Testamos três modalidades olímpicas "lado B" e contamos para você como é

Badminton, tiro com arco e esgrima: qual o pódio?

Na expectativa pelo início da primeira Olimpíada no Brasil, botamos nosso espírito esportivo à prova em um esforço de investigação e fomos testar as modalidades que recebem menos atenção do grande público. Vôlei, natação ou futebol todo mundo já fez. Mas como amadores mais ou menos sedentários se sairiam em treinos do simpático badminton, do instigante tiro com arco e da chiquérrima esgrima? Aqui está a resposta.

Badminton

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À esquerda, os redatores do BuzzFeed Brasil, Davi Rocha e Susana Cristalli, que testaram o badminton. À direita, o time que treina na escola Neusa Basseto. Dentre eles, dois campeões panamericanos (!!!).

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"Mora longe, Márcio"

Para conhecer o badminton fomos até São Bernardo do Campo, no ginásio da escola Neusa Bassetto, que estava bem animado quando chegamos para experimentar o primeiro treino de nossas vidas.

Assim que nos aproximamos o pessoal da equipe logo nos deu raquetes, e ficamos bem surpresos com o peso delas, que é mega leve. Na verdade fomos descobrindo que tudo no badminton é bem mais simples do que a gente imaginava. O instrutor Manuel Gori, que é presidente da Federação Paulista e joga há 26 anos explicou: “Quem vai para competições internacionais treina até quatro horas por dia, mas se for só para começar, em meia hora a pessoa já está jogando”.

Só isso? Duvidamos bastante mas fomos para a quadra, meio ansiosos pois íamos jogar com o Vinícius, de 17 anos, que recém conquistou o segundo lugar na categoria por equipes nos Jogos Panamericanos.

A surpresa: não nos saímos tão mal

Na verdade não nos saímos tão mal, e o segredo é bater pra cima, pois a peteca – achávamos que ela teria um nome técnico complicado, mas se chama peteca mesmo – é tão levinha que voa lá pro alto. O mais difícil são os saques, porque para bater precisa acertar bem na pontinha de borracha. Deu para fazer alguns papelões, fazendo toda uma pose para acabar batendo no ar, mas o bate bola mesmo fluiu sem problemas, e deu vontade de jogar mais vezes.

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BuzzFeed Brasil, BuzzFeed Brasil

No primeiro gif, o redator Davi Rocha mostra toda a sua classe de futuro atleta olímpico ao rebater a peteca. No outro gif, a redatora Susana Cristalli enverga o corpo para imprimir força e precisão ao movimento.

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Susana: Basicamente meu jogo consistiu em olhar de onde estava vindo a peteca e bater nela com todas as forças com o braço esticado, de olhos fechados. Baita técnica. E mesmo assim rolou relativamente bem e, principalmente, foi divertido! Deu para ver que mesmo sem conhecimento nenhum já dá para sair jogando, não é um daqueles esportes em que o iniciante só faz algo chato e repetitivo. Se não precisasse ir tão longe para jogar sem pagar caro, tentaria de novo.

Davi: Talvez por ser um esporte não muito conhecido, nunca imaginei que um dia na vida fosse jogar badminton! Sério! Fiquei tenso ao saber que ia jogar pela primeira vez com jovens campeões. Eles pegaram leve e alguns minutos depois já estávamos em um pequeno rally e foi muito legal. O instrutor disse que demorava para acertar a peteca, mas nas primeiras tentativas consegui fazer alguns saques. Todo mundo pode jogar por lazer, principalmente quem prefere esportes individuais em vez de coletivos. Eu adoraria jogar de novo.

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Tiro com arco

BuzzFeed Brasil

Nas fotos acima, o redator Raphael Evangelista se revela o novo Legolas da redação.

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Arco e flecha dentro de uma garagem

Esperávamos um lugar especial para o treinamento de Tiro com Arco – talvez um gramado espaçoso dividido por raias, mas no Clube Escola Cambuci, na zona Sul de São Paulo, a prática é feita dentro de uma quadra de esportes normal mesmo e os alvos são improvisados com folhas de isopor empilhadas e cavaletes de madeira.

Logo a quadra estava com quase 20 pessoas, todas com seus próprios arcos. Alguns impressionavam por ter praticamente a mesma altura dos arqueiros que o seguravam. Assim que chegamos, fomos direcionados para o espaço dos iniciantes, bem menor do que a quadra e semelhante à uma garagem.

Quem nunca atirou começa de uma distância bem modesta, algo por volta dos 10m de distância. A competição olímpica é feita a 70 metros de distância, o que significa que você tem que fazer uma quantidade consideravelmente maior de força e até sua respiração influencia na trajetória da flecha.

Você pode até mirar bem, mas sua força pode tremer o arco inteiro

A postura foi bem fácil de pegar: pés paralelos, tronco virado para o alvo, cotovelo alto na hora de atirar. Mas mirar requer uma combinação muito delicada entre concentração e força. "Em cerca de quatro meses, treinando duas ou três horas por dia, o aluno já consegue ir para um nível mais avançado", explica Daltely dos Santos, que já representou o Brasil em competições internacionais e foi técnico da seleção paralímpica de Tiro com Arco.

