Na tarde de domingo (17), a Anvisa anunciou que estava autorizando o uso emergencial das vacinas Coronovac e de Oxford contra a Covid-19 no Brasil. Finalmente!
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Durante o pronunciamento público, o diretor-presidente da Anvisa fez uma observação importante a todos os brasileiros: "A imunidade com a vacinação leva algum tempo para se estabelecer. Portanto, mesmo vacinado, use máscara, mantenha o distanciamento social e higienize suas mãos".
Logo em seguida, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), deu sua cartada marqueteira e, antes de realizar uma coletiva de imprensa, fez acontecer uma cena que o país todo esperava há meses.
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A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi vacinada com a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac.
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"Mônica é do grupo de risco do contágio do novo coronavírus: obesa, hipertensa e diabética. Mesmo assim, em maio do ano passado, quando a pandemia atingia um de seus picos, ela se inscreveu para vagas de CTD (Contrato por Tempo Determinado). Dentre vários hospitais, escolheu trabalhar no Emílio Ribas, mesmo ciente de que a unidade estaria no epicentro do combate à pandemia. Segundo ela, a vocação falou mais alto. Há oito meses, dia sim, dia não, Mônica sai de sua casa em Itaquera, na zona leste da capital paulista, e leva cerca de uma hora e meia no deslocamento até o trabalho, no hospital de referência para a covid-19 na região central de São Paulo." - UOL
Doria abriu a coletiva alfinetando Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Saúde Eduardo Pazuello: "Hoje é o dia V. É o dia da vacina, é o dia da vitória. É o triunfo da vida contra os negacionistas, contra aqueles que preferem o cheiro da morte ao invés do valor e da alegria da vida.”
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Simultaneamente, Pazuello também iniciou uma coletiva de imprensa. E, num país em que mais de 200 mil pessoas morreram de Covid-19, fomos obrigado a assistir a batalha de ego dos dois.
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"O Ministério da Saúde tem em mãos, neste instante, as vacinas tanto do Butantã quanto da AstraZeneca. Nós poderíamos, num ato simbólico ou numa jogada de marketing, iniciar a primeira dose em uma pessoa. Mas em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros, o Ministério da Saúde não fará isso. Não faremos uma jogada de marketing", disse o ministro.
Enquanto isso, ouvíamos apenas o silêncio ensurdecedor de Bolsonaro.
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Como se não bastasse a trocação de farpas entre Pazuello e Doria, estava rolando no país todo o Enem, que poderia tranquilamente acontecer em maio, mas como o governo gosta de administrar as coisas do jeito mais mambembe possível, a prova foi adiantada para janeiro.
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O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) assegurou que haveria espaço o suficiente para que os 5,7 milhões de inscritos fizessem a prova seguindo as normas de segurança, mas falhou. Resultado: muita gente se deparou com as salas de aula com a capacidade máxima atingida e teve de ir embora pra casa sem fazer a prova.
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Estudantes prestes a fazer o Enem na cidade do Rio de Janeiro.
Mais da metade dos alunos inscritos não fizeram a prova. A abstenção de 51,1% dos estudantes foi um recorde e, mesmo assim, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que o Enem foi um "sucesso".
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Estudantes utilizando álcool em gel antes de entrar para fazer a prova do Enem no Rio de Janeiro
A expectativa para a segunda-feira (18) era grande, já que o Ministério da Saúde começaria a distribuir as doses de vacina entre os estados brasileiros. Mas uma confusão na logística das entregas acabou atrasando tudo e, provavelmente, a vacinação só começa, de fato, na terça-feira.
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