Tudo que aconteceu na política brasileira nesta semana
Uma ajuda para quem está perdido com tanto acontecimento.
A semana começou com o protesto a favor do impeachment no domingo (13), que parte da imprensa chamou de "o maior ato político da história do Brasil".
Paulo Whitaker / Reuters
O Datafolha disse que cerca de 500 mil pessoas compareceram ao protesto em São Paulo, na Avenida Paulista. A Polícia Militar falou em 1,4 milhão de manifestantes. Manifestantes saíram às ruas em 326 cidades em todo o Brasil. Segundo os organizadores, foram ao todo 6,8 milhões de pessoas; de acordo com as PMs, 3,6 milhões.
O perfil do manifestante continuou o mesmo de outros protestos anti-Dilma: renda alta e média de idade de 45 anos.
Na segunda-feira, a Justiça Federal divulgou, na íntegra, o depoimento que Lula deu à Polícia Federal no último dia 4 de março.
Durante o depoimento que aconteceu no dia da condução coercitiva, Lula negou novamente ser dono do sítio em Atibaia ou do triplex no Guarujá (SP). Disse ainda que a investigação era para ele é uma "sacanagem homérica".
No mesmo dia, começaram a pegar força informações de que Lula poderia vir a ocupar algum cargo no governo Dilma.
Ricardo Moraes / Reuters
Falava-se que o petista poderia ir para a Casa Civil, no lugar de Jaques Wagner (o que acabou acontecendo), ou para a Secretaria de Governo, no lugar de Ricardo Berzoini.
Apesar da resistência de parte do PT e dúvidas do próprio Lula, aceitar o ministério daria ao ex-presidente foro privilegiado, o que o protegeria das investigações de Sérgio Moro. Lula, porém, continuará a ser investigado pelo STF.
Na terça-feira, o Superior Tribunal de Justiça manteve a condenação do "japonês da federal" por corrupção.
Giuliano Gomes
O STJ negou parcialmente o recurso de Newton Ishii, conhecido como "japonês da federal". A Justiça Federal o condenou por corrupção e descaminho por ele ter facilitado a entrada no Brasil de produtos contrabandeados do Paraguai.
E veio a público a íntegra da delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que concordou em devolver R$ 1,5 milhão aos cofres públicos.
Ueslei Marcelino / Reuters
O acordo de delação premiada prevê que Delcídio possa continuar como senador e diz que ele só pode ser condenado, no máximo, a 15 anos de prisão.
Em sua delação, Delcídio afirmou que Aloísio Mercadante, o ministro da Educação, teria oferecido ajuda financeira em troca do silêncio do senador petista.
Ueslei Marcelino / Reuters
José Eduardo Marzagão, assessor de Delcídio, gravou conversas que teve com ministro e entregou à PGR (Procuradoria-Geral da República). Segundo Marzagão, Mercadante ofereceu ajuda política e financeira para fazer com que o senador petista não contasse tudo o que sabe à investigação da Operação Lava Jato.
Mercadante afirmou que não tentou impedir a delação de Delcídio e que "trechos do diálogo foram omitidos". Ele isentou a presidente Dilma de responsabilidade e disse que foi conversar por conta própria.
Na quarta-feira (16) acordamos com mais um desdobramento do acordo de Delcídio: a denúncia de a família de Aécio Neves tem uma conta, aberta por doleiros, no paraíso fiscal Liechtenstein.
Ueslei Marcelino / Reuters
Delcídio cita o acordo de Delação premiada a conta da família de Aécio em Liechtenstein -- um minúsculo principado localizado no centro da Europa, encravado nos Alpes entre a Áustria e a Suíça. À Época, a família do senador disse que a conta, com cerca de saldo de US$ 30 mil, tem a finalidade de "prover os estudos dos netos".
No fim da mesma tarde, o juiz Sérgio Moro divulgou grampos de ligações de Dilma e Lula.
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Em um dos diálogos entre Dilma e Lula, a presidente diz que vai receber o termo de posse do novo ministro-chefe da Casa Civil, mas que vai usá-lo "apenas em caso de necessidade". Investigadores da Lava Jato interpretaram o diálogo como uma tentativa de Dilma de evitar uma eventual prisão de Lula pois, como ministro, ele tem foro privilegiado. Dilma afirmou posteriormente que o documento era para ser usado caso Lula não pudesse comparecer ao evento de posse devido a uma enfermidade da mulher, Marisa.
Há ainda outras conversas, como a de Lula com o ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner e com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Na noite desta quarta-feira, com ânimos acirrados, manifestantes foram às ruas em São Paulo, Brasília (DF) e outras cidades contra a nomeação de Lula.
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A Polícia disse que cerca de cinco mil pessoas foram à Avenida Paulista, em São Paulo. Aproximadamente o mesmo número de manifestantes cercaram o Congresso e a Praça dos Três Poderes, em Brasília, diante do Palácio do Planalto.
Na manhã desta quinta-feira (17), parte dos manifestantes seguia ainda na Avenida Paulista.
Agência Brasil
Por volta das 7 horas da manhã, o grupo era composto por cerca de 50 pessoas, mas a expectativa é que o número de manifestantes cresça ao longo do dia.
Por volta das 10 horas, aconteceu cerimônia de posse de Lula como ministro-chefe da Casa Civil. A presidente fez um discurso e comentou o vazamento da sua ligação com Lula.
Evaristo Sa / AFP / Getty Images
O deputado Major Olímpio (SD-SP) gritou "vergonha" e foi retirado da cerimônia pelos seguranças do palácio. Lula assinou o termo de posse e foi aplaudido pela platéia, formada majoritariamente pela base aliada do governo. Dilma fez um discurso, quando disse: "a gritaria dos golpistas não vai me tirar do rumo".
Na ocasião, ela mostrou o suposto "Termo de Posse" que é citado na gravação e que no momento ainda estava sem a sua assinatura. Ela explicou que ele serviria para o caso de Lula não poder comparecer à cerimônia de posse, já que sua esposa está internada no hospital com suspeita de H1N1.
Mas em menos de uma hora após a posse, um juiz suspendeu a nomeação de Lula. O governo avisou que iria recorrer.
Adriano Machado / Reuters
Segundo o juiz Itagiba Catta Preta Neto, há suspeita de que Dilma cometeu crime de responsabilidade. "A posse de Lula oferece risco para as investigações em curso e se trata de uma 'questão complexa'", diz trecho da decisão. Dilma disse que "essas reações eram mais do que esperadas" e só confirmam o acerto da sua posição.
Por volta do meio-dia desta quinta-feira, alguns manifestantes entraram em conflito no protesto da Avenida Paulista.
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E em uma sessão tumultuada, a Câmara elegeu a comissão de deputados que vai analisar o impeachment.
TV Câmara
A comissão será formada por 65 deputados. Embora no papel o governo tenha maioria, na prática há uma divisão equilibrada entre apoiadores e adversários de Dilma.
Na sexta-feira, a polícia retirou manifestantes que ainda bloqueavam a Avenida Paulista.
Reprodução / Via TV Globo
E foi derrubada a liminar que impedia Lula de ser ministro.
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Com a queda da liminar, Lula mantém a posição de ministro-chefe da Casa Civil. Mas segundo a Folha de S.Paulo, tribunais em todo o país já receberam mais de 50 ações com o objetivo de impedir que Lula ocupe o cargo de ministro.