Daltely, mais conhecido como Café, dá aulas às segundas e quartas, das 20h às 22h, no Cambuci, em São Paulo. Por lá as quatro primeiras aulas são gratuitas e, se decidir ficar, o aulo paga R$ 200 a cada três meses. É bem em conta, mas o custo do esporte pode subir bastante se os aprendizes decidirem comprar os próprios arcos e flechas, que podem passar os R$ 2 mil.

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No primeiro gif, o editor-assistente Alexandre Orrico ganha um look ainda mais hipster com a combinação barba + arco e flecha. No segundo gif, Raphael Evangelista ostenta uma bela pose (que até faz parecer que manja da coisa).

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Raphael Evangelista: Gostei bastante do treinamento de Tiro com Arco. Achei que seria algo bastante complicado, mas que pegando o jeito seria bem legal de fazer. E foi mais ou menos isso que aconteceu. Foi até mais fácil de pegar os primeiros macetes do que eu pensava. Claro que é preciso treinar bastante e acostumar muito, principalmente com a postura na hora de executar as flechadas, mas é algo que eu faria tranquilamente mais vezes, é um esporte bem gostoso de praticar e bem diferente do que brincamos em video game. Suspeito que algumas horas de musculação –principalmente nos braços– me deixariam ainda mais firme para praticar.

Apesar de não termos usado nenhum desses arcos super tecnológicos, que aparecem em Olimpíadas, foi bastante divertido! Senti algumas dores no ombro, mas segundo o instrutor “se tem dor é porque está fazendo errado”. É isso mesmo: quando comecei a pegar um pouco mais o jeito, as dores pararam e os tiros começaram a ser mais certeiros!

Alexandre Orrico: Aprender os movimentos básicos é realmente muito rápido. Foram poucos minutos até que entendêssemos a postura correta para atirar e como puxar e soltar a flecha corretamente. O que é difícil mesmo é mirar. Quanto mais você espera para atirar a flecha, mais seu braço treme e maior a chance do tiro sair uma bela bosta. Então o segredo é saber puxar e soltar no tempo certo, e isso demora um pouco. Gostei muito da primeira aula e tô até pensando em voltar para atirar mais vezes.

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Esgrima

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À esquerda, a sub-editora Clarissa Passos sorri para aliviar a tensão dos inimigos ameaçados por esta pose perigosa. Ao lado, os uniformes e máscaras de esgrima esperam a próxima rodada.

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Uma espécie de xadrez com muito mais emoção

A Academia Paulista de Esgrima fica no primeiro andar de um prédio no Centro de São Paulo, e a gente soube que estava no lugar certo porque através dos janelões de vidro já vimos aqueles uniformes branquinhos pendurados.

O instrutor Alkhas Lakerbai, russo que está no Brasil há 20 anos e começou a praticar esgrima aos 8, recebeu a gente e já de saída mandou essa definição meio assustadora: "esgrima é como xadrez com músculos, na velocidade da luz".

Foi só começar o treino para ver que ele tinha razão. Parecia muito fácil enquanto a gente via os alunos treinando, com os uniformes ligados a um cabo que se conectava a um mostrador – ele serve para acusar de quem foi o golpe e é um sistema bem sofisticado em sua versão olímpica, como você pode ver aqui. Mas foi só começar a praticar para ver que não ia ser em uma noite que a gente poderia sair brincando.

Com seis meses, já dá pra competir!

Segundo o Alkhas, leva uns dois anos para chegar ao nível de competição. Mas outros alunos presentes garantiram que com seis meses já daria para arriscar alguns torneios. De qualquer forma, um mês seria o mínimo de treino para poder duelar com outro aluno. Por isso ficamos só na prática dos fundamentos mesmo.

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Clarissa: Eu sempre achei esgrima tão legal que quando era pequena pegava o coador de suco escondido da minha mãe para botar na cara e fingir ser aquela máscara de esgrimista.

Mas essa porra é difícil para caramba, porque envolve treinar seu corpo para fazer movimentos muito específicos que você está acostumado a fazer de qualquer jeito. Não é só dar um golpe com o florete; tem pontos específicos que marcam TODO o movimento do braço, do ombro ao cotovelo ao punho, até o golpe final, que envolve inclusive um MOVIMENTO COM O POLEGAR (?!). Fora que o movimento da perna é BRUTAL.

Passei alguma vergonha, acalmada pela tranquilidade e experiência do Alkhas, o instrutor, e pelo clima amistoso dos praticantes da academia – inclusive um campeão sul-americano. Me disseram que leva uns seis meses para conseguir segurar bem um combate. Eu praticaria, definitivamente. Não é fácil – mas é bonito e legal demais. Além de ser um puta treino de força, cardíaco e de movimento.

Serviço:

Badminton
Escola Municipal Neusa Bassetto

Endereço: Av. Presidente Artur Bernardes, 55, Rudge Ramos, São Bernardo do Campo

Contato: Manoel Gori (Pres. da Fabesp)

Telefone: (11) 99163-0628

E- mail: [email protected]

Site: www.badminton.org.br

Tiro com arco
Clube Escola Cambuci

Endereço: Avenida Lins de Vasconcelos, 804, Cambuci, São Paulo

Técnico responsável: Daltely dos Santos

Site Clube Ibirapuera Arco e Flecha

Esgrima
Academia Paulista de Esgrima

Endereço: Rua Araújo, 154, República, São Paulo

Contato: Prof. Alkhas Lakerbai

Telefone: (11) 99285-5235

E-mail: [email protected]

Site: www.brasilesgrima.com.br

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