Time de Temer tem sobras de governo Dilma e investigados na Lava Jato

Criticado por falta de mulheres no primeiro escalão, Temer prometeu deter tentativas de enfraquecer caso de corrupção.

Reprodução/Globo News

Michel Temer e o ministério: remanescentes da era petista, investigados na Lava Jato e integrantes da superplanilha da Odebrecht.

Criticado por não ter mulheres, o ministério de Michel Temer é um combinado entre ex-aliados de Dilma Rousseff, citados na Lava Jato e políticos que eram oposição ao PT e se converteram à pregação do impeachment enquanto o governo petista ruía.

No primeiro discurso como presidente em exercício, Temer tomou a cautela de mencionar a Lava Jato, prometendo deter “qualquer tentativa de enfraquecê-la”.

Três citados ou investigados na Lava Jato são do PMDB: o senador Romero Jucá (Planejamento), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Henrique Eduardo Alves (Turismo).

Eles foram citados por empreiteiros como destinatários de propinas destinadas ao PMDB por empreiteiros.

Jucá é investigado em inquérito sobre o pagamento de suborno pela obra de Belo Monte.

Geddel e Henrique Alves são alvo de investigação envolvendo propinas pagas pela OAS, construtora que atuou em obras da Petrobras. Eles negam irregularidades.

Sob Lula, Jucá ocupou o ministério da Previdência e Geddel, o da Integração Nacional. Eles fizeram parte da dissidência do PMDB que apoiou Aécio Neves na eleição de 2014.

Já Henrique Alves foi dilmista até março deste ano: em 2013, ele chegou à presidência da Câmara dos Deputados com apoio do Palácio do Planalto e, a partir de 2015, foi ministro do Turismo.

O governo Dilma teve cinco ministros, incluindo Alves, investigados no petrolão.

Entre os que estiveram no primeiro escalão da era petista, mas não investigados na Lava Jato, há ainda: o Eliseu Padilha, que ocupou a Aviação Civil e agora é o ministro-chefe da Casa Civil, e Gilberto Kassab, ex-titular da pasta das Cidades que assumiu a das Comunicações.

Henrique Meirelles, presidente do Banco Central sob Lula, é o ministro da Fazenda de Temer.

Há 6 representantes na lista da Odebrecht, investigada pelo STF

Da Esplanada loteada por Temer, há seis políticos que aparecem na “lista da Odebrecht”, como ficou conhecido o conjunto de planilhas que listam mais de 300 homens públicos de 20 partidos, relacionados a doações legais e por meio de um suposto caixa dois nas campanhas de 2010, 2012 e 2014.

A lista, que aumentou a temperatura política em Brasília, foi encontrada em março na casa do ex-executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior durante a fase Xepa, da Operação Lava Jato.

Quando a PF anexou os mais de 40 itens que integram as anotações de BJ, como o executivo era conhecido no mercado, o juiz Sergio Moro determinou o envio do material imediatamente ao STF (Supremo Tribunal Federal) por conta da profusão de ministros, senadores e deputados que apareceram na lista.

Aparecer na lista, por si só, não significa que o político tenha recebido dinheiro ilegal. Quarto maior conglomerado do país, a Odebrecht distribuía, a cada eleição, dezenas de milhões de reais.

A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República não tem conclusões sobre o caso.

Do ministério anunciado nesta quinta (12), há seis ocupantes que aparecem na planilha: os tucanos José Serra (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades), o democrata Mendonça Filho (Educação), Ricardo Barros (PP, Saúde), Raul Jungmann (PPS, Defesa) e o peemedebista Osmar Terra (Desenvolvimento Social).

Outros dois ministros não aparecem diretamente, mas tem parentes citados na papelada da Odebrecht: o ex-presidente José Sarney e a ex-governadora Roseana Sarney, pai e irmã do novo ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho; o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, pai do novo ministro do Esporte, Leonardo Picciani.

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