aluna do primeiro ano de Psicologia já havia feito denúncias para a coordenação do curso.

Na época, a assistente da coordenação disse aos alunos que qualquer pessoa poderia ter se sentido ofendido por algo e alegou que isso "faz parte".

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Com base em áudios que gravou em aula, a estudante preparou um relatório contando tudo o que a docente disse e entregou para a coordenação do curso. Estas são algumas das declarações feitas pela professora:

Ela compara mulheres negras e indígenas e diz que as negras eram mais maliciosas.

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Usa a Chica da Silva para comprovar a sua tese e diz que ela era muito feia e maldosa, porém sensual.

BuzzFeed Brasil

Reforça a ideia de que mulheres negras são sensuais mais uma vez.

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E então justifica o estupro de mulheres negras.

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E diz que, na verdade, os portugueses não queriam apenas estuprá-las, já que eles se sentiam atraídos.

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Ela ainda ignora a história e legitima o estupro de mulheres negras porque elas "exalavam mais sensualidade".

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Alguns dias depois do relatório ser entregue, a coordenadora do curso de Psicologia na época, Carla Witter, convocou os estudantes para uma reunião. Carla, que também era diretora da Faculdade de Saúde da Universidade São Judas, sugeriu que fosse feito um evento de conscientização e se comprometeu a apoiar na organização e divulgação da atividade.

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O coletivo Enegrecer organizou um debate com o tema "As Origens do Racismo e Seus Danos Psicológicos" no dia 21 de outubro de 2017. Porém, ao contrário do prometido, os estudantes não tiveram colaboração da coordenação.

Divulgação / Via agendapreta.com

No dia, nem Carla e nem a professora que motivou o evento compareceram.

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Nos comentários, outros alunos se manifestaram a respeito da professora e contaram mais declarações racistas que ela fez em sala de aula.

Reprodução / Facebook / Via Facebook: EnegrecerUSJT

E relataram que que muitos alunos já saíram das aulas dela chorando.

Reprodução / Facebook / Via Facebook: EnegrecerUSJT

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Também criticaram a postura da coordenação do curso e da universidade perante o problema.

Reprodução / Facebook / Via Facebook: EnegrecerUSJT

Eles encerraram a nota pedindo um posicionamento público da coordenação do curso de Psicologia e da Universidade São Judas Tadeu.

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ATUALIZAÇÃO (11 de maio, 16h58):

Por telefone, Rodrigo Neiva, diretor acadêmico da unidade Mooca da Universidade São Judas Tadeu, informou que a universidade abriu um inquérito para apurar as denúncias assim que teve conhecimento do ocorrido. Sobre os acontecimentos dos anos anteriores, o diretor disse que não pode responder porque a direção do campus e a coordenação do curso de Psicologia eram outras.

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